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Tudinha e Cangaya
no MAARA

Nesta terça-feira, dia 05, às 20h30min, o Museu de Arqueologia e Artes de Alegrete (MAARA), mais uma vez abre suas portas para o Instituto Cultural José Gervasio Artigas. Tênquiu, Bebeto. Desta feita, para o lançamento da edição de 2006 da revista cultural Tudinha, esta maravilha (a décima do mundo, pois a oitava é a própria personagem do Simões, não se discute, a nona é a Scarlett Johansson, não se discute, então...). Para a Tudinha e para Código Da Vinci: a vingança de Cangaya, novela satírica de José Carlos Queiroga, este avô de 48 anos com mentalidade de cinco, todo mundo vê como brinca lindo com o neto mais novo, que tem três, e o neto ganha todas dele.
A revista vem faceira (acima, o arremedo da capa), toda retovada, como saída do Pitangui, “minhon” e tudo, como o filé e a Brigitte. Conhecem a Brigitte? Pois nos anos 60, as famosas não precisavam morrer de fome por um punhado de dólares, e elas tinham carne de verdade (e nem estamos falando das opulências italianas), porque era só no que a gente pensava no banheiro, quando pensava nelas, tomando banho, demorado, as manas batendo, e nós lá, a BB, bá! Hoje? Hoje, abb é nome de clube.
Vem faceira, a revista, em couchê fosco, daqueles que a gente esfrega o dedo e ela apita, tal a qualidade do papel. E o colorido, então? Mais até do que o imaginado, não vê que o diagramador esqueceu e misturou tonalidades pantone com cmyk, sendo que, na hora do vamos ver, vai ser tudo cmyk. Como imaginar o basquiat que vai dar? Mas não há de ser nada, o importante é que está bem rebocada, rouge, batom e xiloproct, pra garantir.
Os textos, bueno, um espetáculo! Aquela irreverência “gaucha” que muito incomoda os riograndenses da capital – o que nos enche de alegria, em alguns, até perigosa, pois, com a idade, deram pra se mijar (no rir, imaginem! Tínhamos é que nascer pra semente) –, pois aquela irreverência meio estúpida, no melhor sentido, se faz presente. As provocações nos pés das páginas, as meas-culpas (só pra fazer onda), tem de tudo, enfim. E, claro, a Tudinha é todinha bilíngüe (português e espanhol, ora!, que o resto é língua de gringo e gringo, pra nós, só com ervilhas).
Este número, pra completar, traz uma crônica de Sergio Faraco (te mete!) que relembra, com suave melancolia, o Alegrete de outros tempos. E há um avô como costumam ser os avôs (ou costumavam, hoje é tudo muito prafrentex). Traz também um conto de L.F.Verissimo (de novo, te mete!) que, com seu particular humor, faz um “apanhado” do gaúcho mítico bastante útil para aqueles professores que gostam de discutir idéias com seus alunos (e não apenas rodá-los por absoluta incompatibilidade de ignorâncias).
A novela de Queiroga (que anda meio chateado com o erro crasso de Nostradamus quanto ao ano 2000 e só por isso leu o livro horrendo do Brown, pra ver se achava uma luz, não achando), retoma a historinha do cálice onde ele se perdeu, na Escócia, e, valendo-se de seu arguto detetive, segue o sagrado rastro (tem pés, o Graal) até Nova Hereford, aqui ao lado. E o resto, bueno, só lendo.
A Tudinha 2006 sai por módicos cinco reais, o livro, por vinte. No mesmo dia, horário e local, os livros da coleção Alfonsina (y el mar), lançados pelo Instituto no ano passado, estarão sendo torrados também a cinco pilas. (Ah. E quem comprar qualquer coisa, leva uma Tudinha das que restaram de 2005, grátis!)
Programa melhor, nem na Globo.

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Christmas Song

diana

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É o título do CD de Diana Krall cuja foto (linda) da capa vai acima.
Doze clássicos natalinos, abrindo com “terminou o papel / não fal mal, limpa com jornal”. E tem White Christmas, que, não canso de dizer, é a mais bonita de todas, tanto na voz dela, com seu acompanhamento jazzístico, quanto na de Bing Crosby, sempre romântica, porque a cena pedia (a época pedia, posso dizer, cantor preferido do meu pai, quando colocávamos os LPs na eletrola – comportava cinco! – e nos espalhávamos pelos sofás e almofadas para, luz apagada, estarmos juntos). Todos lembramos com saudades disso.
Alguns dos novos amigos que vêm à minha casa ficam espantados:
– Todos os Natais?
Minhas filhas riem (mas, nem preciso olhar, sei que têm lágrimas nos olhos):
– Todos os Natais?!... Quase todos os dias!!!

diana krall
Papai Noel e a eterna linda moça

diana krall
Meu pai e minhas maravilhosas filhas

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Não quero mudar de assunto, ando fazendo muito essas coisas ultimamente. 
Meu objetivo aqui é fazer com que comprem o CD de Diana Krall, que está magnífico. E, saibam, nem é novo. Pode ser que consigam barato nessas lojas fúteis (como é excelente, deve ter encalhado e eles não vão perder a oportunidade da data próxima para limpar a gaveta do subsolo do cu do cachorro).
No mais, Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Planos para 2007?
Estou tentando me mudar pra fora, pro interior do município.
Mas, calma, sei que devemos pensar grande.
Já começo a cavar um túnel por lá (como o do marido da Catarina, do A Ferro e Fogo, só que mais fundo). Tenho para mim, como Colombo, que há outro caminho para as Índias, porque a Terra, meus amigos, não passa de um ovo.

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Minha prima é a melhor do Brasil

A priminha Sabrina Freitas Valle recebeu esta semana, em Brasília, o prêmio CNT de Jornalismo, como melhor jornalista do ano na categoria Mídia Internet – Globo Online. Informa sua corujíssima madrinha, minha também prima Blanquinha, que é a mais nova dos premiados, com seus apenas 26 anos (mais nova e mais bonita, reduziu os outros todos a charque muxibento). Desta vez, acertaram em cheio, e é de família, pois a Ana Paula (prima dela e minha, atualmente em Londres, às voltas com a Victoria) também é jornalista competentíssima. Parabéns, Sabrina. Os do Alegrete te saudamos.

sabrina
Sabrina com o seu merecido troféu

 

 

 

Feliz 2007

redhoffman

Dustin Redford e Robert Hoffman (vide foto acima) estão preocupadíssimos, basta atentar para o “facies” dos bonitos. Fossem outras as épocas e dir-se-ia que chafurdam na Dinamarca da Casa Branca ou que lêem um daqueles roteiros horríveis de fim de carreira.
Não!
É que, não se sabe como, mas por milagres da Rede, chegou a eles a seguinte notícia, enviada pela Blanquinha (Freitas Valle):

“Olá pessoal querido e amigo!
Vocês estão lembrados da sobrinha/afilhada Sabrina... aquela que recebeu o prêmio? Pois é... não ficou só nisso não! Agora ela vai trabalhar por 6 meses, trabalho remunerado e com mordomias, em um dos maiores jornais do mundo: o ‘Washington Post’. Está bom assim? Pois tem mais uma: a caçula Tatiana passou para o mestrado de Meio Ambiente na Coppe (UFRJ – ela é arquiteta, formada também na UFRJ) nos primeiros lugares, e com isto ganhou bolsa do mestrado. O meu irmão Antônio Adolfo está irradiando felicidade... Para nós, este final de ano tem sido só ALEGRIA!!!”

Sabrina é aquela menina que acaba de papar o prêmio de Melhor Jornalista do Brasil, conforme noticiamos nesta página (nossa prima, por sinal, e Tatiana, por essas coisas da genética, também é nossa prima).sabrina Dando uma garibada na memória dos contumazes visitadores, quase todos passados dos 50, batedores de biela, publicamos novamente a foto da moça – e com o troféu, para que lembrem da história toda.

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Em Washington,
Sabrina nos rejubila
(e devolve as esperanças)

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E a Blanquinha, para quem não conhece, não sabe o que está perdendo por que, se foi Rainha do Disco na década de 60 em Alegrete (já contei?), continua a mesma, assim daquele jeito como sempre foi a Tia Blanca, de entrar num lugar (e podia ser um salão de baile, o Casino, por exemplo) e iluminar todo o recinto. E ainda achava tempo para, nas horas vagas do estrelato, ensinar o primo aqui a dançar twist ao som do Trini, na sala da Vó Beba.

Resumindo: Dustin e Redford podem até ter derrubado um presidente, mas agora quem caiu lindo do cavalo foram eles.
Além de feliz por ela e por meus primos, estou feliz por mim também e pelo mundo, esperançoso de que a Sabrina faça um bem para a humanidade e dê um jeitinho naquele texano. Estará no lugar certo para isso.

Um Feliz 2007 para todos. De minha parte, continuo como naquela música linda do Madredeus:

“Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
Espero por ti
... Eu sei, eu sei
quem és para mim”

 

 

 

Altíssima Sociedade

Dia oito último, no refrigerado auditório do CREA, reuniu-se boa parte da altíssima sociedade alegretense. “Altíssima” porque, das artes, nossa torre – de marfim – é a mais alta. De onde Rapunzel atira as tranças e Sorel, sem cerimônias, sobe.
“Altíssima”, porque a alta anda em baixa e os presentes só não estavam todos de saltinho pela singela – mas não despicienda – razão de que os saltos, hoje, não são feitos com o mesmo tônus dos de antigamente e vai-se-lhes a alma logo nas primeiras sampadas na cabeça d’outrem, assim que as charamuscas amorosas ganham ritmo e aquele donaire bem nosso.
E era uma platéia assaz amorosa. (Ninguém, que não os amorosos, sai de casa com aquele calorão para ouvir debaterem um alemão e uma francesa. Discutirão ainda a posse da Alsácia? O que fez Napoleão? O que não fez Adolf? O que nos importaria que se pegassem, que se arrancassem os cabelos?... E, no entanto, lá estávamos, altíssimos, pisando leve, querendo voar, ou bailar um balé, faceiros – como diz uma amiga querida – “que nem peixe em lixo”. Pela presença do Marcelo Backes e da Monique Revillion.)
Falaram, entrecruzadamente, um do livro do outro: Teresa, que esperava as uvas, dela; Estilhaços, dele.

 

betania
Betânia Schmitz homenageou os convidados com sua voz maravilhosa.
Há quem tenha visto lágrimas nos olhos de ambos.
Mui apropriadamente. Foi de emocionar.

 

Os dois

O da Monique, bem fêmeo, esgravatando fundo na mulher. “Percurando o quê?”, quer saber o desatento. Mas nós nem imaginamos. Não nós homens. É que elas, talvez por essa coisa incrível que é parir, gostam de estar sempre rebolucionando as entranhas, dando um nozinho nas tripas aqui, uma pontadinha que responde ali, uma sacudida forte nas rebimbelas do entendimento íntimo.
O do Backes, priápico quase, de tão másculo. Pau pra tudo quanto é lado, mas com resfrescos, afinal – “refreshcos”, agora que vive no Rio, casado com um ente humano deslumbrante –, num que outro ínterim entre uma e outra parte de sua obra, composta de várias, nunca numa delas, pau e pau. E mui apropriadamente, pois pauleia quem senão, qual paladino, alguns merecedores e, muito, do mundo desgranido? Indispensável livro. Para os que pensam que chorar é fácil, descascar cebolas e pronto. Não. O homem está enforcado pelos pés em uma árvore alta, sempre foi assim. Algo quebrou-se dentro e lacrimeja. O que nos sai pela boca não vem de bandeja.

elene
A apresentação do debate ficou a cargo de Elene Aurélio Jorge.
E a guria foi um arraso.

publico
Êta seleção!

Nós
Muito lhes foi perguntado, quase tudo respondido (a educação, a polidez, o cansaço...). Depois, autógrafos e elogios. Tão fartos que, não estivéssemos entre amigos, estranharíamos (“gato escaldado, tem medo de peixe quente”, segundo a mesma querida amiga supracitada). Porque logo aqui pertinho mesmo há um povo muito do invejoso – que anda exportando gentes e semoventes – e eles, bá! Bastou uns quaisquer fazerem um troço interessante que os caras caem em cima. Ou ignoram solenemente; ficam gastando os olhos e a tenência na bosta grudada em suas botas.
O Instituto Cultural José Gervasio Artigas agradece a presença de todos e, se sobreviver, conta a gentama boa para suas novas atividades culturais.

 

 

 

Ana Carolina Casou!

Para tristeza dos muitos fãs (sempre esperançosos), dia 27 de janeiro, agora, Ana Carolina Perera Zuñeda enlaçou-se matrimonialmente com Diego Puff Castria em Porto Alegre. Não dá mais para anular. Como se diz: já transitou em julgado.
Ele até que não é burro, boa pessoa, ex-Emílio, publicitário e tal, mas ela é, em uma palavra, maravilhosa. Se não der certo (remota possibilidade, ela estando no meio), haverá de ter sido por alguma cagada dele.
Observem bem as fotos.
Na primeira, Ana Carolina, está ali, angelical, e ele estende o braço e a fende de lado a lado, impedindo a visão total de sua imagem. Estaria com ciúmes? Já?
(Notem que há uma inscrição às costas de seu casaco. Por que às costas? O que estava solertemente escrito lá tão às costas de todos?)
Na segunda foto, a progenitora da noiva, Maria Lúcia, em primeiro plano, ao fundo, seu irmão, Ápis e a esposa, Ana Amélia. Ao centro, o casal.
Ana Carolina, linda (perfil de Liz Taylor) e adequada, como sempre (reparem o pegar do buquê e, no conjunto das mãos – porque são duas! –, como a do cálice de guaraná compõe bem). Enquanto que o noivo, já com o seu da fanta uva vazio (e os olhos orientalizados), fosse o fotógrafo mais lento, arrancava fora a clavícula da amada onde, claudicante, buscava apoio.
Lúcia (que é uma pilha), vê-se que estava nervosíssima.
Mas, enfim, a Fânia, a Irma e a Marieta, que têm experiência nessas coisas, dizem que fazem um belo par e estão “encantadas” com o Puff, que acharam “fofo”.
Bueno, fofo, de fato, ele sempre foi.
(Parabéns aos noivos.)

gringa

gringa

 

 

Iris finalmente ficou velha

doisbrinde

As fotos acima e abaixo são flagrantes das Bodas de Prata de Iris Nélida com José Aníbal (a viagem transatlântica na companhia da mana Blanca Maria, a festança, a missa), “provas comprobatórias” do título desta reportagem.

beijobabra
Claro que ela não “representa”, mas é mentira do corpo: ficou velha.
A gente olha e acha que é uma guria (enquanto que nós mesmos, uns charques). A verdade, porém, está nos longos 25 anos de casada, o que a torna irremediavelmente uma velha. Reparem, inclusive, que o marido é um senhor de cabelos brancos (e não usa tintol para ficar charmoso).
Bastaria fazer as contas, fôssemos bons em matemática: se a mãe Fani tem mais de oitenta... Dois bisnetos na garupa! Um com quinze anos!... Netos do filho do meio (e a Iris velha é a mais velha)... Além disso, naquele tempo a cegonha vinha cedo (pra não perder o teco-teco).
Terceira idade, Clube dos Coroas, ai, ai...

