Jogos da Paz?
26-01-2018
O
hóquei quebra o gelo entre as duas Coreias
Seul 25 JAN 2018
O hóquei
quebra o gelo entre a Coreia
do Norte e a Coreia
do Sul em meio à tensão, sobretudo nos últimos meses, por causa
dos programas balístico e nuclear do regime de Pyongyang. Doze jogadoras
norte-coreanas de hóquei no gelo se uniram nesta quinta-feira a suas colegas
sul-coreanas para formar uma equipe unificada, a primeira em quase três
décadas, a fim de disputar a próxima edição da Olimpíada de Inverno na localidade sul-coreana de
Pyeongchang. As atletas começarão a treinar juntas antes da competição, que tem
início em 9 de fevereiro.
As
esportistas, que vestiam moletons com a sigla DPR Korea (nome oficial em inglês
da Coreia do Norte), foram recebidas na cidade de Jincheon, no leste da Coreia
do Sul, com ramos de flores oferecidos por suas colegas sul-coreanas.
“Estou
feliz pelo fato de o Norte e o Sul se unirem para esta competição”, declarou o
treinador norte-coreano, Pak Chol Ho. Uma delegação do Norte acompanhou as
jogadoras e preparará a chegada de outros atletas norte-coreanos que
participarão da Olimpíada de Inverno, segundo informações do ministério
sul-coreano da Unificação.
As 12
norte-coreanas se unirão às 23 sul-coreanas selecionadas para a competição
graças a um recente acordo selado pelas duas Coreias e
pelo Comitê Olímpico Internacional. É a primeira equipe intercoreana desde
1991, quando mesatenistas de ambos os países disputaram um campeonato mundial
no Japão e jogadores de futebol participaram do Mundial Sub-20
em Portugal. A Coreia do Norte, que boicotara a
Olimpíada de Verão de Seul-1988, envia neste ano outros 10 esportistas a
Pyeongchang: três para o esqui de fundo, três para o esqui alpino, dois na
patinação de velocidade e uma dupla de patinação artística.
A
atividade diplomática entre Pyongyang e Sul se intensificou desde que o
dirigente norte-coreano Kim
Jong-un anunciou, em 1º. de janeiro, a possível participação do
seu país nos Jogos. Os contatos civis estão proibidos entre as duas Coreias,
que permanecem tecnicamente em guerra, pois o conflito travado entre 1950 e
1953 não terminou com um tratado de paz, e sim com um simples armistício.
O regime
de Kim publicou nesta quinta-feira um discurso “a todos os coreanos” propondo a
reunificação da península, um objetivo que a Coreia do Norte tentou conseguir
pela força ao invadir seu vizinho do Sul em 1950. “Façamos uma campanha
enérgica para apaziguar as tensões militares exacerbadas e criar um clima
pacífico na península coreana”, diz o texto publicado pela agência oficial
KCNA. É preciso “acabar com os receios e a incompreensão mútuos” e multiplicar
os contatos e os intercâmbios, acrescenta o comunicado.
Polêmica
na Coreia do Sul
A ideia de
formar uma equipe unificada gerou polêmica na Coreia do Sul, onde alguns acusam
Seul de sacrificar o sonho olímpico de vários esportistas do país por motivos
políticos. O presidente sul-coreano, o centro-esquerdista Moon
Jae-In, nunca escondeu sua vontade de transformar o evento de
Pyeongchang nos Jogos da Paz, uma forma de atenuar as tensões entre os dois
países.
Altos funcionários
do Governo sul-coreano avivaram a polêmica ao justificarem sua decisão,
argumentando que a equipe feminina de hóquei já não teria nenhuma chance de
medalha. A polêmica afetou a popularidade de Moon, que atingiu seu menor nível
(60%) desde a posse, em maio de 2017.
Contar com
a presença de uma delegação da Coreia do Norte é “um investimento para o
futuro”, dizem fontes da presidência sul-coreana. Mas muitos analistas duvidam
que esse impulso pacífico dure além dos Jogos, já que Pyongyang afirma ter se
tornado um Estado nuclear de pleno direito.
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