Estilhaços
Nesta quinta-feira, seis de abril, na Livraria Cultura, Marcelo Backes lançou Estilhaços, seu primeiro livro pela Editora Record. O sub-título “Minigâncias, Digressões e Batocaços”, especialmente pelos “Batocaços”, já anuncia do que se trata, sendo o autor muchachinho da Linha Paca Norte, oco das Missões, com três anos de seminário nas costas (pisas e pisas de silício só pelos maus pensamentos e a manipulação diária) e seis de doutorado na Alemanha, país – ninguém o ignora, Ballack é o craque do time – bárbaro.
Comprem, sai quase de graça, e a Cultura envia por SEDEX (serviço confiável daquele órgão da CPI), porque o livro não é só uma capa chique (o autor repudia veementemente quando o acusam, a exemplo da Gisele, de ser apenas “mais uma carinha bonita”). O livro não é só uma capa meio afrescalhada de relevos, arcoirisada de, por assim dizer, bandeirolas, com destaque para a letra “H”, comovente homenagem a seu ídolo (ainda mais agora, que ambos residem no Rio de Janeiro), o Ney, claro, que despertou no então menino do interior (com o hit “Homem com H”) o gosto pelas artes, “H” da capa em cintilante e adequado Fanta Uva. E da lombada nem falamos, totalmente in!
O livro, como dizíamos, não é só escrínio. Longe disso, tem fulcro – muitos miolos, ao contrário das várias publicações de gaúchos ultimamente, sem um único.
A seguir, alguns estilhaços.
Dos Conceitos Mais-Que-Perfeitos:
Aforismo
Cacos de vidro
saltando do lápis...
O epigrama...
é a lírica
da cólera.
De Da observação da vida lá fora... e da alma aqui dentro:
Campina das Missões ou Homenagem amorosa à pátria
Não é por ter nascido no chiqueiro
que o potro vira porco...
Sobre Lya Luft e a lista de mais vendidos em geral
Tom Waits
– eu choro, choro, choro,
e ele canta meu paraíso perdido –
não toca na MTV...
Enxaqueca
Jamais pensei que o inferno fosse tão pequeno a ponto de caber em minha própria cabeça...
E tem ainda outros miolos: Glossário de Nomes que São ou Estória Onomástica de Anharetã (trama policial que desvela-se à medida em que as personagens por trás dos nomes nos são apresentadas), Líricas, Pílulas para viver pior ou Manual de sobrevivência para o século XXI, Pequeno dicionário nostálgico do meu futebol missioneiro, Pescando em lago alheio... e pondo molho backesiano ao peixe, Do ofício e de seu mestre ou paralipômenos à crítica.
Uma lírica:
Império dos sentidos
Dói tanto ver!
Quem menos ama
tem mais poder...
Outra lírica:
Amar é...
...comer a mulher,
mesmo quando
ela não quer...
Uma pílula:
Da dessacralização do amor mítico
Sorte no jogo, dinheiro para o amor...
Outra:
Da alimentação e da importância do protesto
Em boca fechada não entra comida...
Um verbete do dicionário futebolístico:
Bola – Qualquer coisa, de forma arredondada ou não, capaz de ser movida através de um impulso oriundo da extremidade unhosa dos membros inferiores. Nos primórdios do meu futebol missioneiro, bola de meia era luxo, limões vinham bem a calhar no pátio da escola e um recipiente de q-boa era o mesmo que felicidade, um sinônimo perfeito de alegria.
Um paralipômeno:
Manual de caçador
Às vezes a gente tem que dar um susto no jacu para enxergá-lo. Tanto maior é a glória de abatê-lo em pleno vôo.
Ou seja: o livro é inteligente, irônico, inspirado... (e merece muitos outros elogios, pois põe os pingos nos iiiiiiiiis do panorama literário).
