Do Eusko Ikaskuntza
27-04-2018
A pelota basca e sua expansão.
Algumas reflexões
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Soraya Cuellas |
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Em visita no Centro de Estudos Vasco Eusko
Ikaskuntza onde tivemos uma acolhida muito simpática, conversamos
sobre vários assuntos atuais e dentre eles a Pelota Basca (esporte que
pratico). Estávamos ali por ocasião do Campeonato Mundial de Navarra e
durante a conversa comentou-se a matéria de um jornalista que no decorrer do
torneio mundial criticava a questão do nível de alguns países participantes.
Da mesma forma também comentou-se que o País Basco é conhecido no mundo por
duas coisas: a ETA e a Pelota Basca. E é justamente neste ponto que, em minha
opinião, cabe uma crítica. Não me
parece verdadeira a afirmação de que a Pelota Vasca tenha tal dimensão, isto
é, infelizmente, ela está longe de ser assim tão conhecida e se fizermos uma
avaliação real veremos que por mais que se ande pelo mundo são poucos os
países que conhecem e praticam este esporte tão fascinante e que nos une.
Vejamos: na Europa continental se situa a Federação Internacional de Pelota
Vasca e hoje ela conta com 2 países que praticam este esporte: Espanha e
França. Na América, já contamos com um maior número de países praticantes,
que enfrentam problemas devido ao estágio de evolução política e social deste
continente, mas que abraçaram a Pelota Basca com histórias lindas de
emigração do Povo Basco que veio para cá. Como resultado, estamos ainda
carentes de atenção e de participação em torneios internacionais para que não
haja um retrocesso neste intento de difundir o esporte basco na América. É
bastante comum escutarmos a seguinte resposta de pessoas para quem digo que
pratico Pelota Basca: " - .... pelota o que?'' e isto, lhes asseguro,
ocorre em toda a América que hoje conta com um número infinitamente maior de
países praticantes do que a Europa. O mesmo ocorre na Europa! Analisando esta realidade é que questiono a
afirmação daquele jornalista que criticava o nível dos países participantes
do Mundial afirmando que precisariam melhorar seu preparo para participar de
tal evento. Acredito na evolução natural das coisas e países
hoje fracos poderão amanhã tornar-se fortes oponentes aos que hoje gozam das
primeiras colocações. Tem sido assim a História de quase todos os esportes.
Os campeões serão alguns poucos, os outros tantos a estarem ali participarão
dos eventos pela finalidade primeira do esporte ou seja, o congraçamento, a
confraternização e a aproximação de povos e culturas. O público que prestigia
o esporte certamente saberá procurar a partida que lhe interessa assistir,
tendo como opção pagar ou não para ver esta ou aquela partida. É assim em
todos os esportes. No futebol em plena Copa do Mundo de 2002 se pôde assistir
Arábia ( 1 ) x Alemanha ( 8 ) e nem por isso a participação da Arábia foi
menor que a da Alemanha ou qualquer outro país que ali esteve: com orgulho a
FIFA exibiu os seus participantes. Voltando à nossa Pelota, para sua evolução é
muito importante que se possa participar de eventos desta grandeza, pois os
atletas ao voltarem aos seus países voltam sem medalhas mas com o maior
prêmio que um esporte pode lhes proporcionar que é o contato humano, as
relações interpessoais e mais conhecimento técnico para a evolução do esporte
em suas casas. Lembro-me bem de participar de um Pan-Americano
de Badminton (esporte que também pratiquei ) há muitos anos atrás defendendo
o Brasil e fomos então derrotados pela superioridade enorme de meus oponentes
. Desconsolada saí da quadra e assim fiquei até escutar uma musica que dizia:
"Não há que chegar primeiro mas há que saber chegar". Passaram-se
os anos e hoje meu país é o melhor da modalidade na categoria juvenil e o
terceiro da América e aquela humilde participação foi na verdade uma grande
contribuição histórica para que hoje conseguíssemos este resultado. Com
trabalho e muitas participações iguais às minhas, fomos crescendo e crescendo
e no calor destes relacionamentos pudemos encontrar cada vez mais o caminho da
evolução técnica. Senti naquela crítica dura a estes países e que
muitas vezes vem participar de campeonatos internacionais enfrentando
dificuldades as mais diversas, uma certa falta de visão da realidade da nossa
pelota e precisamos, isto sim, se desejamos que este esporte cresça, destes e
de todos os países que queiram participar e deveremos recebê-los de braços
abertos porque está neles o futuro da pelota exatamente porque está nas
relações pessoais o desenvolvimento natural deste esporte e não no nível
técnico de um ou outro país. Precisamos que ela seja difundida, que seja mais
praticada e o melhor nível virá com o decorrer dos anos. Com o passar dos
anos novos países chegarão e então devemos ser tolerantes e recebe-los de bem
porque assim caminharemos para o que almejamos: a Pelota Basca ser um esporte
olímpico para o que se exige primordialmente um numero maior do que o atual
de países praticantes. Se o nível hoje é baixo, então é esta nossa realidade,
e se pensarmos objetivamente mais grave do que nosso nível é a quantidade de
países onde se pratica o esporte e então surge o paradoxo seguinte: na Europa
, onde o nível é fantástico, apenas 2 países jogam !!!!! Fui a primeira mulher a participar de uma reunião
de Pelota Basca internacional e naquela reunião foi aprovado que a
participação feminina passaria a valer medalha pois até então não era
reconhecida ! Pois bem, passaram-se os anos e neste último campeonato tivemos
com destaque a participação do Peru que contava com unicamente uma equipe de
frontenis feminino. Então eu pergunto: se dependêssemos hoje de um país para
completar a exigência olímpica numérica de países praticantes da Pelota
aquela equipe feminina seria uma parcela importantíssima para que atletas do
nosso esporte pudessem participar deste evento que é o maior sonho de um
esportista na Terra. Vejam a importância de uma participação, independente do
seu nível porque sem esta e outras, aqueles de nível superior, não poderiam
estar em uma Olimpíada. "É a história que não se escreve", uma vez
me disse um amigo cientista político cubano; pois eu hoje penso e digo: ''Há
que se escrever'', porque sem uma auto crítica explícita não se chega a
nenhum lugar, não se cresce, ficamos preocupados com nível técnico quando
este nível é resultado e é a síntese de uma evolução. Aceite Sr. Jornalista o
nível técnico baixo destes países porque esta é a realidade do nosso esporte
e para que possamos crescer é necessário que saibamos chegar,
independentemente de chegar em primeiro lugar. |
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