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missa

casal

jan ela

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brinde tres

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Iris em La Pandorga


Irisnel, que conhece o mundo inteiro, resolveu finalmente dar um pulo em La Pandorga. Disse que gostou. Mas como é uma socialaiti, devemos dar um desconti.
Abaixo, uma série de flagrantes da cheia por lá.

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Iris rapta Fani
Eis que logo percebeu-se a razão de tanta simpatia: viera raptar Fani.
Sempre que voltamos de fora, tomamos banho. É sagrado. Pode ser até na mesma semana. Então, estávamos arrumando a estufa, roupas brancas, cuecões, essas coisas, e Iris, solerte, não é que pega uma carona com o Pelé e vai comprar passagens?! (Descobrimos depois, torturando o primo com o hino do Grêmio.)
Bueno. Noite fria, deu boa-noite cedo, dizendo que “era hora das véia se recolher” (quando nem velha é, bem ao contrário).
No outro dia, na hora do mate, quedê-le as duas?
Mobilizei minha filha em Porto Alegre, que descobriu que estavam lá, passeando pra cima e pra baixo com a Blanca Maria, a Fabi e o Santiago, decerto até fumando, bebendo e comendo doce de abóbora da Tia Marieta. Mas já com o pé no aeroporto. A essas horas devem andar por Sunpaulo, com o Bibo, que é outro da gangue (e este tal de Lincom que a antepática deixou num papel escrito, bem amassadinho no lixo, WWLincom, coisa assim, faltavam pedaços).
Mas a volta vem. O pobrezinho do João, só pra terem uma idéia, amanheceu chorando: “Eu quelo a Bibi” Eu quelo a vovó-dinda!”
E eu, o que faço agola?

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clodovil

papa

Autistas?
Este Papa é um pândego.
Daqueles que sabe contar coisas de rir, sério como guri cagado (só que no trono!). Disse: “O mundo precisa de vidas limpas, de almas claras, de inteligências simples”. Referia-se, óbvio, a sua fixação por sexo (repararam nas olheiras demasiado fundas, purpúreas?).
Prega a castidade até no casamento!
Xiita, o Ratzinger, dentre os mais perigosos (os shaolins do norte, todo mundo sabe, e a trinca sem camisinha). “Inteligências simples”? Burrices de asno-mula! Encapsulado nas blindagens etéreas, fala de um tal “amor” que não se contamina. “Só se usar camisinha”, diz o Fernando Grbac, “porque amor que é amor sempre contamina”.
E não é que fizeram uma música que repete e repete (qual mentira muitas vezes dita) que o Papa é amor. Qual? O de si para si, incomunicável, autista, que fecha-se para as “questões sociais” como se isto não significasse singelamente vida, a única que, permeável ao tempo, respira?
Pândego.
O Clodovil é outro. Esses dias declarou que as mulheres “ficaram muito ordinárias” e que, hoje em dia, “trabalham deitadas e descansam em pé”. Pra quê?! Uma Deputada ofendeu-se e saiu a reunir assinaturas contra ele.
O estilista foi à Tribuna: “A senhora é fofoqueira e histérica. A senhora está precisando se casar. A senhora é mal-amada”. Clodovil acrescentou que a colega é muito feia e nem prostituir-se poderia. Choros convulsos. “Eu tenho culpa por ela ser feia, gente?”
Que pecado!
Mas isto foi antes da visita do Papa. Deve estar tudo bem agora.

papa clodovil1

 

Dia das Mães

Em homenagem a todas as progenitoras, a foto abaixo: Marilyn, gloriosa, mostrando donde rebentam os ditos cujos.
Logo a seguir, sempre descendo (que é lei da gravidade e dos anos implacáveis), uns versos de puro desespero.

marilyn

Poema de versos longos

Versos longos, Lídia, quaisquer derribam.
Sinuosas sarças, feminis,
alfinetes salto 15 em nossa cinta pneumática.
Mal começamos e, na panturrilha, a morte:
dedos custosos e a dobra do tendão, abismo.
Versos longos, longas pernas, e, de escalar, ao gaúcho
Não requer o pampa.

barraazul

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34 anos

nosinclusaonos

Neste quatro de maio completamos, Ayda e eu, trinta e quatro anos de namoro. Nem Cristo durou tanto!
Observem as fotos. Ela, hoje, comparativamente com quando tinha 14 anos, época em que nos
conhecemos. Continua a mesma, só que mais bonita.

debu

A psicodélica é do baile de debutantes. Pensávamos que éramos Romeu e Julieta (melhores, sem as mortes).
A foto em p&b é do casamento (estávamos de azul e as rosas eram vermelhas).

nos

Abaixo, um Natal em Porto Alegre. Caroline, faceira, e Isabel, impressionada com o Papai Noel, que veio de verdade sempre em nossa casa.

familia

E assim tem sido, agora com os netos, Eduardo e João.
Se eu viver outros 34, terão de ser com ela (eles).
E viveria outros 34, não fora, como diria Camões, “para tão longo amor, tão curta a vida”.


Calos

Estaremos em La Pandorga neste Dia do Trabalho, comemorando com sal. Aliás, escrevi ao Backes uma descoberta: qualquer coisa que se faça na campanha exige que se abra um buraco. Assim que estou com as mãos que nem as do Manoel (que dizia “socar” 1000 por dia). Só agora, perto dos 50 anos, entendo melhor o verso do meio-tocaio, “Vai, Calos, ser gauche na vida!”
Então, em homenagem a tudo isso, e porque estou com preguiça, trago de volta um poema publicado em Bazar:

Túnel

Não sou dos que acredita
em outra vida
Cavo por cavar
a oca fuga
Cavo pelo côncavo refúgio
pelo recôndito útero

Não sou dos que acredita
e quando penso-cavo
cavo a cava cova
aberta para o aberto
nada

E sem pensar
o tempo passa
em paz

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miss
Montagem extraída do site missesdobrasil

Socorro, Sabrina:
saquearam o Alegrete!

Foi dia 14 último, no Miss Brasil (que tu não tens idade para saber, mas é uma espécie de concurso de mulher pelada, só que de mulher-moça e, assim, pelada com roupa típica, fantasiosa, geralmente com apelos selváticos, dizem que umas até já levaram onças consigo – onde, naqueles sumários, imaginar não consigo...). Para que entendas: a Vera Fischer (antes de estrelar uns filmes duvidosos e de casar com o mais ainda Perry Salles) foi uma pura e inocente Miss Brasil. Qual Vera é vera? Ambas. Uma Miss é sempre dupla, às vezes tripla, porque a mulher dentro dela, se não extravasa (o regulamento!), uma hora vaza a tripa. É metabólico. A Vera até que demorou (tivéssemos mais capacidade produtiva, ventiladores aqui e ali fertilizariam a caatinga).

Noivinha da Pavuna

Já no início, Sabrina, achei que estava no canal errado. O casaco do apresentador, visivelmente, não era dele, talvez do gnomo de estimação ou do papagaio, mas não dele, apertadito e curto. A partner, engessada dentro de uma roupa absolutamente inadequada, penso que queria mostrar que tinha seios. Ora, mas toda mulher tem, não tem? Um desastre, o casal: ela, querendo parecer chique; ele, querendo parecer casualmente jovem (com mais de 30 na cacunda!). E o cenário, pior do que o do Jota Silvestre no saudoso casamento da Noivinha da Pavuna (inté choro), com o acréscimo da escada e seus cabotinos degraus, coisa de bicha, ardil, vingança contra as belas, que “nem sabem subir em saltos” (“inveja da peleleca”, diria meu neto João).

Um pano que tinha

Aí, Sabrina, apresentam o “Júri Especializado”. Só não morri porque já ando meio morto, desconfio, e, se morro inteiro, quem te escreveria esta?... Mas o Júri... Duas ou três velhas esticadas, dentre as quais a incalculável Rosemary, o Leão Lobo e outros alegres, figurinistas, designers, o Diego Hipólyto, um ator meio mirim e, adivinha?, o Marcelinho Carioca! No Marcelinho Carioca, na malandragem perniciosa, no arrivismo grosseiro deste ex-atleta, vi que a noite seria longa, as cartas estavam marcadas, faltaria incenso no reino da Dinamarca. Caiu-me o queixo, dei um jeito com um pano que tinha (como esses com dor de dente de filme); caiu-me uma lágrima (de indignação), só uma, que nem deveria ser minha, provavelmente plantada por algum solerte de Uruguaiana, que desintegrei com um tapa; então, com o tapa, caiu-me a pálpebra do olho esquerdo, e assim quedei-me, semi-persiana como o Forrest Whithaker, esperando o desastre anunciado (ou o Oscar, mas este, outra injustiça, também não deram pra Alegrete).

Gente simplesinha

Júri de música é pra quem entende do assunto, como júri de patinação artística, de raças caninas ou de concursos literários (menos). Assim, júri de Miss. Não sou radical, até porque o Jece Valadão, o Dolabela, o Waldick Soriano e o Carlos Imperial já estão passados e gente como o Reginaldo Rossi, a Marlene Mattos ou o Falcão criariam um contraponto estético demasiado, a ponto, talvez, da platéia rebelar-se e exigir que um deles representasse o Brasil no Miss Universo (por “legítimos”). Nada de radicalismos! Mas seria muito exigir um grupo de gente simplesinha, que entende de mulher pelada? Os namorados da Luma, da Filardis, da Arósio, da Maitê, da Pitanga, por aí...

No meio do bafafá

Notei o complô desde o início. Percebi que a nossa era a mais bonita mas, estranhamente, havia uma claque alvorotada pontuando as aparições da Miss Minas Gerais (com a participação entusiasmada dos noivinhos de bolo que faziam as “honras da casa”). Quando as 27 entreveraram-se, naquele bafafá de apresentação, avisei minha mulher da coisa armada e passei-lhe, com antecedência, o resultado. Na segunda entrada, confirmei. Batata!
As misses não desfilam mais, aboliram a passarela! Contrataram um fresco americano que veio pra fazer um “mix” de Miss. Ele pegou as candidatas e fez com que brincassem de trenzinho no palco o tempo todo, de modo que jamais soubéssemos quem tinha aquilo tudo que a ganhadora tem que ter (e que os desfiles individuais, de gala e maiô, deixam claro: formas, porte, ausências adiposas, esponjosas e que tais). Mais dançavam do que qualquer coisa e, quando ameaçavam desfilar (arremetendo contra o júri, coisa até bem agressiva, tipo “Ui!”), o faziam ao estilo maneca, desconjuntando os ossos. Ora, a nossa Miss Alegrete, com muito mais a mostrar, dessem-lhe a chance, ficou claustrofóbica no meio daqueles cambitos que, qual grades de cela fashion (as mais perigosas, piores do que as dos shaolins do norte), a prendiam na rede de sua fealdade, coisa bem de trinca, de que a inveja feminina é pós-doutora. (E não sem razão, as invejosas, eis que recente pesquisa apontou Scarlett Johansson e Jéssica Alba como as mulheres mais sexys do mundo, ficando nossa Gisele apenas em terceiro, o que demonstra clara alta do estilo carnudo, estilo Miss, estilo Carolina.)

Síndrome Leididái

E não foi só na inadequação toda da festa em si que armou-se a coisa, mas também na formatação dada pela TV. Naquelas matérias feitas quando da preparação do evento, os ensaios, os passeios turísticos, as trivialidades das meninas (que são meninas, afinal), Miss Minas Gerais foi a que ganhou mais closes, a que mais apareceu sozinha ou em pequenos grupos, a que mais fez uso da palavra. Numa das vezes mencionou algo como “nos muitos anos que venho representando o Brasil no exterior”. Algo assim, compreendem?! Impreciso, mas “cabeça”. Pensei até que fosse do corpo diplomático. (Um amigo, o Grbac, sempre atento a mulheres que “acompanhem” seu priapismo noturno, no dia seguinte, comentou que perdemos “por nariz”, o cínico, aludindo ao enorme naso da mineira – e, também, porque é um cara antenado, lembrando e homenageando o Jorge Ricardo, nosso Jóquei, este sim, com carreira belíssima no exterior. Parabéns, Ricardinho!) Mas a sonsa vive no exterior, sim, desde os 15, mas como maneca, em Nova York (segundo me contaram outros alegretenses em pé de guerra). Então era isso!... Complô dos magricelas!... Síndrome Leididái!... Um minutinho, Sabrina, que vou aplicar-me outro valium na veia... Pronto.

Nova idade das trevas

O que fizeram sofrer nossa menina não deve ter sido pouca coisa. Imagino o Paulo (o pai da Carolina, artista plástico, porém macho), lá em Porto Alegre, frente ao aparelho, querendo, no mínimo, degolar aquele bicharedo. Quando estavam nomeando as cinco finalistas, momento crucial, porque ainda é um entrevero e nem todo mundo (como nós, do Alegrete) entende de mulher, tem paixão pelo troço, momento ainda aberto para alguma grande sacanagem (que, aos olhos da maioria, os não alegretenses, passaria por “questão de gosto”, de acordo com a moda desta nova idade das trevas, quando jogaram fora os parâmetros para melhor nos engrupir), deixaram para chamar a Miss Alegrete (aleatoriamente) em quarto lugar, enfrangalhando os nervos da guria, notaram? Ela chorou, curvou-se em agradecimento, atirou beijos. Revoltante!!! A mais bonita. Todos ali é que tinham que atirar-se ao chão quando ela passava; lamber o rastro do saltinho dela.

Todo mundo gargalhava

O contraponto sórdido: quando das 15 finalistas, faltava uma, e Minas Gerais ainda não juntara-se ao bolo (mas, ao contrário de Carolina, momentos depois, esbanjava tranqüilidade – e não era para menos!!!). O apresentador, fazendo cera, perguntava ao público quem seria a felizarda, e com ares de que a resposta era suficientemente óbvia para a claque gritar “Minas! Minas!” (mas a Distrito Federal, por exemplo, estava ali, e perguntem a qualquer que tenha bolas se, mesmo com seus visíveis parafusos frouxos, não levariam ela e não Minas para a tal ilha deserta). A claque gritou e Minas, os apresentadores, o júri, todo o mundo gargalhava. Negócio mais ridículo, a Miss perdeu a compostura e caiu na gaitada, como se já estivesse tudo decidido (estava?). Então a chamaram. E a nariguda não chorou, pois aquilo tudo era uma grande piada, estava no meio de uma risada e deve ter aprendido, como eu (quando guri, com um psiquiatra imundo), que há coisas que não devemos negar ao nosso corpo quando manifesta ímpetos de: risada, espirro, arroto e pum. Depois dizem que exagero.