Do lançamento
Pouquíssima gente para a magnitude do evento, o que confirma muitos dos trechos do livro, ácidos para com certa edulcorada intelectualidade (não só de Porto Alegre, felizmente, assim podemos repetir que “a boçalidade é universal”). Mas, dentre os poucos, alguns digníssimos:
Sergio Faraco (maior contista brasileiro, alegretense dos quatro costados),
Eduardo Lanius (melhor crítico literário do Rio Grande do Sul e, por conseqüência, do Brasil),
Milton Ribeiro (reconhecido pelo próprio Backes como “o melhor leitor não profissional do mundo”),
Fabrício Carpinejar (melhor e mais vendido poeta brasileiro da atualidade),
Monique Revillion, que acaba de lançar seu livro de contos Teresa, que esperava as uvas (estréia, segundo o Lanius, excelente),
Elisa Henkin, do IEL (entidade que ajuda a engrandecer com sua competência – aguardem o próximo número da Arquipélago!!!!),
a Alda (ex-esposa do autor, que volta aos pagos e pensa em traduzir e dar aulas particulares de alemão e francês – já tem gente na fila)
e os demais alegretenses (estrelas em qualquer quadrante),
Virgínia do Rosário (autora de Serves a quem?..., crítica aos textos utilizados em sala de aula, pelo título já se vê que é coisa boa),
Marcelo Marimon Gonçalves (poeta, presente na coletânea Tubo de Ensaio, outro lançamento do Instituto Cultural José Gervasio Artigas),
Isabel bicca de Queiroga (arquiteta, vencedora do Concurso de Poesia Antônio Milano, há alguns anos, atualmente dedicada à profissão)
e Ayda Judith Bicca de Queiroga (musa deste que vos fala – e basta!).
O bate-papo entre o autor e o apresentador do livro Fabrício Carpinejar (na ocasião, a orelha é de Flávio Tavares), foi muito bom, solto, amigável.
Quanto ao local, que me perdoe o Lanius, mas tem razão a Virgínia, “tem tudo, parece um supermercado”.
Inclusive, o da La Pandorga e a do Durasnal retiraram-se do recinto um pouco antes que os demais por absoluta falta de ar.
Enquanto ela acendia o cigarro e, pronto, já respirávamos melhor, eu acrescentei: “Um supermercado, de fato. Banaliza o livro”. (Quem quiser, pode reproduzir nossas opiniões em algum trabalho acadêmico, desde que citem a fonte.)
E foi isto. Não percam as fotos.
Queiroga, faceiro com seu livro (como lambari na sanga)
O autor e Queiroga, em outro flagrante interessantíssimo
Queiroga e seu livro!!!!!
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QUEIROGA, José Carlos de.
Quando Cicciolina casou, tentei me matar. Alegrete/Porto Alegre, Instituto Cultural José Gervasio Artigas / Ed. Palmarinca, 2005.
Formato 11 x 18 cm, 80 p.
(CRÔNICAS) |
Boçal e Soberano
Don Canuto Chili
Trata-se de um apanhado de crônicas, dentre as tantas que o autor publicou em jornais da região desde o início da década de 80. De graça, diga-se. Jamais conseguiu viver do seu ofício. Aliás, que ofício? Escrever é ofício? Então pensar também é, e outros prosaísmos, como coçar o couro cabeludo, chutar o balão de couro... (Sussurram-me que chutar não só é profissão como rende milhões. Bueno. Antigamente, se jogava com bola de meia...)
As crônicas são de cinema (e esses termos estrangeiros?! Uma hora assim, outra assado... Não há critério?!...). Quer dizer: mais ou menos. Sempre de quina, foco que o pretensioso julga mais estimulante, chegou a me dizer que “propicia a quem escreve e a quem lê o exercício do voyerismo, que é o que nos une a todos, amantes da sétima arte”. Imagina!... Com a minha idade, se vou me dar ao desfrute...
“Cicciolina e muitas outras igualmente belas, estrelas que são, iluminam nosso depauperado sonho...”, acrescentou ele, e então pensei na Solange, que fica tomando banho de chuva no meio da rua, louquinha da silva, jura que é pára-raio. Não... Totalmente fora da casinha...
Por isso, calo-me. Fala, William Saroyan:
“Quem mexe com palavras tem muita responsabilidade. Não quero dizer a coisa errada. Não quero parecer esperto. Tenho muito medo disso. Nunca fui esperto em toda a minha vida e agora que trabalho em algo ainda mais magnífico que a própria vida, não quero escrever uma única palavra falsa. Há meses que venho dizendo para mim mesmo, ‘Você precisa ser humilde’. Decidi que não perderei meu caráter.”
Caráter, não se sai anunciando a perda na rádio. Há muitos por aí com a desculpa pronta: achado não é roubado.
Boçal e Soberano
Don Bagayo y Balurdo
Dialoguemos. Camilo José Cela:
“Há parvos com sorte e parvos em desgraça, isto acontece desde que o mundo é mundo e acontecerá sempre. Roquinho Borrén, parvo em desgraça, foi posto por cinco anos em um baú, para que não incomodasse ninguém. (...) A mãe de Roquinho Borrén acha que os parvos não sentem nem sofrem.”
Data venia, o amigo é um Roquinho. Com sorte, todavia, que já estou entrado em anos, donde não há retorno. Grande erro cometi, aniversariar, se não canto o Parabéns... Ainda assim, a Doroti espera-me perfumada todas as quintas-feiras e, quando vou a Buenos Aires, tenemos (nosotros) una putana por nome Milagros...
A receita: pega a cobra mansa (tirada do interior do pombo virgem que a engoliu) e seca sua cabeça nas brasas. Junta ao coração do pombo, pisa na mistura e guarda o resultado em um frasco novo. Melhor efeito se, tendo um resto de pó nas mãos, pronunciares: “Izolino Belzebu, canta, galen-se chan-do, próprio xime é goloto”.
Assim, caro Roquinho, obterás o amor de uma mulher, e das inescrupulosas de que andas precisado. Estando conservado o pó do frasco, a terás inteira. Interessante precaver-se e levar no bolso um outro pó, para ser usado em casos fortuitos ou de força menor, naqueles momentos de grande aflição de que todos nunca estamos livres: o pó de ouro. A fórmula básica: argente vivo, azougue e Resch. São Cipriano é tiro e queda. Lembra que castigou o cão com cinco mil varadas, e das varas boleantes.
Quanto ao livro, recuso-me a comentar aquilo que, sem bifocal (a estabanada da Shana!), não li. Ademais, os elefantes são por demais sensíveis.
Boçal e Soberano
Don Virrey Revire
Criatura de Gepeto, Pinóquio, ao contrário de todos nós, que de Eva nascemos, mãe prestimosa, tem umas que dão um monte de filho, mas, como Eva, não há notícia... Porque Gepeto era um carpinteiro, como o Ungido, mas não fosse a Fada, Pinóquio não mentiria, enquanto que nós... Tenho notado que cada vez há mais narigudos na rua. É narigudo pra tudo quanto é lado, e enxeridos, metendo o bedelho, folga, no nosso dentro. Eu já nem me olho no espelho, facilita...
Mas este rapaz, pra rapaz já não serve e continua a agir feito um. Acha – repito Don CC – que bater à máquina é profissão. Mudou a máquina, mudou o mercado: quem exige datilografia como requisito empregatício?
Hoje, sem um bom Quociente Emocional, nem inglês resolve, quanto mais curso de madureza!
Por isso, não canso de repetir: crônica é que nem poesia, não enche barriga. Tardes mortas, sim, e noites baldias, mas jamais, inteiros, os dias.
E é como diz o outro:
“Coitado, pobre de mim,
Nunca tive Marilyn.
Só em sonho e sonho não conta
Quando o negócio é de monta.”
Crônica Exemplar
Rir
Fixei uma data que aconteceu só em Hiroshima, Japão: 6 de agosto de 1945. A bomba matou 119 mil pessoas e feriu outras 79 mil, sem contar, porque são incontáveis, os que continuaram a morrer anos afora e as seqüelas mortais deixadas nas gerações seguintes. A bomba matou mais do que os nipo-terremotos e os épicos do Kurosawa.
“Ainda vamos rir juntos disso”, teria dito uma das vítimas para a outra milésimos de segundos antes de desintegrarem-se. E quando vemos todos bem – Kamikase, Akokada; os gêmeos Uaukitoki e Uaukimen, o grande; a vó Kutuka, mãe de Kasako, linda esposa de Kueka, pai do nissei Samba-Canção... –, quando vemos todos bem, não resistimos e rimos à toa, sonhando que a vida pode mais que a morte.