Poderia chutar o balde

O cúmulo foram as perguntas às Misses. Agora, inventaram que elas têm que pensar, de preferência nos “pobres”, na “miséria do mundo”, essas coisas que uma Miss, com seu poder, pode resolver fácil. Perguntas “sorteadas” que os jurados deveriam fazer “a quem quisessem”. Deu pra perceber. (“Jura!”, como diria a Noemi.) Ninguém cometeu o equívoco mais comum nesses momentos, que é o de dirigir-se a alguém já sabatinada, afinal, no afogadilho de escolher na hora, um após o outro... Não! Só quem se enredou com o script foi o Hipólyto, mas não errou de Miss, teve dificuldades de leitura mesmo (falta de betume). E, claro, a primeira, a cobaia da coisa, foi a nossa, com uma pergunta que não tem resposta inteligente possível: “O que uma Miss mais precisa ter?” Ela poderia chutar o balde, dizer: “Beleza, ora! Que eu tenho de sobra! Meia eu já dá de relho nessas lambisgóias!” Mas é alegretense, educada. Saiu pela tangente: “Dedicação, disciplina.” Diante das circunstâncias, perfeito.
Lá pela metade da pantomima, calminha, a queridinha deles, resolveram perguntar para MG algo sobre pobreza, política, aquilo a que me referi que fashion adora frente às câmeras. E ela, claro, colocou-se contra a pobreza e a miséria (a exemplo da Miss Paraná, que citou o Juscelino e ficou em terceiro, com sua carantonha) e ainda falou que há bons e maus políticos e que o do estado dela, o Aécio Neves (candidato em 2010, frise-se, neto do Tranquedo, Tranqredo, ah...) é dos bons. Quer dizer: bonita, a nariguda, e “cabeça”.

País autônomo

Quando restaram as duas finalistas, a nossa e a deles, lado a lado, mesmo sabendo que iam cometer o mesmo que fizeram com a Marta Rocha anos atrás, rejubilei-me. Puxa! Que monumento, a Carolina! E a outra, esmirradinha, ali, parecia aquelas bruxinhas de pano (faltando enchimento), uma pinóquiozinho de pano (ou plástico, vil matéria). Essa gente!... Temos que dar o troco. Posar pra Playboy, bater recorde de vendas, sei lá. Assim não fica!
A mãe, Sabrina (que tu bem conheces), ficou consternada porque, além de tudo, Carolina foi a única que, na apresentação, abriu os braços e disse: “Carolina, de Alegrete, Rio Grande do Sul”. A mineira cretina, nem isso.
Por tudo que vai escrito e aproveitando que estás por aí (já no Post?), bem perto do poder poderoso, queria te pedir que intercedesses junto aos missólogos da ONU ou diretamente às Nações Unidas para que, a partir do ano que vem, Alegrete participe dos concursos como país autônomo. Para ficarmos num só exemplo, Luxemburgo tem Miss e Alegrete é muito maior (em todos os sentidos).
É que não dá mais para agüentar tanta injustiça. E temo, Sabrina, que, não vendo efeito nas vias diplomáticas, os tauras daqui resolvam fazer outra rebolução. Aí, Deus te livre! Com os recursos de hoje (e os ensinamentos de Sun Tzu), até Plutão, que nem é mais planeta, paga o pato, te garanto.
Em ti deposito todas nossas esperanças. Beijos do primo.

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BLANCA

Blanca é Cantora Revelação

Um absurdo, na verdade, uma mulher de mais de 40, que canta assim desde Protesto de Luz, no Cine Glória, quando tinha seus nove anos, mais ou menos. Mas os portoalegrenses não sabiam, ou se faziam, como tem muita gente por aí, os “sefazentes”, que acabam “se dando bem”. Com quem e em quê, não sei, mas é o que alardeiam das sombras.
O fato é que Blanca foi agraciada com o Troféu Verso-Reverso 2006-2007. Merecido, enfim. Acertaram uma (porque nas eleições das “políticas”, só têm errado ultimamente).
O prêmio é um reconhecimento, como diria o Pedro Bó. E é, pois a guria está de agenda cheia. Vou passá-la, para que os fãs não fiquem sem saber pronde se bandeou no hoje em que estarão livres.

Começo pelas novidades:
Quartas – todas, a partir desta, 18, no Bar Náutico, no Clube Jangadeiros, Happy Hour, das 20 às 22 horas;
Quintas – de maio em diante, Happy Hour no Shopping Strip-Center, na Tristeza, das 19 às 21 horas (duas quintas ao mês);
Quintas – (as outras duas) no Port’s Pub, Videokê, ali na Fernandes Vieira, horário “notúrnico”, sabe como é, sempre tem Cauby querendo cantar e cantar e cantar.

Além disso, continua com os compromissos de sempre:
Terças – no Venê, Videokê, das 22h30min até o último cliente;
Domingos – no Porto Bier, Videokê, das 17 às 22 horas.

Show

No próximo dia 28, agendem-se, Blanca fará show no Dimi’s Pub, que continua na Travessa do Carmo. Começa às 22h30min. Será acompanhada pelo violão de Diego Silva (um bamba).
No Jangadeiros e no Strip-Center, perguntei quem ia tocar com ela e ela: “Eu e Deus”. Não conheço. Mas, calma, não devemos ficar assustados por causa do nome. Tem um violinista dos melhores que se chama Baden Powell (morreu?), e nunca foi escoteiro. Outro, Django, e não era desses giulianno gemma de quinta, ao contrário, um mestre. Nome não “regula”, como dizia a Maria da Tia Irma (aquela que pontificava: “Dona Fani, mas cu fede, não?!” E não fede? Por isso a gente lava).
Deus? Tudo bem. Embora eu preferisse que a Mana tocasse algumas vezes sozinha, só ela, a voz e o violão acompanhante dela. Precisa mais?
Divirtam-se. Não reclamem que Porto Alegre não é Paris ou Nova York.
Não é. Quem quer a Liza Minelli babando no microfone (ou, pior, o incômodo das Torres Gêmeas)?

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JOAOCRAQUE
Ficha: três anos, destro, voluntarioso, coringa (futebol e outros esportes, correr atrás de pinto, subir em árvores, desobedecer a mãe, enfim). Valor do passe: incalculável. Nem tentem!

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natacao
Notem a cara dos dois saindo do tribunal (na foto da ZH).
Guria difícil. Sem dúvida, caso para o analista de Bagé.

Batatinha-quando-nasce

Esses dias vi uma cena big-brother no noticiário da TV: o pai partiu pra cima da filha, sua pupila na natação, e deu-lhe uns tapas. A guria reagiu timidamente (ou não, eis que jogou-lhe a toalha, fosse boxe... era?...), mas logo sucumbiu à força maior: tinha, de fato, nadado horrivelmente. Não obtivera classificação em uma prova fácil, fácil. E os meses, anos de treino, levantando na madruga? Onde estaria com a cabeça? O namoradinho aquele? E tanto mal fizera sua parte (e ao pai, sentando-se naquela cadeira de plástico como uma plasta, como um saco de areia pedindo, capaz que enfartasse o pobre homem) que, logo depois, conseguiu seu melhor tempo em outra prova. Felizmente Deus, nos torneios de natação, encordoa uma prova depois da outra, para dar segundas chances, promover reconciliações, provar teses (no caso, a da perfeita adequação entre o côncavo e o convexo, a palma da mão do pai e, nos filhos, onde pegar, coisa bem Piaget, Popó, algo assim, com “p”). A gente vai ficando velho e, não adianta, chora até em noticiário.

Caráter educativo

“Aquele pai e aquela filha, que baixo nível, hein?! E num campeonato de alto nível!”, ouço. Muitos pais atrapalham a carreira dos filhos, isto é certo, com exigências excessivas, transferindo, talvez, frustrações, freudismos (a ZH publicou matéria a respeito, com psicos repetindo todos aqueles clichês). Então, num dado momento da odisséia, o pai vai lá e bate. Bate e, “casualmente”, conforme a ZH, uma emissora australiana grava as cenas, tornando a coisa pública. Mas, segundo os especialistas, até calham os castigos, “desde que tenham caráter educativo e estimulem a reflexão”. Em uma retranca da matéria, o jornalista ressalva que, no Grêmio e no Inter, “nunca houve uma surra pública após um pênalti desperdiçado” (por um guri da escolinha). O Fernando Grbac, perspicaz, comenta que “não coincidiu de ter uma TV australiana por perto” e que “as surras em casa, mais violentas e contumazes (o Grbac vizinhou com uma promessa de atleta certa feita), por falta de TV, assumem caráter educativo, estimulam, aí, sim, a reflexão???”. FG é que nem a Fundação de mesma sigla (sobrenome Vargas), louco por sabedoria.

Espantoso!

De qualquer forma, um monstro, este russo, Fernando. Não deve ser dos soviéticos. Absurdo! Vide o que acabou acontecendo com Tiger Woods, Serena e Vênus Williams, Maria Sharapova, Martina Hingis, Moses Allou, Peyton e Elia Manning, Takanohana e Wakanohana, os vários Gracie, Paolo Maldini, Ronaldinho Gaúcho... Interminável lista. Sempre os pais (ou o Assis) empurrando, exigindo, desumanos, que os guris e as gurias se superem e então eles... Absurdo! Diz Mário Marcos de Souza, na ZH de 31 de março: “O mais espantoso é que casos assim estão longe de ser exceção nestes tempos de competição quase doentia”. Mas, porém, todavia, contudo... “Por que é espantoso a ponto de tanto alarde se o caso não é excepcional?”, quer saber o Grbac. “Quando que a competição doentia que grassa na sociedade selvática vai deixar de ser ‘quase’ para assumir o que é?”, insiste o Grbac. “O eufemismo é o que define o ‘eu’ enquanto-ser do hoje?”, filosofa.

Você é fã de equitação?

A justiça o condenou exemplarmente (Mikhail Zubkov é o nome do biltre), proibindo-o de entrar num raio imaginário de 200 metros ao redor de Kateryna! No dia seguinte, foram ambos, pai e filha, ao tribunal, e ela não deu queixa, assumiu sua parte da culpa – o tal namorado com quem não brigou (e em quem pensava quando da péssima performance, jogando fora meses, anos de treinamento, vida!). Caíram os 200 metros e eles saíram de mãos dadas do contratempo (ainda havia provas a nadar). Pronto. Oh, Deus! Reconciliaram-se. O Fernando, enfim (que chora em novela das seis!), ficou com a boca nas orelhas, adora final feliz. A ZH, mui sensatamente, aconselha: “Não proíba a criança de jogar futebol porque você é fã de equitação”. É isso aí, papais. Tudo a ver. E vai mais longe: “O aluno (Kateryna, digamos, nossos filhos, netos) pode ter dificuldades em matemática, mas ser um excelente colega e ter muitos amigos”. O Maldini ou o Ronaldinho sabem, por acaso, que a matemática é algo que existe para além da maquininha de calcular? Carece? Então??? E ZH mata a pau: “Não é porque seu filho está crescendo que não precisa mais de acompanhamento. Demonstre interesse pelo dia-a-dia do adolescente. Ainda que ele deseje independência, isso não descarta a sua (dos pais) supervisão”. Zubkov... A TV australiana não deveria ir atrás do namorado? Em trama que não tem mordomo, a culpa pode ser do “garçon”.

No bretão

Vi a cena do pai e fiquei pensando nessa história dos mil gols do Peixe (que bem calhariam cair dia 1º de abril, mas não), no Edmundo e sua mansidão frente aos holofotes (agora aprendendo tênis, com o Villas e o Borg na camiseta, sem saber que levava um argentino no peito), no Ronaldinho Gaúcho dando entrevistas e falando sempre (mas sem olhar de frente para a câmera, nunca!) da importância dos seus “companheiros” (a quem só dá a bola quando o passe figura mais circense do que a pedalada). Exemplos paradigmáticos do anteontem, do ontem e do hoje do nosso esporte (o bretão), vencedores todos, todos pouco afeitos a treinos “na madruga” (o Gaúcho, ultimamente, depois que os 23 milhões anuais que o Barça paga, tornaram-se mixaria perto dos ganhos extra-campo – e o dia continua com suas escassas 24 horas, ó, Deus!). Por que eles? Porque não acredito (o Fernando idem) em uma palavra do que dizem. O que ouço não tem nada a ver com os absurdos que fazem no ordinário, tampouco com as mensagens que a cara está mandando enquanto a boca articula a decoreba que a preguiça, a desídia, a covardia dos jornalistas aceita como “verdade”, perdigotos quase oraculares (mensagens de impaciência, de soberba, de ironia, de cinismo, ao fim e ao cabo). O russo ao menos deu uns tapas mesmo, a guria ficou magoada mesmo, depois voltaram às boas mesmo, como acontece em qualquer família normal do globo (se ela ainda não deu-se conta, segue o instinto e logo saberá: daqui a alguns anos, quem vai apanhar é ele).

A troupe

Este Zubkov... Os mais exaltados contra o bruto, como sempre, são “os artistas”. O Grbac volta e diz que leu (no Calipso ou na Primícias) que “os artistas” ficaram revoltados com aquilo. Que praticamente nasceram no palco e nunca passaram por nada parecido. Realmente, a troupe costuma começar cedo, pelas mãos dos pais (é uma instituição, isso, como a do estudante-atleta americano, desde cedo, ralando como gente grande, e sem Conselho Tutelar). Para ficar em exemplos brasileiros conhecidíssimos, Sandy/Júnior, Bibi Ferreira, Fernanda Torres, Tarcisinho, Paloma Duarte, Débora Bloch, Sílvia Buarque, Glória Pires, Cléo... Inúmeros. E não ficam só na batatinha-quando-nasce de casa, para entreter os amigos. Vão para a cena aberta! Vão para os estúdios (nada australianos) de televisão! Expostos a tudo o que o diabo gosta. Diz-que é uma gandaia (o Fernando já fez o Pernalonga em uma montagem de sucesso e sabe bem como a coisa funciona nas coxias – ele diz “coxias” e já começa a rir). “Artistas” mirins pode, são uma gracinha. Na hora dos pitos, a câmera não grava. Diz a lenda que uma apresentadora dessas loiras que trabalha com crianças (e ganha dinheiro se fazendo de uma) até fisicamente admoestava os baixinhos que atrapalhavam as gravações com suas... criancices. E, “vamos combinar”, não está na hora do pai do Nélson Ned parar de explorar o menino???

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Gazeta de Alegrete

 
A Gazeta sempre foi o xodó de nosotros jornalistas. Lembro do meu orgulho quando o Tibério (Vargas Ramos, conterrâneo, irmão do Dadinho, saudoso amigo de infância) ensinou para os colegas de Famecos que era (ainda é) o mais antigo jornal em circulação no Rio Grande do Sul.
Além do mais, a Gazeta foi fundada pelo Barão do Ibirocay, tio-bisavô do meu primo Antônio Adolfo, tio-trisavô da priminha Sabrina (a melhor jornalista do Brasil, de malas prontas para uma temporada no Washington Post). Lá trabalhou o Seu João Peres, avô do meu amigo Cajinho Moojen (sócio, comigo e a Virgínia do Rosário, na aventura do Campeador, de 83 a 85, "Um jornal de posição"). E, para completar, um dos atuais proprietários é o poeta Hélio Ricciardi dos Santos, encantadora pessoa.
Pois – como se não bastasse – a Gazeta acaba de contratar como Editor o jornalista Paulo Antônio Berquó Farias, que já estampa no veículo sua reconhecida competência.
O texto abaixo é minha contribuição para a série que a Gazeta está publicando em mais um ano "sesqui" de Alegrete. Saiu neste sábado, 31 de março (não por acaso, texto e data casam).