(Assim pensamos enquanto estamos vivos e podemos ser generosos, abraçar conceitos latos que nos incluam. Depois de mortos, nos tornamos mesquinhos e perdemos a paciência com o viço irresponsável da humanidade. É o pouco que sei.)
Emmanuelle Riva e Eiji Okada em
Hiroshima, Mon Amour (Alain Resnais)
MÍDIA (lançamento em POA)
ONG de Alegrete toma
Feira do Livro da capital
Nos últimos 10 dias da Feira do Livro em Porto Alegre, o Instituto Cultural José Gervasio Artigas parece que ocupou todos os espaços disponíveis no maior palco da cultura latinoamericana. Teve quem fez beicinho, “Esses bacudos!”, mas nem ligamos, mantendo a proverbial superioridade da terra de Quintana e Faraco.
Pra começar, a tarde do dia sete último concentrou os nove lançamentos da Coleção Alfonsina (y el mar), reunindo, entre onguistas e exilados da pátria, mais de 100 pessoas, como formigas atrás de doce, no entorno do local dos autógrafos. O pessoal da organização complicou-se deveras, mas ralhamos com eles, ameaçamos com varinhas de marmelo e recolheram-se ao seu coadjuvantismo servil. Sotretas!
Estiveram lá, só para deixar uruguaianense com raiva: Sérgio Faraco, maior contista brasileiro, Adão Vilaverde, deputado, Eduardo Lanius, jornalista cultural, Nóia Kern, diretora do setor de literatura da Casa de Cultura Mario Quintana, Carlinhos, líder da banda Bidê ou Blade, Jorge Moojen, do Instituto do Patrimônio Histórico da União, Cajinho Moojen, arquiteto e escritor (seu livro sobre patrimônio integrará a próxima coleção da ONG), Fernanda Fontecilla, cientista política chilena (nova integrante do Instituto), André Mitidieri, escritor, Adeítalo Pinho, doutorando em literatura, Marcelo Rocha, doutorando, professor da Urcamp, Marco de Araújo, artista plástico, professor da UFRGS, João Otavio Marques, executivo do programa Luz Para Todos, Marcelo Gonçalves, diretor da APTCEF, Fernanda Reche, jornalista e empresária, Jesus Mulazzani, engenheiro e empresário em Canela, Cleneir Florindo, acadêmica de letras na UFRGS... E por aqui paramos porque cansamos. A bicha dobrava o pavilhão. Foram vendidos livros à tripa-forra! Rui Gonçalves, da Editora Palmarinca, co-responsável pelos lançamentos, entende que foi “Um acontecimento. As pessoas de Porto Alegre não imaginavam que uma cidade pequena do interior tivesse fôlego para tanto”.
Sérgio Faraco, igualmente impressionado, declarou ao repórter de Novo Hamburgo, Laerte Dornelles: “Tanto a revista como os livros me surpreenderam. Não imaginava que a Tudinha fosse tão boa, tão criativa, não por duvidar da capacidade de quem a faz, mas por achar, equivocadamente, que a cidade não comportava empreendimentos de maior vulto e, por isso, mais dispendiosos”. E assim, cumprimentou a todos pela empreitada.
Não alheios ao barulho do tropel alegretense, a TV E e a Rádio Gaúcha contataram a ONG para que ocupasse alguns dos seus horários mais nobres. Assim, Ana Christello e Lucas Christello Mulazzani, designados para a tarefa de relações públicas do Instituto, apareceram no Programa Radar, da TV E e no Programa do Rui Carlos Ostermann, diretamente do estúdio que a emissora arma na Feira, uma caixa de vidro elegante que junta carradas de gente em volta, dando maior visibilidade ainda aos entrevistados.
Em ambos os programas, deu a lógica: mãe e filho ofuscaram todos os outros participantes, alguns, inclusive, medalhões da cultura da metade norte, gente podre de empafiosa. Adiantou? Que nada! Quebraram o corincho. A Aninha, com sua loqüacidade objetiva, discorreu sobre a idéia do Instituto, de pronto entendida no seu alcance e elogiada (pois que é de doer de boa!); o Lucas, falou sobre suas leituras, sobre como chegou a editar seu livro de estréia; o Rui babando (do repórter da TV E, nem se fala, mais jovem e tal, ficou meio abichornado, sem palavras diante da magnitude do todo artiguista). Dava pra ver, ouvindo, que o Rui estava babando ao ler alguns dos poemas do guri, nosso orgulho.
Luciano Lopes, da Atlândida FM, entende que o Instituto “é o maior empreendimento cultural da Metade Sul, ao menos desde que me conheço por gente. Impressionante. Realmente impressionante.” Fernanda Cardozo, jornalista free de Santa Maria, cobrindo a festa para alguns veículos do Alto Uruguai, fez coro: “Impressionante. E olha que eu venho de uma cidade universitária!” Isto é, Fernanda sabe o que é bom. Eliane Rubim, acadêmica de filosofia e uma das autoras, responsável por atividades de sucesso em Pelotas, anuncia que: “Isso não é nada. Aguardem a entrevista que farei com o Ramil”. E refere-se ao Vítor, hem!?, não à dupla gosmenta.
Não pensem, todavia que a ONG agora entra em férias. Não! Fez-se retumbante encontro em Manoel Viana, servindo de anfitrião o professor Éden Caldas, mui querido dos alegretenses que conviveram com ele no Curso de Letras da antiga Fundação Educacional. Nos próximos dias, Quaraí/Artigas, Uruguaiana/Libres, Salto, cidade uruguaia de grande tradição cultural (terra de Horacio Quiroga) e mais inúmeros frente-a-frente com estudantes das escolas públicas de Alegrete. “Ano que vem”, promete Amália Leites, a presidente da ONG, “começamos o ano já com várias oficinas e serviços culturais à disposição da comunidade”.
Queiroga,
Irmão Rovílio (Patrono da
Feira), Sila e Virgínia
(a máquina digital não era lá essas coisas, então que a foto sai meio pitoca)
Sergio Faraco,
grande nome
das letras
nacionais (e alegretense
de carteirinha)
Queiroga (onipresente, e
sempre com a mesma camisa, relaxado!), Adeítalo e André Mitidieri, os últimos, Mestres, doutorandos em Literatura (a digital...)
O exibido e Nóia Kern, da Casa de Cultura Mario Quintana (que, aliás, era alegretense)
O autor e Cajinho Moojen, arquiteto (com livro pronto
sobre Patrimônio Histórico)
O autor e a chilena Fernanda, cientista política, nova
companheira de José Artigas
Totoca Dornellles (jornalista)
e Carlinhos,
da banda Bidê ou Balde
Fernanda Cardozo e Queiroga (notem a cara de nojo da moça.
É jornalista, historiadora e agora inventou um mestrado – ninguém agüenta)
Gilmar, Virgínia (que, quando moça, deve ter sido bem
bonita), com a mimosa Taís e a sogra da Denise
Gilmar, Virgínia, Taís e Jorge Moojen, sempre presente
Cabo Marques, engenheiro do Programa Luz Para Todos, e Sila Bicca, autografando
Santiago Grillo, artista plástico e webdesigner, também deu uma fugidinha para fazer festa com a turma do Alegrete
Sila, Marcelo Gonçalves
(o Gordo) e Fernanda Reche, empresária (do Gordo, nos
torneios de sumô)
O Gordo levando um papo numa boa com a presidente,
Amália Cardona Leites
O grande meia-esquerda Toninho Mulazzaina desceu de Canela para o evento
Eliane Rubim e o Buda (recém descido do Nirvana, Mariano Pinto onde reside)
Aninha, Lucas e Beatriz com Rui Carlos Ostermann. Aninha e Lucas arrasaram
no programa
do dia 08/11
Aninha Christello e Lucas,
dando uma canja para o pessoal da TV E
MÍDIA (repercussão em Alegrete)
ONG José Artigas
lota salas do MAARA
Dia 11 de outubro, lá pelas 19h30min, começou a juntar gente numa das esquinas da praça Getúlio Vargas, em Alegrete. Terra vaqueana em revoluções, pensou-se: “Oba!” E, de oba em oba, formou-se uma multidão. Mais de 200 pessoas tentavam entrar no Museu de Arqueologia e Artes de Alegrete para presenciar o lançamento oficial do Instituto Cultural José Gervasio Artigas. Mas, do empurra-empurra, todos se salvaram, graças a Deus!