 

Do “forte sururu”

José Carlos Queiroga
Stalinista-democrático, ex-meio campo varzeano

Não fosse a Gazeta, muito do que fomos teria sido impiedosamente varrido pelo tempo, que usa em nossas memórias, cada vez mais enfrangalhadas, rascantes vassouras de carqueja. Quero lembrar, neste ano de comemoração redonda, um fato bicudo que, sem as reportagens do “mais antigo do RS”, para muitos nem teria acontecido.

No figurino
1970 foi o ano do tri-campeonato de futebol, no México, que os alegretenses entrevimos pela televisão – a imagem entrando (e saindo) em faixas horizontais enlouquecidas, naquele chuvisco característico, como tudo fosse feito de grãos (não só de bois, enfim), os jogadores, uns azougues (mesmo o Gerson). A emoção do jogo final, contra a Itália, talvez só comparável à de um ano antes, quando o homem passeou pela Lua. Porque estando a TV, nas duas oportunidades, mais fora do que no ar, o passeio pode ser visto e atestado por muitos alegretenses à olho nu, ao contrário da final, pois, como se sabe, a tal “altitude” do México não tem essa bola toda.
Outros fatos, no entanto, já vinham movimentando a cidade, de ordinário tão pasmada. Na primeira quadra da Gaspar, então nossa “praça dos patinhos”, fazia-se o footing, bem mais velho que o cooper e essas aeróbicas circulares de hoje, e que era um exercício basicamente para mulheres, tipo casual-comportado, mais de olhos e bocas, saias e cabelos engomados, desfile delas para os de topete acotovelados no meio-fio, bigodinho Errol Flynn, encostados nos com pneus banda branca, as roupas de linho branco, no figurino, amassadas.

De cuecas
Mas houve um ínterim (encaminhando o sururu). De repente, num dado ano dos sessenta, como que assolou-nos uma nuvem de gafanhotos. Veio assim, escurecendo o céu, tal a pior das tempestades e, repetindo histórias anteriores, devorou, em questão de horas, plantações de vida inteira. Uma praga. Pior do que os cascudos dos verões atuais, porque tem praga que pega e, aquela, o tempo mostrou que, além de braba, tornou-se epidêmica (fosse hepatite B, a gente já poderia importar vacinas de Cuba?).
No escuro, cidadãos de até então ilibada conduta desesperaram-se. Consta que, na intimidade do Clube Caixeiral, um associado e um dependente foram repreendidos “por terem jogado cartas somente de cuecas”. Ainda que o Clube já estivesse com a porta principal fechada, os consócios entenderam que houve profundo mau-gosto. Um outro conhecido alegretense vestiu-se de Batman e quis voar da sacada da ZYE-9, que operava no prédio frente ao Caixeiral, ao lado do atual edifício da Gazeta – tudo na primeira quadra da Gaspar, tambor do Brasil.

Armados
Fiquemos por ali, Revéillon de 71 para 72 no popular “Caxixa” (já com o Tri engalanando o peito): a diretoria promove um baile de Natal que agrada a todos e incentiva a freqüência maciça no baile de fim de ano. Mas um acontecimento chocante iria marcar a data e o Clube, talvez o fato mais significativo do período pós-64 na cidade. A presidência lança nota de esclarecimento, dia 3 de janeiro, “dando conhecimento que nenhuma alteração ou perturbação foi registrada nos salões de festas ou no recinto do Clube durante o baile de 1º de ano, com enorme afluência de sócios e familiares, a não ser no momento dos disparos de arma de fogo, que foram dirigidos contra a fachada do Clube, por sobre suas sacadas, onde se encontrava grande número de associados, colocando-os em risco de vida.”
Armas de fogo?... Risco de vida?... A nota agradece “as manifestações de apoio recebidas dos mais expressivos setores e pessoas amigas da Sociedade Alegretense, que assim como a tradicional entidade da rua Gaspar Martins, tão duramente foram atingidas pelo inusitado ataque daquela madrugada.” Encerra informando que o “Departamento Jurídico do Clube já tomou as providências necessárias” e que os fatos “estão sendo devidamente esclarecidos pelas autoridades civis e militares, para que os promotores das desordens sejam devidamente identificados e responsabilizados.”
Em reunião de diretoria do dia 4 de janeiro, “para salvaguardar a integridade de seu vasto quadro social e as boas normas sociais que o regem e de respeito às instituições legitimamente constituídas”, resolve-se “partir para o desarmamento de espíritos” quanto ao fato, em consonância com a opinião do Consultor Jurídico do Clube. A diretoria decide ainda não levar a efeito o baile que seria realizado sábado seguinte, “pelo clima emocional que vive o seu quadro social e também em apoio à promoção do Rotary Club Alegrete – Sul, com seu festival do chopp programado para aquela data.”

À paisana
Voltando ao tiroteio, o fato, em si mesmo injustificável, teve origem no baile do Natal. Um militar vai lá e toma a liberdade de acariciar o ombro de uma sócia que está acompanhada dos irmãos, o que, claro, acaba em briga. Por isso, o mesmo militar e seus companheiros no episódio são barrados ao tentarem conseguir convites para o baile do Revéillon. Segundo reportagem da Gazeta de Alegrete de 4 de janeiro, “os oficiais à paisana, número que não pôde ser precisado, buscaram a adesão de um grupo de soldados, também à paisana, que tomados de solidariedade para com os superiores, acorreram à Praça Getúlio Vargas, dali voltando armados de paus, arrancados dos canteiros”.
Um porteiro daquela época conta que um grupo de associados, revoltado com as provocações e agressões dos militares, “saiu à rua para brigar”. E aí começa de fato, nas palavras da Gazeta, “o forte sururu”. A Brigada Militar intervém. O jornal continua, dizendo que “aproximadamente 20 indivíduos exaltados desacataram a autoridade da patrulha da Brigada Militar, provocando as iras da multidão contra a ação da lei, que procurava limpar a área através de uma ação vigorosa. Os acontecimentos estavam nesse pé, quando ali chegava o Sgtº Lauro, Chefe da Patrulha Militar que atendia a cidade naquela madrugada e um reforço da patrulha, chefiado pelo Cabo Chagas.’
“Nesse momento, a confusão generalizou-se, tendo estourado o tiroteio sem que ninguém soubesse os seus responsáveis. Pelo desdobramento dos acontecimentos, tudo leva a crer que os indivíduos à paisana, convencidos de que a chegada da patrulha militar trazia-lhes apoio, desfecharam a ação final, tiroteando o Ed. do Caixeiral, levando o pânico ao interior do Clube e desacatando em altos brados o policiamento regular da Brigada Militar que havia agido com rigor contra os desordeiros da primeira hora.”

Fardados
Ainda segundo a Gazeta, “alta figura do Exército, pessoa da maior expressão na sociedade local”, estava “visivelmente contrariada com a situação” e com o “vexame a que alguns irresponsáveis lançaram o nome dos militares como um todo e como organização.” O jornal conclui dizendo que fatos como os descritos “estão tendo uma repetição monótona à porta ou no interior de nossos Clubes. Urge uma ação enérgica de nossas autoridades para que acontecimentos desses não venham a se repetir. Dentro em pouco, as coisas continuando como estão, estaremos aqui lamentando a morte de alegretenses”.
As chagas das balas na fachada do Clube Caixeiral ficaram algum tempo à vista de todos, simbolizando didaticamente o momento histórico (e o pessoal todo ainda fardado, “noventa milhões em ação”, a canarinho, só alegrias...). Segundo as melhores fontes do Quiosque, os militares envolvidos receberam transferência. Quanto aos soldados que lhes foram solidários, estavam dando baixa e retornaram para suas cidades na serra.

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De volta do Uruguay por breves dias, dou com a votação da CPMF. Leio uns troços, escrevo o que me vem e à casa torno. Salto é uma beleza nesta época. Quente, mas as águas termais são mais quentes ainda. Hasta la vista.

A nação, a cidadania...

A felicidade do Fernanco Henrique Cardoso era imensa. Em cada foto parecia ter mais dentes. Conseguira fazer com que sua bancada derrubasse “o imposto sobre o cheque”, que criara quando presidente para enfrentar os graves problemas da saúde em nosso país. Seriam 40 bilhões em 2008.
Nunca, na verdade, os recursos da CPMF foram usados apenas para a saúde, mas bem que ajudaram, “só em São Paulo, 18 hospitais foram construídos na minha gestão”, admite Geraldo Alckmin.
Governadores
José Serra, Aécio Neves e Yeda Crusius, os três governadores mais importantes do PSDB, eram favoráveis à prorrogação do imposto. Mas FHC pressionou os senadores que, sob o comando de Arthur Virgílio (AM), um homem singular, que diz conversar espiritualmente com Mário Covas, votaram “contra” em bloco.
Tudo para a saúde
Mesmo o presidente Lula tendo enviado carta ao Senado comprometendo-se a canalizar 100% do arrecadado para a saúde, sugestão de Serra, dando à CPMF, “pela primeira vez, a destinação plena para a qual foi criada” (ZH, 14/12/2007, Editorial, p.16). O historiador Marco Antônio Villa declarou que nunca vira algo parecido acontecer, “um presidente enviar uma carta e, mesmo assim, não conseguir aprovar a medida”.
O ex-sociólogo
Mas o que diz FHC?
“Era evidente, há tempos que a cidadania cansou de pagar tributos”.
De que “cidadania” estaria falando? O imposto do cheque é proporcional ao valor do cheque, paga mais quem movimenta mais, movimenta mais quem tem mais. É proporcional, democrático. A FIESP também estava contra. A maior parte dos brasileiros não preocupa o ex-sociólogo, pois a esses milhões, que não têm talão de cheque, certamente farão falta os recursos que lhes proporcionariam algo da tal cidadania, que começa pela saúde.
A verdadeira verdade
Mas qual a razão verdadeira da cruzada de FHC?
Está na ZH de 16/12, p. 06. Um parlamentar gaúcho ouviu dele o seguinte argumento: “Este é um momento político, a decisão é política. Precisamos olhar também para a eleição, não só para a nação”. Segue a matéria: “FH demonstrou preocupação com a fartura da arrecadação de impostos à disposição de Lula. Disse que seria um erro político ignorar o fortalecimento do petista”. Darcísio Perondi (PMDB-RS) apela a Alckmin, que é médico, como ele próprio, mas o homem dos 18 hospitais está irredutível: “Com a CPMF, Lula fica 20 anos no poder”.
Índices
Não fica. Não pode se reeleger pela segunda vez. Se pudesse, a julgar pelas pesquisas, ficaria. Todos os institutos apontam para uma popularidade extraordinária (em torno de 65% de aprovação), mesmo depois de cinco anos de governo. A economia só cresce, o salário mínimo tem o maior valor real desde o golpe de 1964, o “risco Brasil” (!!!) é cada vez menor... Só 12% dos brasileiros acham que a vida piorou nos últimos dois anos. Deve ser essa a parcela “cansada” da cidadania a que Fernando Henrique se refere. (Com a derrota da CPMF, as bolsas sentiram, os investidores tremelicaram... Felizmente o governo governa bem e saberá como sair dessa.)
Diabinho ressentido
O que cada vez mais incomoda é a figura de FHC como um diabinho ressentido lutando diuturnamente para solapar nossos avanços. Se sente que seu governo está sendo diminuído pela administração do torneiro mecânico, paciência, “o que se foi, nunca mais será” (já dizia Mário Bárbara). Por que não usa seu prestígio internacional para engajar-se em lutas de amplo espectro, como costumam fazer os americanos, por exemplo – Carter, em prol dos Direitos Humanos e da Democracia, Al Gore, em favor do ambiente?... Poderia lutar pelo Brasil em muitas frentes, tivesse a estatura pessoal que, lá pelos anos 70, achávamos que possuísse. Poderia, não fosse este ególatra patético atravancando a pauta de picuinhas.
As desrazões da base
Claro que a “base governista” também contribuiu para a derrota da CPMF. ZH expôs os motivos de cada um dos sete que divergiram. Razão verdadeiramente nenhuma, como se estivessem tratando de questões pessoais (como FHC, só que sem pose):
1) o senador do PMDB do Acre porque disputa por lá com um petista; 2) Mão Santa, do Piauí, porque acha que perdeu o governo do seu estado para o PT porque o PT apoiou o PT; 3) o baiano César Borges foi ameaçado de perda de mandato, pois trocou recentemente de partido (ah, e está magoado porque não subiu ao palanque presidencial quando da comemoração do carro 1 milhão da Ford em Camaçari); 4) o do PR de Rondônia acha que o do PMDB de Rondônia tem muitos cargos no Departamento de Transportes do estado e ele nenhum; 5) Romeu Tuma também foi ameaçado de perda de mandato pelos mesmos motivos do baiano, além disso, está brabo porque o filho, o Tuminha, que tem cargo no governo, ainda não foi, no entanto, nomeado para uma diretoria da CEF; 6) o do PTB de Roraima foi retirado da Comissão de Constituição e Justiça e revidaria (não estava em plenário); 7) Jarbas Vasconcelos, PMDB-PE, é oposição ao Planalto e pronto (ao menos tem lógica, método, sei lá).
Gaúchos
Lindo nisso
tudo foi o comportamento dos gaúchos. Paim, Zambiasi e Simon, um de cada partido, adversários na política local, todos votaram a favor, entendendo que o tema, que o mandato, estava, está acima das questões pessoais.
Cangurus
Para quem
gosta de “copiar” países “adiantados”, na Europa e nos EUA se paga muito mais imposto do que no Brasil (porque lá os impostos costumam ser pagos) e a Austrália tem imposto sobre o cheque.
A sonegação, sem a CPMF, agora campeia, soberana, muito mais para os que têm bons advogados,como sempre.
É como diz Don Bagayo: “A ‘contramão da história’ foi inventada pelos ingleses, que dirigem ao contrário.”
E o Xiruzinho Ubaldo: “Esses australianos... Têm a CPMF deles e o bolsa-família, porque aqueles cangurus, quantos vivem dentro?...”

 

 

CPMF

ADIB D. JATENE , 78, cardiologista, professor emérito da Faculdade de
Medicina da USP, foi ministro da Saúde e Secretário da Saúde de São Paulo.
É o idealizador da CPMF e o autor de um texto em sua defesa publicado recentemente nos jornais paulistas. Abaixo, parte dele.

 “...Essa realidade perversa -menos de 20% da população tem todos os recursos mais modernos, enquanto 80% sofrem todo tipo de restrições- é difícil de ser aceita como razoável. Por isso venho, há muito tempo, tentando
convencer os que vivem com conforto e com os mais modernos recursos de
saúde à sua disposição de que a distribuição dos recursos é injusta e
não pode ser perpetuada.

A discussão sobre a prorrogação da CPMF mostra claramente isso. A
parcela mais bem aquinhoada da sociedade -a que financia as campanhas
políticas e sustenta a mídia- lança mão de todos os recursos para
subitamente constranger o governo a abrir mão de cerca de R$ 40 bilhões,
quase a metade destinada ao SUS, e não se constrange de induzir pessoas
que dependem desses recursos a assinar listas e mais listas,
convencendo-os de que estão sendo explorados.
 
Não tenho dúvida de que o chamado excesso de arrecadação ocorre porque a
eficiência da Receita, nos três níveis de governo, graças à informática
e aos cruzamentos possíveis, está resgatando parte da sonegação, que
permitiu a escandalosa concentração de renda existente no país.