Gente (e não de matéria-plástica!) |
O José Artigas é uma entidade não-governamental que busca a aproximação entre gauchos e gaúchos, rio-grandenses, uruguaios e argentinos que beberam e bebem da mesma cacimba, gente nitidamente original, no contraste com esses de matéria-plástica das metrópoles. Os professores Carlos Roberto Leães e Vera Álvarez da Cunha foram os anfitriões do evento, um sucesso, por todos os ângulos que se queira olhar. Só para darmos uma idéia, em contraponto aos faceiros que participaram da festa, boas dezenas de invejosos, talvez mais de centena, mordiam-se escondidos nos cantos escuros da sordidez. O pessoal do Instituto até pensou em encomendar antiofídicos, mas Laerte Dorneles, um dos presentes, cartesiano, disse: “Não”. E, como está com quase 150 quilos, todos os demais assentiram.
O casarão da praça reuniu o lançamento com sessão de autógrafos de nove livros de autores locais, que constituem a Coleção Alfonsina (y el mar), a distribuição da Revista Tudinha, órgão de divulgação do Instituto, e uma exposição de pinturas.
Super eclética, como a Alfonsina da qual empresta o nome, a coleção tem o Tubo de Ensaio (prosa/poesia), Antologia da Oficina de Literatura do Colégio Estadual Emílio Zuñeda; Ruído (poesia), de Amália Cardona Leites; Nadar de costas (poesia), de Ana Christello; O não-dito (poesia), de Eliane Rubim; A velha do gato (prosa/poesia), de Lucas Christello Mulazzani; Pasto (poesia), de Russel Vaz Moraes; Carpintaria e outras farpas de pelúcia (prosa/poesia), de Sila Silveira Bicca; ...Serves a quem? (análise da ideologia de textos gramaticais), de Virgínia do Rosário, e Quando Cicciolina casou, tentei me matar (crônicas), de José Carlos Queiroga.
Queiroga, editor da Coleção, destaca o livro de Lucas Christello Mulazzani, “muito melhor do que os caça-níqueis que alguns barbados fazem para as crianças, confundindo-as com retardados”. Mas enfatiza a qualidade do conjunto: “É que nem escola de samba, acaba impressionando mais o conjunto, mas, percebam, o Conselheiro Acácio já dizia, qualquer conjunto é constituído de partes e aí é que fica o busílis”. Arli Rubim, vice-presidente do Instituto, concorda e vai além: “as partes, inclusive as pudendas é que constituem o todo”. De fato, não há como negar.
Tudinha é o nome dela, em homenagem à Tudinha, heroína de O negro Bonifácio, conto de Simões Lopes Neto que acaba com a castração do dito-cujo pela dita-cuja. Além de bom, o texto serve de alerta aos varões.
O número inicial tem de tudo, até coisa ruim (que nenhum dos membros quis apontar, temendo magoar a si próprio, que, todo mundo sabe, é a maior das feridas). De bom, as entrevistas, com destaque para a do escritor alegretense Sergio Faraco e a do músico Marcelo Yuca, além dos textos acadêmicos e das reportagens de viagem. A matéria de Adriana Veríssimo, relacionando o bom entendimento entre as crianças e o cavalo crioulo também foi bastante elogiada.
A partir de 2006, a revista será trimestral, e, a julgar pelos textos que já estão chegando, a número um superará por focinho a número zero. Contentem-se com esta, todavia, pois a próxima só em fins de março. (Da exposição de pinturas, falamos na pasta Borrões – e calha o nome!)
O Museu abarrotado (foto Marco Santierri)
Carlos Roberto Leães (à direita), o anfitrião, Diretor do MAARA,
e nossa presidente, Amália Cardona Leites, prestes a ter um ataque
Grupo atento aos discursos (breves e belos) feitos no MAARA. Destaque para a mocinha do meio, com vestido de cigana, Isabel Queiroga, arquiteta, e para a escritora Vannice Arraes Ramos, bem à direita
Blanca Queiroga, cantora vinda de Porto Alegre especialmente para interpretar, de Félix Luna e Ariel Ramírez, Alfonsina y el Mar
Autores autografando: Zezinho, Aninha, Lucas, Sila e Eliane
Liliane e Arli (no mercado persa)
Grupo sorridente na Livraria Café com Letras. Da esquerda para a direita, sentados: Fernando Pérez, Aninha Christello, Amália Leites, Virgínia do Rosário, Eliane Rubim e Zezinho Queiroga. Em pé: Angélica Pessoa, Russel Moraes, Arli Rubim, Sila Bicca e Gilmar Martins
(Foto Marco Santierri)
Ambiente de livraria: finalmente Alegrete tem uma, de LIVROS!
(Foto Marco Santierri)
E A ONG NÃO DEIXA A PETECA CAIR
ONG de Alegrete ultrapassa
fronteiras regionais e nacionais
em seus lançamentos
O Instituto José Artigas, depois de dar de relho na concorrência em Porto Alegre (quem ouviu o programa do Ruy inteiro no dia em que a Aninha e o Lucas lá estiveram deve ter ficado com ao menos duas idéias na mente: 1) “que coisa linda esse pessoal do Alegrete está fazendo, e como são bons esses dois”; 2) “meu Deus, é de constranger a limitação desses outros da capital e, em contrapartida, cheios de si... aquela, só mia, e a outra...”), de relho! De vir à lembrança o poema do sapão tanoeiro, e isto que ainda estamos no início do século, certo, mas de outro século, outro milênio.
Mas não gastemos pólvora em chimango |
Logo após Porto Alegre, foi a vez de Manoel Viana, cidadezinha pequenina à beira do Ibicuí, que tem praias mais aprazíveis que as de toda a costa do litoral gaúcho, incluindo Torres, e as de muita enseada catarina, aqueles matos do Ibicuí, aquelas areias finas, só quem nunca viu pra duvidar... Cuê puxa!... Então que, em Manoel Viana, o professor Éden Caldas montou toda uma estrutura para receber a ONG, em um evento que contou com a presença de autoridades locais e de vários alunos das escolas interessados em conhecer o trabalho do ICJGA e os livros da coleção.
Porque, tomem tenência, não é por ser novo e tal que o município vai deixar de perceber quando a coisa é boa. Ao contrário: por novo, não tem os vícios dos antigos (e, cá entre nós, o que têm de viciosos alguns desses antigos, quanto maior, pior, mais risco de ser coalhado de gringo). Uma beleza! Vamos voltar ano que vem, e com oficinas fixas. Aguardem.
Oswaldo Aranha honra Oswaldo Aranha |
De volta ao Alegrete, e seguindo com seu objetivo de realizar eventos com autor-presente nas escolas, a ONG esteve no Emílio Zuñeda, Lauro Dornelles, Divino Coração e Instituto de Educação Oswaldo Aranha. Deste último, recebeu a maior homenagem prestada até agora a um de seus autores, quando alunos de 5ª a 8ª séries apresentaram vários projetos baseados no livro destaque da coleção, o do jovem Lucas Christello, A velha do gato. Houve desde teatro com encenação dos contos e declamação dos hai-kais até a entrega de um livro feito pelos próprios alunos ilustrando as histórias de Lucas. O empenho e a dedicação da direção, professores e alunos neste evento demonstra um trabalho de verdadeira valorização do que é da terra, de seus artistas e de suas iniciativas – digno do ilustre que dá nome à escola.
Na próxima semana, o ICJGA estará presente na Feira do Livro de Uruguaiana e na 9ª edição da Redota, festividade uruguaia realizada na cidade de Salto que relembra o êxodo de José Artigas e seu povo. Em breve, projetos novos serão formatados, para começar o ano com vários serviços culturais à disposição da comunidade.
Autor-presente na Escola Lauro Dornelles: pela atenção da gurizada, dá pra ver que gostaram
E não só a gurizada gostou: Amália, Lucas e Aninha, cercados pelas duas “profis”
responsáveis pelo encontro, canjicas à mostra
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