Todos os argumentos contra a CPMF vêm sendo repetidos desde quando a
propusemos, em 1995. Nenhum dos argumentos catastróficos se confirmou. O
país nunca exportou tanto, o saldo comercial vem ano a ano crescendo, a
dívida externa, que em 2002 era de 43% do PIB, é hoje de 14%. As
reservas do Banco Central atingiram inacreditáveis US$ 170 bilhões, a
taxa de inflação é a mais baixa dos últimos 30 anos e a indústria
automobilística produziu neste ano, até aqui, incríveis 2 milhões de
carros. Portanto, não se confirmam os prejuízos apregoados. O que é
inegável é que a CPMF é um indicador da sonegação.

Quando de sua regulamentação, foi proibido, na lei, o cruzamento de
informações para efeito de Imposto de Renda, afinal revogado quando o
secretário da Receita à época mostrou que, dos 100 maiores contribuintes
da CPMF, 62 nunca tinham pago Imposto de Renda e que existia
microempresa -que, para ser micro, não podia movimentar mais que R$ 120
mil/ano- que chegava a movimentar R$ 100 milhões/ano. O simples
cruzamento de informações elevou a arrecadação de cerca de R$ 7 bilhões
para mais de R$ 20 bilhões/mês.

Quero crer que a luta pela extinção da CPMF, isoladamente, não tenha
relação com o fato de ser um eficiente indicador de sonegação, mas
esteja vinculada à idéia -para mim, equivocada- de que a carga
tributária é muito elevada e toda redução é bem-vinda. Sou dos que
acreditam que a carga tributaria é elevada para os que ganham pouco e
baixa para os que têm muito, daí a concentração de renda.
Melhor seria se o esforço que está sendo feito para extinguir a CPMF
fosse dirigido para uma discussão séria e abrangente da sempre lembrada
e nunca conseguida reforma tributária, capaz de compatibilizar os
recursos públicos com a riqueza ostensiva de parcela minoritária da
população...”

 

ÊXODO

Notícia curiosa corre, in off, pelos gabinetes mais conspícuos: os chefes das galerias estariam exigindo (com toda sua vassalagem, claro) transferência para prisões do Pará.

 

PS

O titular desta página continua afastado. Foi para o Salto, Uruguay, e não dá sinais de que pretende voltar.

 

 

blanca

 

Blanca no Museu do Esporte

Já não era sem tempo, Blanca Maria vai para o Museu.
Puro pé-de-galinha, certamente que a mais velha das filhas da Fani merece. Sempre gostou de jogar bola, a guria. Arrebentava o portão da Venâncio a botava a culpa na Iris, que, imagina!, até quebrou o dedo jogando newcomb (que chamávamos de "níucon" e era uma pasmaceira só). Dizem que o Museu é uma beleza (bueno, o lugar é uma beleza). Fica no Shopping Total.
Blanca canta lá dia 26 de outubro, sexta próxima, das 20h à meia-noite.

E bem acompanhada. Mas não me perguntem por quem. Quando Blanca pisa no palco, ofusca os holofotes. A Emilinha (Borba) nunca correu o risco de dividir cena com ela e a Elis, quando surgiu, fugia léguas. Esperta, a Elis.

 

 

camtopri

Répiáur

Blanca – “antepática!” –, depois de muito fazer sebo com esse negócio de datas, agenda cheia e tal, achou uma horinha pra vir cantar na Belazarte, a melhor livraria do Brasil...
(Leia mais na pasta da Livraria.)

nosquatro

Primavera no MAARA

Sexta-feira, 21, aconteceu a solenidade de abertura da estação, com as mostras “Arte Alegretense Hoje I”, que distribuiu, nas quatro salas de exposição do museu, quatro leituras artísticas do meio ambiente, por (a partir da direita na foto acima) Tereza Elesbão Sbrissa, Maria Águeda Alves, Nara Gonçalves Tubino e José Carlos Queiroga (este que vos fala).

Quatro elementos
Carlos Roberto Leães, o responsável pela área no Museu de Arqueologia e Artes Dr. José Pinto Bicca de Medeiros, explica que cada autor tem uma sala para mostrar seus trabalhos dentro do tema proposto, “sendo que cada uma delas traz o nome de um dos quatro elementos da natureza ensejando uma concepção, um ‘olhar’ a respeito”. Assim, Maria Águeda escolheu o elemento água, Tereza, o elemento terra, Nara, o elemento ar e José Carlos (quem vos...), o elemento fogo.
As planuras do pampa e os cavalos que as palmilham, marcas de sua pintura, dão lugar a outro mar nos trabalhos de Maria Águeda, mar-mar, mas com a mesma força indomável, cujas pinceladas emotivas convidam o apreciador à mesma onda.
Tereza continua com os pés na terra, só que uma terra muito particular, que busca com seu primor técnico na imaginação. Não é daquelas artistas que finca cavalete no jardim para pintar flores. Ela sabe de flores. Ela as conhece intimamente. Poderia pintá-las de olhos fechados – e, talvez, é como o faça.
Já Nara tubino é irrequieta e está sempre a experimentar. Ainda há pouco, andou transitando pela arte pré-colombiana, misturando materiais, pintando e bordando, literalmente. Algo deste impulso para o novo trisca os céus de sua escolha. Nada no ar, no entanto, viagem com destino certo.
Quanto a José Carlos – segundo sua mãe, “sensacional”, na opinião de suas irmãs, esposa, filhas e netos, “pinta melhor do que Picasso”, e, conforme o abalizado primo Pepe Fernández, uruguaio de Salto, “fabulosso” –, nada diremos neste espaço, por imposição ética.

Reconhecimento
O evento faz parte da programação Demu-Iphan para 2007, o que é muito importante para o museu, como que um reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional ao trabalho feito.
O MAARA funciona de segunda a domingo, das 9h às 17h. A exposição vai até 20 de outubro.

Reencontro
O bom desses eventos são os reencontros que propiciam. Imaginem que há muitos anos não falava com ninguém dos “guris do Bacachiri”, os irmãos da Nara, que vieram todos para a exposição.
Pois continuei sem falar com eles, a não ser por duas ou três palavras rápidas com o Polaco. Naquele monte de gente, acabei perdido. Refugiei-me mesmo na sala a mim reservada, limitando-me a conversar com um ou outro amigo que chegava (e foram inúmeros). Pra completar, a Laura Prates fez umas coisas de comer que estavam uma delícia. Fiquei empanturrando-me no meu canto. Pena que não deu pra trazer nos bolsos (ainda bem que sobrou e, no outro dia, a Ayda foi lá buscar mais um pouco – nem chamei a Viscondessa, ia comer tudo sozinha).
Só soube que os outros guris também estavam lá quando a Nara veio me mostrar as fotos. E como um abraço geral de mim para eles todos, aqui vai a foto familiar. Da esquerda para a direita: o Nico, a Brinalda, o Castelar, a Sônia, o Gote, a Nara, o Nando, a Eliane, a Vera e o Polaco.

nara

 

Grandes temas
Cobram-me que não tenho tocado nos grandes temas (pitbulls, rotweillers?) neste espaço. Pois bem. Aí vai: diante do assalto a que foi submetida aquela mãe, em Porto Alegre, que agarrou-se ao carro para impedir que levassem-lhe o filho, dou o braço a torcer: baixem a maioridade penal urgentemente! Para 12 anos, que era a idade de um dos bandidos. É, 12 anos está bom. Se bem que, esses dias, um de oito andou matando em São Paulo ou no Rio. Exceção. A regra é 12, por aí. Fiquemos com a regra. Bom senso, afinal. Agora... Esses pitbulls estão exagerando, não?!... Cinco anos, seis... Assim, a credibilidade vai-se.

 

Blanca – o retorno

blanca

Neste dia 15, às 20 horas, no Museu do Esporte (Shopping Total), Blanca Queiroga estará apresentando seu show de bossas novas e outras mais, convidada que foi por João Bosco Vaz, maravilhado com a voz da moça.
Com a morte de Pavarotti, especulou-se que Blanca brindaria a platéia ao menos com um dó de peito, mas ela negou enfaticamente:
– Dó, até dou, mas de seio, sem respeito! Não vê q ue a Mãe Fani fica braba!?
É que o especulador prescrutava (pelo decote) como que o íntimo da cantora que, como se sabe, não usa sutiã (e nem cinta-liga!).
O local é bastante apropriado, pois Blanca sempre foi ótima atleta. Vôlei, futebol, atletismo, natação, bolita. Uma vez, correndo sobre obstáculos na Vila Militar, em Alegrete, caiu de-a-cavalo num portão e teve que costurar com linha preta. Outra vez, velocista, deu de cara com um fuca na João Alfredo e foi parar no Pronto Socorro. Mas venceu. É uma lutadora e, como o Roberto, tem um lapso na perna, que ele, vaidoso, preencheu com borracha, mas ela, não.
E se dizem, “Olha lá a renguinha!”, ela dá de ombros (que sofrem de geometria crônica, coluna) e segue em frente. Ela canta. Canta e basta. Divinamente.
Ótimo programa para o sábado em Porto Alegre.

 

Lançamento em Manoel Viana
Dia oito de dezembro, em Manoel Viana, será lançado o número especial da Tudinha referente a 2006, além de Código Da Vinci: a vingança de Cangaya, novela de José Carlos Queiroga (EU), e A Ilusão Eleitoral, acurada análise política de Gilmar Martins.
O Instituto Cultural José Gervasio Artigas comparecerá em peso ao evento, eis que Laerte Totoca Dorneles, com 128 quilos, virá especialmente de Novo Hamburgo. O Éden Caldas e os demais amigos daquelas plagas preparem-se – desta feita, vamos em bando.

Manoel Viana, sim, mas e Alegrete, nada?
De jeito nenhum! Imagina!
Semana que vem acertaremos o lançamento na terrinha, provavelmente para o dia seis, no Museu de Arte (ali no Bolão). Já estamos em adiantadas negociações com o Bebeto Leães.

Palestra
O que já está acertada é a vinda do uruguaio Rodolfo Porley Corbo/Comunicador Investigador Independiente, que falará aos estudantes de História da Urcamp e demais interessados sobre os Charruas e o contexto da época de Artigas (início do século XIX). O assunto a todos nós diz respeito, já que, não fosse o Andresito atacar a Capela às margens do Inhanduí, provavelmente nossa rica cidadezinha ficaria por lá mesmo, local – "vamos combinar" – muito mais chinfrim.
A data da palestra ainda é incerta, mas deve ser na quarta-feira, no salão de atos da universidade. Serão distribuídos certificados pelo ICJGA aos que comparecerem na linda noite (deu na Internet, sem chuva, céu claro e estrelado).

 

 

 

 

Blanca no Cidade Bossa

Neste Sábado, 18, Blanca Maria volta ao prestigioso palco do Cidade Bossa, acompanhada, como sempre, por Paulo Lata Velha no sax e Edu Colvero ao violão. Blanca está feliz com a tatuagem nova, logo o show promete. A família garante que ninguém sacudir-se-á em convulsões lacrimais ao som de Eu sei que vou te amar, eis que a mana Iris e a mãe Fânia não estão em Porto Alegre. Mas os primos Santiago e Ana Thereza deverão comparecer, assim como a amiga Virna, e já serão três a rir, garantindo um ambiente alegre. Aproveitem e aproveitem, porque Blanca estuda convites para além do Mampituba. Vai e volta, claro, mas sempre é bom ouvi-la enquanto é simplesinha: quem garante que será a mesma ao retornar? Pode ficar cheia. E, todo mundo sabe, não existe nada pior do que o cheiume (noves fora a flatulência, o mau-hálito e o vômito descontrolado).

Semana que vem, falamos da Feira do Livro de Porto Alegre e dos lançamentos do Instituto José Artigas programados para Alegrete.


 

 

Tá pelada a coruja

E não sou eu quem o diz, mas MMGoncalves, amigo do peito do galo missioneiro,
como bem mostra a foto num convescote gaúcho.
Por que a fujona, democraticamente, não está na foto?
Porque é paulista.

 

MM oferece um costilhar pro taura, que, cavalheiresco,
tira um naco pra patroa (de cor-de-rosa).
Por que a fujona, democraticamente, não ganha seu bocado?
Porque não ia engraxar-se, podre de chique coisa muito séria.

 

A vice se lambuzando, todos de boca cheia, uma festança bem do povo. 
E só então o guasca corta o seu, da minga, este conhece!
Por que a fujona, democraticamente, não foi ao acampamento?
Porque no chão campeiro do parque da Harmonia, com certeza ia-se a alma do saltinho 15.

 

MM e Olívio Dutra, depois de trocarem fios de bigode na atávica "ermanação".
O de Bossoroca é bem dos nossos, sem frescura, inteiro ali no sorriso.
Por que a fujona, democraticamente, não, também, nos abraça?
Porque, na fuga de um debate, escabelou-se, e, escabelada, nem morta!
Por que não manda o vice, um jovem tão madurão de careca?
Bem capaz! Pois quer privatizar o Banrisul.
Coisa feia! A Cony é feia mas tá na cara. Não tem nada a esconder mesmo...
Por que não manda então o paulista, todo cheio de balaca, amigo do FHC?
Tá louco! Este, se deixam, privatiza até o Rio Grande (e nos vende pra São Paulo).

É domingo.

 

 

Holdinglobalização virótica

“A imprensa é o quarto poder”, ouvimos o eco da história. Ou, ainda mais crônico: “A imprensa é como Dom Pedro I, com aquele penacho bonito no cavalo napoleônico, bem tipo ‘poder moderador’, a comitiva revoltosa”.
Depois vieram os cientistas da comunicação e Goebbels, Walt Disney, os programas barbies, o Jornal Nacional...
Há algum tempo, quando me diziam alguma barbaridade, eu perguntava: “Donde?”
A fonte, o veículo divulgador me diria se era ou não caso para enxaqueca.
Hoje, nem pergunto, já vou tomando meu remedinho, pegando a bolsa com gelo, o lenço molhado e zupt pro quarto escuro.

Aprioris

Cada vez mais confirma-se, na prática, o bordão dos teóricos de que “o meio é a mensagem”. E não falo do jornal ou da TV, mas de determinado diário, de específica emissora (o particular do geral pejado).
“Ora, então assina outro, troca de canal!”, algum bem-intencionado receita-me. E eu me pergunto: qual? Qual?
Não tem escapatória.
Não na Grande Imprensa (que é a da grande penetração, dos grandes interesses, dos grandes lucros e, por conseguinte, dos aprioris inegociáveis).
O que esses grandessíssimos fizeram nesta eleição...

O carimbo

Alguém alcançou-me uma nota a respeito, parece que do Terra, e calha, bem pés no chão. Diz que o Observatório Brasileiro de Mídia, debruçado sobre a cobertura eleitoral, concluiu que houve “desigualdade de tratamento das candidaturas”. Na semana que antecedeu o primeiro turno, Lula teve três vezes mais matérias negativas divulgadas do que Alckmin. Agora, no segundo turno, segue o baile.
Alguém pode estar pensando, “Sim, mas o dossiê...” Qual deles? O que mostraria as sanguessugas, Serra e Alckmin na mesma fita?
“Sim, mas o dinheiro?” Qual? O último bolo ou os bolos um pouco mais antigos
(ou mais chiques – tinha até “dez real” mas nenhum dólar naquela foto)
nunca impudicamente divulgados?
Roda por aí um adesivo em que o sinal de PARE carimba a mão com o dedo faltante do presidente. Num vu!, lembro de dois filmes: “Eles não usam black-tie” e “O homem que virou suco”. Emblemáticos.
Quando o Lula foi eleito, a miuçalha refestelou-se: “Um como nós!...”
Enfim, por artes da identificação, da projeção e todas as demais que as catarses lúdicas sugerem ao sonho, o Brasil incorporava os brasileiros informais à cidadania.
“Jura!”, diria a Rosângela, que sabe bem o que é o dia-a-dia periférico.
O carimbo vem do berço, não sai nunca.

A pimenta
Dom Pedro, como Dom Sebastião, ambos idos e não voltados, devem ter consigo levado o tal poder da moderação (se é que existiram, poder e imperadores, numa só coisa, reinante e governante).
Se formos entrar no lodoso terreno das pesquisas, que tanto mais erram quanto mais a grande mídia mancheteia a inescapável verdade dos cabalísticos números, bueno... Coitado do Rigotto. Até chorar, chorou. É que, agora, ardeu-lhe a pimenta.
Se há hierarquia de poderes na aldeia global, na economia global, na holdinglobalização virótica que vitima a espécie (e as subespécies “tropicais”), o da grande mídia (grandessíssimas empresas), certamente não é o quarto.

Paulistas

Pra completar, referindo-se ao provável barulhaço que a torcida do Grêmio faria diante do hotel dos são-paulinos, pra que os jogadores não dormissem e, por insones, jogassem mal, respondeu o dirigente deles: “Não sei se chegou até aí (aqui, ao Rio Grande), mas já existe janela anti-ruído”.
Não contente com o chiste depreciativo, emendou: “Sou um crítico dessas confusões de torcida, de rivalidade Gre-Nal. Se os clubes do Sul não tirarem o ‘gauchês’ da primeira pessoa não se nacionalizarão. O São Paulo é um clube de âmbito nacional, não entra em regionalismos extremados”.
Só podia ser paulista.
A torcida Gre-Nal cultiva uma rivalidade que passa ao largo dos PCCs das organizadas bandeirantes, hordas que muitos já “apagaram” só por vestirem a camiseta do rival.
Nosso ‘gauchês’ é honroso e intransferível! Não vem que não tem.
Só podia ser paulista, como o Alckmin e a Yeda.

 

 

Observem o susto da Fânia. O que a deixaria tão assustada? Vejam abaixo.

 

Castração no Mariano Pinto

Arlênio Rubi & Pandilha fizeram das suas novamente. A estrepulia deu-se no Mariano, local deveras bucólico e fresco quando os referidos ventenas não nele estão. Pois, desta feita, estavam. Entraram no quibiahuhu e já foram dando de mão na xerenguinha e capando tudo quanto é bola do recinto. Capavam e comiam, sangue e gema escorrendo qual raiado ranho direto pro bucho, dentro – fora, nos bigodes e nas bastas barbas, o sebáceo bom coalhando que nem goma-arábica, craveira dos tauras daquelas e d'outras bandas. Assim que... Bueno... Tá olhando o quê?!... Vai querê?!...

Quem do rebanho copou, assim acabou.
Vendo, da Dolly, a esfoladura, foi que a Fânia, que nasceu pra enfermeira, assustou-se.
Mas logo pegou a maletinha e com pomadinha, uns chumacinhos de gaze e duas ou três tirinhas de esparadrapo, deu um jeito na coisa.
Beleza, Fânia! (Ela votou na Manuela.)

 

 

As fotos acima, que recebi da Eliane Rubin, de tão incríveis, falam por si.
Eles perderam totalmente a vergonha.
Agora são os índios. Quanto falta para que abram fogo contra os negros, as mulheres, os velhos e as crianças?
Serão, os da celulose, homens de papel?
Ao menos, por aqui, estamos livres da praga do eucalipto. Nenhum gaúcho de cepa permitiria a devastação do pampa farroupilha!

 

 

 


Minha filha Isabel com seu deputado, Raul Carrion.

 

Domingo
 
Nunca vi, nem na eleição Lula-Collor (da famosa edição cretina do debate), massacre igual perpetrado pela grande imprensa brasileira contra um candidato.
Até caravana pelo Brasil a Globo inventou para mostrar "os problemas do nosso país", como estradas, analfabetismo, fome, desemprego, etc. Problemas que o atual governo enfrenta como ninguém antes, e estão aí os índices a comprovar (em diferentes e confiáveis sítios da Internet, por exemplo).
O Jornal Nacional desta sexta que antecede o pleito foi um exemplo de como não se deve fazer televisão. Lula não compareceu ao debate, como FHC o fizera na mesma situação – reeleição praticamente assegurada no primeiro turno. Mas era FHC, o candidato dos bem-paridos. Tratou-se de diminuir a importância da ausência. Agora, com Lula, o que era tática inteligente transformou-se em "óbvio desrespeito" ao povo brasileiro.
Não sei o que vai dar. Mas os manda-chuvas midiáticos (e seus fundos empresariais) fizeram bem o trabalho sujo. Podem deitar no sofá fofo e esperar os números com a consciência (ou o que tenham implantado em lugar dela) tranqüila. As modernas máquinas farão o resto, segundo a programação estabelecida.
Bom se tivéssemos, também, as cédulas eleitorais com o retrato físico de nosso voto. Assim, poderíamos mostrá-lo a todos, brandi-lo como bandeira, exibi-lo junto aos demais documentos que nos identificam enquanto cidadãos. Mas não, sequer uma notinha como as de supermercado – para o caso de ser necessária uma recontagem, algo assim.
Em 22, Vasco Alves foi morto na Intendência de Alegrete, no entrevero do tumulto que se seguiu à fraude eleitoral que dava, no maior reduto maragato do estado, vitória ao chimango de sempre. Meses depois estourava a revolução de 23.
Mas isto é coisa do passado – e deve ficar lá guardada, chega de sangue.
De sangue e de fraude.
Meus votos, para quem quiser saber: Lula, Olívio, Rossetto, Manuela e Vilaverde.
E que Deus nos...
E que Deus não se meta!

 

O Seu Ely

O Seu Ely Pedrozo faleceu dia 21, quinta-feira, em Porto Alegre, sendo sepultado na manhã seguinte, em Alegrete, terra que adotara como sua há tempo demais para que a morte, esta minúcia, interrompesse o infinito em curso.
Seus 77, quase 78 anos, viveu construindo, tecendo, plantando, como bom amador nessas coisas de reunir gente – que é nossa única tarefa, se a temos, cuidando que os afetos jamais transformem-se em moeda de troca.
Conheci o Seu Ely no escritório de negócios rurais onde, aposentado do banco Sulbrasileiro, juntavam-se os inúmeros amigos daquele senhor de bastos bigodes e sorriso afável. Mais para um cafezinho e o descompromisso das conversas, penso eu, tal o desprendimento pessoal com que tratava a tudo e a todos, conquistando-os, e logo conquistando-me – minha mulher, então, era como uma filha e, sei, acaba de perder novamente o pai.
Há alguns anos vinha sofrendo problemas de saúde que agravaram-se, inapeláveis. À esposa, aos filhos, netos e demais familiares restam os recônditos da memória onde podem reviver momentos e imaginar outros, sempre bonitos.
Bonitos como o da foto acima, o Seu Ely e a Dona Heleine, jovens confiantes, rumo ao futuro. Reparem com que ternura, o futuro, a seu modo sonhavam. E foi assim que o realizaram juntos, e o compartilharam.
Se a completude da vida em cada vida pulsa e, uma a uma, sopra-lhe – vida! – o ar de que seu vôo faz-se, então a noite não é noite, a morte não é morte, e ainda dão-se as mãos os mesmos anjos constelados.
O sol, como sempre, está para nascer, porque amanhã é manhã sempre.

 

Blanca, o retorno

Não sei se perceberam, mas este violão não tem caixa. Nunca vi violão sem caixa. Tá nos tocando é flauta! A voz, no entanto, reconheço. E a voz é bem dela, enche a caixa toráxica (habitat do caráter, seio coronariano), alvoroça os sentidos...
"Mas ela tinha é que cantar pelo ventre, como as que dançam...", palpita uma obesa.
"Só se fosse com o teu, onde bem cabe uma Ospa inteira..."
Brincar com o que é brinquedo, tudo bem, a gente "güenta", a não ser que seja com esses que custam os olhos da cara, de motor e fala...
"Se custam os olhos da cara... Ah, desculpe. Entendi. É ceguinha que nem aquela que cantava música do Roberto. Claro, tá de óculos escuros!..."
Então resolvemos publicar a foto lá no alto, para desmentir a que está logo acima. Porque esta guria é completa, e aprendeu de ouvido. Quando saía pra aula, no Leopolda Barnewitz, ficava dormindo na casa da Dona Maria, do Seu Elói. Às vezes matava no "arabiano", estudando a fala dele, a prosódia estranha, os arabescos do tom, cheia de jerrys a feirinha, por entre o "abobral".
E anda com a agenda, bá!
Neste sábado, 16, canta no Cidade Bossa, com o Edu Colvara (violão) e o Paulo Lata Velha (sax). Dia 28, no Avohai Espaço Cultural, assim como no dia seis de outubro. Dia 14, volta ao Cidade Bossa. Sempre com o Edu e o Paulo.
Já neste show de agora vai dar uma palhinha do quanto é sabida em línguas. Só duas, porque é um intróito: Gracias a la vida e La llorona. Inglês, francês, japonês e javanês ficam pra depois. Escolheu o espanhol para homenagear a Irisnel e a Fânia, que apreciam muito essas coisas paraguaias e chegam de Araraquara especialmente para o espetáculo.
O Cidade Bossa (como o Avohai) fica na Cidade Baixa, que é como o Baixo Leblon, só que com maior qualidade de vida. Não deixe de dar um pulinho por lá, é intimista, íntimo e meio-meio escuro.
 
Tânia
 
Pois a mana Blanca deu-me a notícia da morte da Tânia Carvalhal, Doutora em Letras, minha querida ex-professora na Ufrgs. Foi ela, num dia qualquer dos iniciais anos 80, que chamou-me depois de uma prova para dizer que eu deveria escrever ficção, que meu texto era naturalmente literário... Foi então que pus, seriamente, mãos à obra. Como não acreditar na Tânia, firme e doce que só ela mesma, chique, educadíssima. Mas "chique" de quem, tendo vivido em Paris, sabia que é dentro de cada um de nós que devemos buscar a "luz" (nem que alumie apenas nossa aldeia ou, mais certamente, nosso caderno, pautado, de prosaicas notas).

 

 

 

15
Meu neto Eduardo fez 15 anos no último domingo. Há 33 anos atrás (a idade de Cristo), fiz os meus. Dou uma olhada comparativa nas fotos das comemorações e sinto que nada significativo mudou de lá para cá: os mesmos amigos do peito, a mesma cerveja, o churrasco, a pose de parecer mais velho (que, de minha parte, abandonei diante da realidade muito mais efetiva).
Sei que a Júlia (neta do Cajinho) estava presente. Então busquei a foto dos dois num dia qualquer acontecido há mais de uma década. (As outras fotos são do Eduardo e do João, o outro neto, que faz três anos em outubro; dele abraçado à vó Ayda, a mãe Caroline sentada à mesa; dele sozinho, acima, sorrindo, o que felizmente é mais raro diante da máquina do que no usual convívio.)
Impressionante como “el tiempo pasa y nos vamos poniendo viejos”. Mesmo a canção de Pablo Milanês que cito, “Años”, parece o eco de uma outra vida. Então eu nem imaginava que tinha próstata ou alguma possibilidade de desesperança, a cabeça com as idéias num futuro de sonho. (Se acordei? Pois sim. Nunca!... Mas isto é outra “viagem”.)
Neste fim de semana, o Eduardo me diz que vão fazer outra festa, “para terminar a cerveja”. Tem sentido. Cada copo a um dado evento liga-se, inescapável (logo a necessidade de dar baixa na data gole a gole, de modo a não trancar o curso do tempo, aproveitando-o).
Melhor assim. Melhor que nada fique pendente, para que, diante das sempre renovadas dúvidas e dificuldades (vinho?, champanha?...), os jovens, ágeis, tenham um arsenal de prontas respostas, ânimo para vencer a tentação das respostas prontas.
“Beber com moderação” segue valendo, é um slogan bem intencionado. Aos 15, no entanto, fazendo 15, é sempre hoje a vida. E eles, sem a preocupação obsedante com o amanhã, nem sabem o que é ressaca.
Saúde!

Moral

A Martha Medeiros, em um ou dois dias da semana, ocupa o espaço que é do Veríssimo, à página 3 de Zero Hora. Nada mais contrastante: ela, ligeira, superficial, meio “fora da casinha”, como se diz por aí; ele, sempre lúcido, “reserva moral do país”, segundo uma enquete de revista semanal feita há alguns anos. E o assunto é justamente a “moral”.
“O menos pior” é o título da coluna de Martha publicada na véspera do emblemático 7 de setembro.
Começa dizendo que o Brasil é “surpreendente” e que elegeremos um presidente que “representa uma das gestões mais corruptas da história do país”. Ressalva que não foi a “única corrupção”, mas que desta vez “a gatunagem foi esfregada na nossa cara”. E não pela “’transparência’ do governo, que por eles seguiria tudo na moita, como sempre foi” mas por “mérito” da imprensa.
No segundo parágrafo diz que a provável eleição de Lula “significa que a corrupção não é um problema assim tão grave para nós”. E ajuíza: “Se fosse, o povo se manifestaria, daria o troco impedindo a reeleição, provaria que ainda sobrevive em nós algum caráter e discernimento (sic)”.
Fala em “mensalões”, “valeriodutos” e reforça que com a reeleição de Lula, “a corrupção está sendo não só aprovada, como estimulada (sic)”, que “perderemos a razão para nos queixar”, que tal queixa tinha que consubstanciar-se “no voto”, que, diante de novas denúncias, não teremos o direito de “nos escandalizarmos (sic), de nos revoltarmos (sic)”, que “reelegendo o Lula, estaremos compactuando com o que aconteceu e com o que vier a acontecer”, que “antes tínhamos ilusões (sic), agora temos conhecimento (sic)”.
Para encerrar, diz que a ela “pouco importa quem vais vestir a próxima faixa presidencial (sic)”, uma vez que o voto não vai dar a resposta que ela crê necessária aos “escândalos” recentes. Que “o brasileiro poderia demonstrar sua índole e provar que não é assim tão sonolento”. Que “qualquer outro candidato... haveria de ser mais temente, haveria de nos respeitar mais”. E encerra com o vaticínio de que “vamos nos refugiar no silêncio” (sic) e que somos “uma nação de conformados”.

O texto é tão descabelado que dir-se-ia a mulher estar fazendo teste de cúper sem coque ou esses prendedorzinhos de cabelo enquanto escreve, as melenas obnubilando as vistas aos laçaços, um perigo, além de nada féshion. Espera-se que, ao menos, a indumentária seja combinante, bolsa com sapato, algo de pink, porque é primavera!
E, de fato, após denodado exame, no tocante à “combinação” o texto está impecável, asneira atrás de asneira, do começo ao fim.

Não vou ficar gastando pólvora em chimango, nem precisa. O Veríssimo, no dia seguinte (o da pátria de coturnos), escreve mais uma lapidar crônica, “Dos usos do moralismo”.
Começa pelo óbvio, que “espera-se honestidade e ética de qualquer governante... ou médico ou manicure”. Que “um comportamento moral generalizado é um requisito mínimo para a convivência, com ligeiros ajustes para a hipocrisia e a mentira social” (sus!). Que a moral, como tudo, é “uma questão de perspectiva”, pois “você pode viver no país mais imoral do mundo, nascer e viver em meio à injustiça mais obscena e à miséria mais pornográfica, sem se dar conta disso” (sus!).
Diz mais, que “o objetivo do moralismo não é, necessariamente, a moralidade” (e cita Jãnio Quadros e sua vassourinha de varrer sujeira que acabou com a pirotécnica renúncia, 64 e tudo mais, e cita Collor e sua caça aos “marajás” que deu no que deu – eia! Sus!).
Então divide o moralismo (como o colesterol) em bom e ruim, asseverando que o pior “é o oportunista, para uso de acordo com a conveniência política” (ave!).
Quanto às denúncias não estarem afetando diretamente o voto dos brasileiros, diz:
a) “ou o moralismo já não tem o poder político que tinha nas nossas eleições”; b) “ou os eleitores declarados do Lula estão sabendo distinguir o moralismo de ocasião, cujo objetivo é tudo menos a moralidade, do moralismo legítimo”; c) “ou (os eleitores), claro, estão votando contra a imoralidade maior”. Eia! Ave! Sus!

Pepe Fernández

O taura liga do posto avançado do Instituto José Artigas, diretamente de sua trincheira em Salto, Uruguai. Comunica que tem mais uns quantos inimigos empalhados para nossa sala de troféus (depois dos 40, um tanto cansado do corpo a corpo com baioneta calada, passou a dedicar-se à taxidermia, róbi assaz interessante a partir do qual pretende desenvolver um novo método de mumificar apoderados, só que ainda vivos, o que nos pouparia suor e, conseqüentemente, desodorante, que está caro coisa muito séria!). Culebra não é jara! E dê-lhe, dê-lhe!

 

 

 

Sacanagem o que fizeram com Plutão. Dormiu planeta e acordou poeira cósmica, nelson ned! Desse jeito, um corpo, mesmo celeste, sai de órbita.
Uma oração para Plutão (e sua lua, Caronte):

Diálogo de punhos

Tenho relutado em escrever porque, como bem diz minha cara amiga Mater, temos de cuidar do que dizemos aos outros mais ainda do que com cuidado, dizemos a nós mesmos. Olha o que fizeram com nossos indefesos rabanetes os pneus de aço dos brutamontes! E pintaram as árvores de branco e queriam pintar de verde/brilho o chapéu da casa tão adequadamente cor de barro e musgo, como costuma ir dispondo o tempo enquanto passa.
Um desrespeito a Deus, diz Mater. E eu penso, mas não digo: por que não tascam logo um vermelho nas folhas? Por que não estendem carpetes na relva? Não digo, porque temos de cuidar da assepsia da nossa campainha, gargarejando até que a malva cale. Calar: bons-ofícios.
Gosto do frio do inverno nos casacos e cachecóis; do quão solitários nos desnuda, necessitados do calor do outro. Há quem durma envolto em manchetes palacianas e papelões Cuidado Frágil, e isso nem deve ser mencionado para não estragar nosso dia de frio, céu azul e laranja de umbigo.
Tenho relutado em escrever porque ando desconfiado das palavras sensatas. Perdão, Mater, mas não creio que esses signos senhoris cheguem além do tato enluvado, que é o mesmo que um direto de Mike Tyson (o falecido), em seu egoísmo contundente. E depois abraçam-se, beijam-se junto às cordas, ensinando às crianças estupefatas o quanto são civilizados com seu “diálogo de punhos”.
Dessa maturidade ando machucado.

Palavras-de-ordem: Por Plutão e todos os seres que dormem na praça!

 

 

Acima: auto-retrato do velho dentro do gordo

Blanca: “eu quero é botar meu bloco na rua!”

Blanca Queiroga cantou no Cidade Bossa na última Quarta. Nossa reportagem foi lá, no soflagrante.
– E aí?
– Pois é. O show foi bem legal e apesar do público pequeno...
– O quanto pequeno?
– Ah, umas 190 pessoas, só. Mas um pessoal animado, com um astral maravilhoso. Comecei a cantar nove e pouco e fui até três da madruga.
– Gazeteou o trabalho, claro?
– Bem capaz!
– Daquela vez, lá no Rio, na casa da Dona Valdiméia, lembra?... Entraste numas... E agora, aprontaste o quê?
– Ué, sais! Nada! Não tenho mais idade pra isso. Só fui mesa a mesa, agradecendo e sentando um pouco com cada um, uma coisa bem "sala de casa".
– “Sala de casa”?... Sei... Tinha atabaque e saia rodada?
– Imagina!... “Sala de casa” porque foi íntimo. Por exemplo: o povo foi indo embora aos poucos e quando restavam alguns amigos a Amanda, que é a produtora do bar, me sugeriu que tocasse um "pianinho". Abrimos o piano de cauda e mandei ver até as três. Foi muito bom. Os que já sabiam deste meu lado adoraram e os que não conheciam "a pianista" se surpreenderam.
– Então não foi atabaque?
– Não. Foi piano e de cauda.
– Tá bem. Muito hit?
– Bá! Las golondrinas, El reloj, Índia, La espumita del río...
– Puxa! Então teve coro, palminha e laialá de pescoço, uma baita duma academia.
– Sim. Sou professora de educação física, não esquece.
– Nunca. Lembro da formatura (a foto tá bem na minha frente). Por falar nisso, a Wilza Carla... Anda desaparecida a Wilza Carla...
– Nem tanto!
– A Marrom, as bochechas... Vem cá: tu achas que as bochechas têm a ver com o timbre? Porque a Marrom...
– Vai parar? Se não parar, fico que nem guri cagado...
– Como?
– Quieta, ora. Como um guri que se cagou na aula uma vez, primeiro ano do primário, no Demétrio Ribeiro, a Dona Elaine não deixou que fosse ao banheiro...
– Mudemos de assunto. E a agenda?
– Todos os dias pontualmente, mas eu tomo meio 46.
– ...
– Bueno. Dia primeiro, sexta-feira, faço uma participação em um bar novo, o Dimi’s Pub. Dia dois de setembro, estou em um sarau literário na Palavraria, ali na Vasco da Gama. No Cidade Bossa, dia 16, que cai num sábado.
– E o Venê?
– Pois, nas terças, assumi o comando do Videokê do Venezianos.
– Para terminar, uma mensagem para os fãs?
– Duas. Eu quero é botar meu bloco na rua e, claro, paz e amor, bicho! Viva a camada de ozônio!

 

Encontros

A Ana Jorgens achou esta página e gostou. Disse que eu continuo “doce”. Brinquei com ela que mostraria a mensagem aos meus netos. Ao menos o de 15, o Eduardo, jamais imaginaria o adjetivo “acoplado” ao meu nome, um vô sempre rezingando, cheio de manias absurdas e com essa barriga de “Seu Boneco” (já o de três, o João Otávio, sim, vemos juntos o Dumbo, a Dama e o Vagadumbo e os Tinkiwinkis).
Prefiro acreditar em minha colega de Oswaldo Aranha, época dos melhores anos e, talvez, de nossa mais espontânea identidade (e há pouco, meus ex-alunos criaram uma página no Orkut denominada, disseram-me, “Nós adoramos o Zezinho”!!!... Sinto-me redimido. “Do quê, criatura?” Sei eu... Por ter abandonado o magistério, por ilhar-me, e aos meus... Sei eu, mas é o que sinto).
Outra que deve ter entrado em lapandorga foi a Alzira. Meu anti-vírus não permitiu que a mensagem dela chegasse até mim. Tenta de novo, Alzira.
Isso é coisa da Zulmira, que anda espalhando este endereço aos alegretenses e afins. Gosto muito. Obrigado a todos, abraços.

 

 

 

É quarta

Blanca Queiroga e Edu finalmente voltam aos palcos da Petit-POA. Será no Cidade Bossa (Otávio Correia, 35), nesta quarta-feira, a partir das 21 horas.
No repertório, o melhor da MPB e algumas pérolas da Bossa Nova – que só o timbre dela mesmo para trazer do mundo para dentro da caixa toráxica (onde mora o bobo, e o bobo é nosso mais íntimo cafofo).
Uma vez, Blanca estava no Santos Dumont, no Rio de Janeiro, quando a voz do aeroporto chamou um vôo. Linda, aveludada qual a dela mesma. O Ivon comentou (acho que foi o Ivon, ou o Ronivon): "Um dia, Blanca, se quiseres, poderás ser 'a voz'. Em qualquer lugar, Nova York, Tóquio, Barcelona..." Mas ela, sábia: "Não vai dar. Vou viver em Porto Alegre, cantar..." E aí está.

 

 

Vasculhando, encontrei a
pedagógica composição que,
altruísta, ofereço aos amigos
neste sombrio início de milênio. (Ritmo de iê-iê-iê.)

Cobertor de orelha

Ainda bem que tem o banco da praça
Pra quem não vai tão bem em matemática
A gente senta e vê o desfile das gurias
A gente aprende um monte biologia
Porque tem coisas que a escola não ensina
Então a gente cola
Então a gente cola

Quando eu crescer quero estudar medicina
Às noite sonho só com ginecologia
Meu coração pede um eletro urgente
Sai pela boca se elas mostram os dentes
Tem muita coisa que a escola não ensina
Então a gente cola
Então a gente cola

Me apaixonei pelo clone da Dolly
Pra que melhor que um cobertor de orelha?
Mas minha alma fala inglês, I’me sorry
Esta Dolly, em português, é ovelha
Tô fora! Há coisas que a escola não ensina
Então a gente cola
Então a gente cola

Acho que é tara, sem tua boca, piro
Tua língua linda, o sistema digestivo...
Mas não chora, baby, vem cá comigo
A gente é bicho e é grátis a vacina
E segue o baile, se a escola não ensina
Então a gente cola
Então a gente cola

 

 

 

 

 

 



O Beto

Há algum tempo o Beto vinha enfrentando um sério problema de saúde – dos incuráveis, dos que ninguém imagina para si ou para os seus. Entrou em coma e faleceu nesta quarta-feira, em Santa Maria. Na quinta, foi sepultado em Alegrete.

Preciso dizer que ele foi, para mim, como um irmão mais velho. Durante os muitos anos em que convivemos, quando era noivo de minha irmã Iris, ensinou-nos (a mim e minha irmã Blanca, que aniversariou no mesmo dia 26) a tocar violão, cantar, amar os Beatles, especialmente, e a música pop, o universo daqueles iniciais anos 70, Paz-e-Amor, Woodstock ainda ontem, Concerto para Bangladesh...

Era dele que ouvia as novíssimas gírias: “bicho”, “BR”, “boko-moko”... Era dele que copiava a indumentária da moda, as calças boca-de-sino com nesga, os casacos militares, um certo jeito de repartir as melenas ao meio, de brincar com o chaveiro...

Quando namorei minha mulher, a Ayda, saíamos juntos, ele, a mana e nós, no fuscão vermelho-sangue que tinha sido do meu pai, “carango” que ele incrementara com pneus tala larga e um som stéreo “tri”.
Nele, fazendo voltas e voltas na praça, escutávamos as últimas – “My love”, do Paul McCartney, “Toast and marmelade for tea”, do Tin-Tin – e as de sempre – “Here comes the sun”, “Oh, darling!”, “Hey, Jude!”, dos “quatro cabeludos de Liverpool”.

Madrugada, sintonizados na El Mundo, de Buenos Aires, o locutor de voz cálida: “los colores de Cossac...” (“Kossac”?) A El Mundo dos poemas de Vinícius ou Neruda, “Puedo escribir los versos más tristes esta noche...” O mundo das noites claras, da lua enamorada (porque ambos os casais estávamos), da infinita via-láctea – o futuro inteiro pela frente, eu pensava, grandes coisas juntos, filhos, netos, quem sabe, certamente a felicidade.

Ayda me dá a notícia anunciada (incurável, o caso, sabíamos, mas sempre se espera o adiamento, mais um adiamento – como com meu pai, no corredor do hospital, aquele absurdamente jovem médico matando meu pai em meus ouvidos!). Como daquela vez, nos abraçamos.
Eu a amo! Seu rosto sorri todos os dias para mim da tela deste dado computador em que digito essas palavras, um a mais dos bilhões da Terra. Mas este armazena parte do que posso chamar de “minha vida”, a exteriorizada parte a que nos permitimos, tangências do insondável.
E em minha vida, o Beto, Roberto Veiga Silva, o melhor dos músicos, o noivo da mana, o amigão, ele era o “cara”.

Quando adolescemos e as coisas adquirem outros matizes e outras coisas todo dia outros matizes; quando nos percebemos parte de algo maior do que nossa casa, nosso pátio, nosso futebol na esquina; quando o “passar do tempo” deixa de ser um mistério para agarrar-se indelevelmente em nós... ele era “o cara”!

A foto acima é de 73: o Beto (de barba), a mana, eu, a Ayda, e minha prima e madrinha Irma Nélida na casa da Venâncio (as calças boca-de-sino, as melenas...).

“Goodbye yellow brick road”, escuto neste momento, e vem “The guitar man”, “Alone again” e muitas daquela época, em uma das coletâneas que estamos sempre a juntar – como cacos, a vida partida em cacos –, os que bebemos da farta jarra dos sonhos, os que éramos jovens naqueles anos difíceis (nos porões), anos, de resto, impossíveis de “arrelvar em seus passos cheios de pressa” (como diria Maiakóvski).

Muitos amigos foram despedir-se, alguns insuspeitados. É que o Beto não “rasgava bandeira” (como se dizia), introvertidão. Sei que todos que ali estavam (e muitos mais outros, minhas irmãs, minha mãe...) gostavam realmente dele.

Um poema que martela, de Drummond:

“Todos vêm tarde. A Terra
anda morrendo sempre
e a vida que persiste
pausa descompassada.

E o nosso andar é lento
curto nosso respiro.
E logo repousamos
e renascemos logo.
(Renascemos? Talvez)”

 

Matem-me, mas maconha não!

Poucas profissões revertem tanto em ganhos extra-numerários quanto o jornalismo. Em uma só edição de um jornal, às vezes em um quase secreto canto de página, quanto riso, ó, quanta alegria! E para todos, jornalista, leitor e, digamos, vítima.
A Zero Hora deste 19, num rodapé da página 43, traz uma entrevista de Silvana de Castro com Luiz Carlos Motyczka, comerciante de Jóia acordado por assaltantes a quem acabou dando carona.

A jornalista quer saber por que dera a tal carona. Ele conta que os embromou, dizendo que eles não conseguiriam tirar o carro dali, que era muito estreito (mas, na verdade, ouvira os planos dos criminosos, que incluíam matá-lo e incendiar o veículo), e emenda:
“Na estrada, queriam me forçar a fumar maconha, mas eu disse que então me matassem, pois aquilo eu não faria.”
Talvez brabo pela menção à maconha, já que o que segue vai encordoado na mesma resposta, continua, o Sr. Motyczka:
“Perguntei onde eles queriam ficar, disseram que em uma pedreira. Falei que tinha de ser mais perto.” (Relendo, percebo que deveria estar muito brabo para tironear assim com dois assaltantes armados. Acho que a jornalista também espantou-se, eis que pergunta: “O senhor disse isso?” Leio, ouvindo: “O senhor disse mesmo isso?”) Ele:
“Claro. No fim, já estava começando a ficar amigo deles. Eles me diziam na viagem ‘esses R$3 mil tu recuperas, tu tens dinheiro’”. (Descontados os acertos na concordância – talvez tirania editorial a comprometer o evidente timing literário da colega –, o sabor da resposta ressuma como leite direto da teta, com uma canelinha na espuma.) Ainda no mesmo impulso, tagarela:
“Na frente do Sesi, em Ijuí, mostrei um orelhão, caso eles quisessem ligar para alguém. Deixei eles ali, desembarcaram e saíram caminhando. Depois que me caiu a ficha.” (Essa guria! O homem demonstrando seu sangue frio – espantoso para quem fora acordado por ladrões no meio da noite de inverno – e ela faceira com o material, aproximando “orelhão” com “me caiu a ficha”. Tem originais na gaveta, com certeza. Basta reproduzir a pergunta que emenda, na lata: “O senhor conversava calmamente com eles?”)
O comerciante, completamente fisgado, entregue às artes da jovem (tem que ser jovem! Jovem e com apuro sensorial – provavelmente a entrevista foi colhida ao telefone):
“Não sei como adquiri tanta calma. Três vezes eles comentaram que que iam Ter de me matar, porque eu ia gritar. Eu lembrava o que havíamos (outro pecado estilístico, essa concordância) combinado. Mas a faca às vezes me cutucava na barriga.”
Impagável. Imaginem a cena. De matar (felizmente, de tanto rir).

 

 

Cidade Bossa



Blanca Queiroga apresentou-se no último domingo, como anunciáramos, no CidadeBossa. Final de Copa do Mundo, nem a cabeçada do Zidane ofuscou a moça. (Parece que o Matterazzi ofendera a irmã do francês – é que nem todos têm as irmãs que merecem).
Com Edu Colvara ao violão, e Paulo Lata Velha, fraseando com o sax e o clarinete, só o piano do Tom faltou (because is dead!). O repertório mesclou MPB com bossa nova. Águas de Março, Dindi e as demais clássicas.
Como Blanca é verdadeiramente expert em latinas (espanhol exquisito!), fica faltando o quê?
– Pedra rolou, Pai Xangô? – pergunta um fã recente. E pronto fecham-lhe a boca, não vá a cantora incorporar-se, conhecedora de tudo quanto é ponto e figurinha carimbada nos terreiros de várias Bahias.
Bueno. Neste sábado, canta na Champanharia Santa Louca (dia 29, idem). A partir de agora, Blanca e Edu lá pousam de 15 em 15 dias. E vem mais por aí.
Irisnel e Faní Concepción perguntam à cantora (por telefax) como se sente, diante de tanto sucesso. Ela: "Bem, normal..."
A Faní fica fula: "Como, normal? Tá te exibindo agora? Nunca foi exibida, nem quando era aia de debutante?!... Só falta ter voltado com o cigarro..."
Blanca passa o seu para o Santiago (porque Faní "vê", é das que "vê de longe"): "Bem capaz, mãe!"
E, para a Tia Marieta não ficar, por sua vez, triste, o Santiago repassa (a agora bituca) para o Mateus:
– O que que é isso, pai? Nunca fumei. Mas me dá aqui...
Santiago alcança-lhe o resto restante e Mateus o mata definitivamente no cinzeiro da vizinha (não tem cinzeiro lá, ninguém fuma).
– Mateus! – indigna-se o lavador de carros sempre por ali, bicando. – Cumé qui é, cumpadi?
Célaví! Nunca a todos agradamos. A Elis, mesmo. Com o sucesso da Blanca, deve de estar uma re
bolcação aquilo lá... 

 

 

Cidade Bossa

Neste domingo, às 21 e 30, Blanca canta no grande point da Cidade Baixa. A confirmarem-se as expectativas (criadas por suas últimas apresentações, na Champanharia Santa Louca e no Verso e Reverso), lotará a casa.
Desta vez terá a companhia do violão de Edu e de um sax surpresa (bossa na bossa).
Cabo Marques, músico e compositor de todos conhecido, lá estará, prestigiando a amiga. Assim como Arturo Zurita, baterista da Abriu-18, com sua bela Isabel. Espera-se ainda Luciano Potter, MMGonçalves, Fernanda Cardozo et alii.
Faní, em tour pela Região dos Lagos com Bibo e Irisnel, envia beijo (rebocou-se de pink, pegou um cartão-linho e smack – depois, foi só lamber e botar no correio).
A turma do Alegrete, com a boca nas orelhas, aproveitou e está fazendo tratamento de canal. Estes vão ficar supimpas, o nervo da faceirice garante o dente enxuto, bom de trabalhar.

 

Pekerman
Não sei o que a Globo disse do jogo Argentina e Alemanha (deixo a TV na ESPN Brasil), mas o grande responsável por nossa eliminação (ainda que o Calçade e o Fritz, que ajuda nos comentários, não tenham percebido, cegos que são esses que nunca chutaram uma bola) foi Don José Pekerman.
Ora, vencendo o jogo e dominando os espaços como estavávamos, metia o Messi ou o Saviola (ou os dois) e matava a cobra. Pra Alemanha só restava ir pra cima (e foi), abrindo latifúndios em sua defesa (e abriu), ruim no que não seja balão pra dentro ("Quaraí", em linguagem fronteiriça).
O que fez o técnico? Botou o Júlio Cruz, centroavante fincado, e ainda tirou o Riquelme, mas pra fechar com o Cambiasso. Faltando 10 minutos, os limitadíssimos mas aplicados germânicos conseguiram empatar de cabeça. A Argentina ainda teve mais umas duas chances de contra-ataque no tempo normal e umas três ou quatro na prorrogação. Como o Tevez e o Maxi já estavam com a língua de fora, não seriam os que entraram, lentos, que resolveriam a parada.
Derrotado, puto da cara, fui obrar. Meu neto me gritou que estavam se pegando. Não vi, mas duas certezas tenho: 1) os arrogantes alemães começaram a briga; 2) nosotros a vencemos.
E agora, pra quem torcer?
Sem dúvida, pro argentino que resta, o Scolari. 

E que seja contra esta Alemanha, sorberba e boçal.

 

 

50 anos de Fani Concepción

Fani faz meio século neste 29. Quase como a filha mais velha, que é de março e vai festejar os seus com uma big festa em Alegrete, com toda a turma.
O quê?! A Iris já tem 50?!", perguntam os atônitos. Mas quem disse que nos pautamos por Gregoriano?
Não tem. As colegas, sim, tudo uns charques.
Pois a Fani vai festejar com a Tia Blanca, na Blanquinha (outra que nem nos "enta" entrou, parece que ainda é a Rainha do Disco). Quem quiser ligar, é só ligar, ela adora fofoca.
Parabéns Faní.
Já estamos saudosos por aqui.


Concepción e um contemporâneo, em foto recente, uruguaia.

Blanca na Santa Louca

Sábado, 24, Blancamaria cantou novamente na Champanharia Santa Louca, ali na Lima e Silva, quase esquina com a República. No repertório, o melhor de nossa MPB. "Se você puder ir e não for, nada do que ficar fazendo substituirá a falta absurda", dizia Don Bagayo y Balurdo. "A vida vai sem volta, não tem marcha à ré!" E é verdade, perguntem pro Cabo, pra Juca e pra Pinuca!
Outro sucessão.

 

/
Matheus, Anna Thereza e Santiago lá estarão, prestigiando a "Tia"

 

Blanca

Blanca Queiroga, com o show do último sábado na Champanharia Santa Louca (lotadíssima), volta ao palco, seu lugar na vida. Já está agendado outro show no mesmo local, dia 24, e, proximamente, em um outro endereço onde costumam apresentar-se Tetê, Nana, Cida, Arrigo... Essa gente, enfim. (Ao violão, Edu.)

 

O lábaro que ostentas
estrelado...

O presidente Lula resolveu bater um papo com a comissão técnica da seleção brasileira via televisão. Torcedor (e “curinthiano!”), perguntou se o Ronaldo, o menino da porteirinha, estava gordo mesmo. Um daqueles ajudantes-de-ordem do Parreira respondeu que não, que os anos tinham passado e ele estava mesmo “muito forte”. O tom era amistoso, o Lula tirando uma casquinha da Copa, para manter em alta sua popularidade, e os da Alemanha garantindo aquela coisa da “pátria de chuteiras”, estado de suspensão (de quatro em quatro anos, de suspensão histérica) que os faz ídolos maiores do que os do show-bizz. Por exemplo: o Roberto Carlos de “Jesus Cristo, eu estou aqui” perde de longe em interesse para seu homônimo falastrão. Deus!...

Ofensa? De quem?

Ciente do poder ilimitado que o país lhes concede quando em concentração para uma provável campanha arrasadora, no outro dia, o canarinho adiposo, sentindo-se ultrajado, achou que deveria bater no corneteiro do Planalto. Literalmente: “Se ele disse que eu tô gordo, muita gente diz que ele bebe pra caramba, isso também deve ser mentira”. Ué?! Mas ele tá gordo, basta olhar. Com a figura de linguagem, estaria ofendendo o primeiro mandatário da nação? (E falou coçando a orelha e sem olhar diretamente para a câmara, como quem, de passagem entre uma e outra das vitais atividades recreativas daquele dia de treinamento, autografava bananas para os macacos. Às vezes eles coçam o nariz ou passam o indicador sob o olho, como que tirando dali um cisquinho indesejado, ainda que nanico, desprezível – nada deve atrapalhar o foco dos super-heróis.)
O presidente logo reiterou, por fax, seu “carinho” pelo jogador. Da galera como é (e “curinthiano!”), não quer que um eventual desastre de nossos craques em campo inimigo seja debitado em sua conta (já assim de CPIs). Não adiantou. Ao contrário, parece que os bons-ofícios de Lula, claro “pedido de desculpas”, mais abriu flanco para o centroavante bater. Insinuou que teria “muitas coisas” a dizer quanto ao governo, “várias” mesmo, deixando no ar o que talvez só ele saiba (o indicador tirava o tal cisco e o boleiro, ao contrário do abobalhado que entrou em campo em 98, ainda com seqüelas da febre amarela que o acometera pouco antes da final, o boleiro, desta vez, esforçava-se, creio, para expressar algo próximo da ironia, que é um desdém espirituoso). Os deputados da oposição devem estar muito desapontados com o que o craque do Real sabe mais do que eles.

 

Do real motivo

Ronaldo é, inegavelmente, experimentado na zona do agrião, palco do melhor pago vale-tudo. Alguém diz “Ôlha!” (um correspondente com sotaque que só queria chamar a atenção para a nova firula de um dos outros Inhos) e ele entende “bolha”. Bá! Sai atirando. “Instinto de matador”, explicam uns, referindo-se ao episódio “teleconferência”. “Chute em bêbado” (sic), reprovam outros, “Tremenda covardia bater em quem está no chão” (sic). Há quem cogite que o real motivo da brabeza do “fenômeno” é (afora a gordura) sua modelo atual que, como a daquela outra Copa, anda desfilando por lá. Não a do casamento da carochinha no castelo de enfeite de bolo, a que, em plenas bodas, ficou com aquilo roxo de ciúmes de um outro milionário. Não. Esta é bem mais jovem.
Ah, bom!... Não fosse o tamanho que essas gurias têm e o ar despudoradamente sedutor que a cancha das passarelas dá a elas num upa!, pareceria uma criança recém saída dos cueiros. Não é o caso (imagina! Com tanto pedófilo solto por aí, queremos bem longe do escrete essas ilações maldosas). Talvez a jovem não possa não votar no Lula em outubro próximo, mas isso não terá a ver com idade e sim com compromissos profissionais ou coisa do gênero (lembrem-se que “liberou geral o voto aos 16, cara!”). Ao menos agora ele parece que achou uma, prodigiosamente, não-maria-chuteira e com pensamento adequado ao seu nível de compreensão (além de inocentinha, jovenzinha daquele jeito... Não?... Sei lá, como queiram, nada de inocentinha, mulher de respeito e “responsa”, apesar de criança, cabeça “super-no-lugar”, etc.).

O pendor basta?

Lúcidos, como sempre, só os comentaristas da ESPN-Brasil. Que ele está gordo, está (e, até por isso, irrita-se com quem nota). Se a obesidade não vai atrapalhar seu futebol e pretende responder às “críticas” em campo, oxalá (Ogum, Xangô, Iansã e todos os orixás) o faça, pois não vem jogando nada há tempos e só está no time pelo nome (“pela Nike”, há quem afirme) e porque o Parreira, com o tempo, parece que continua a tradição do vinho verde, o vinho verde-oliva que marcou a conquista de 70 mas, 36 anos depois, talvez não caiba mais no contexto: a teimosia, a previsibilidade, a tática primária mixada com nosso proverbial e inigualável pendor para o esporte bretão (sem, como em 70: jogos ao meio-dia, fator altitude, calor abrasador, condicionamento físico diferenciado – militar –, todo tempo do mundo para preparação... E sem que nossos jogadores levem a vantagem de estar no meio de temporada e não no fim, esgualepados – hoje, todos os melhores exercem a principesca profissão no Velho Continente).
Até minha cachorrinha Sofia sabe que o Juninho Pernambucano no lugar do Ronaldo acertaria tática e tecnicamente o time, liberando mais o Kaká (nosso mais completo jogador) e desobrigando um pouco o Emerson das tarefas somente defensivas, para as quais nem um panzer seria suficiente sendo a nossa defesa vulnerável como é. Infelizmente, o grupo é fraco e talvez o Parreira e seu séquito percebam o tamanho da bobagem quando for tarde demais, contra a Itália ou a República Tcheca. (Apesar de gaúcho e de uruguaio – e bastaria! – sou também latinoamericano; gostaria que o título ficasse por aqui, sempre nas imediações de Montevidéu.)

 

Perdigotos?

De uns tempos para cá (era Romário), passaram a pedir a opinião dos boleiros para tudo. E os tais não se fazem de rogados. Ora, para eles, o Brasil é a conveniência que vestem quando não estão entrando em campo para defender “o leite das criancinhas” em seus times europeus. São “mudernos”, globalizados, bem-sucedidos, felizes... Olham o terceiro mundo de cima, do rico hemisfério norte, indiscutivelmente têm sempre razão, a razão dos vencedores.
O que estamos esperando gurizada medonha? Estendamos nossas latinhas pelas esquinas, que a gravidade há de pingar algum... Se não suor, perdigoto, pois o da porteirinha acaba de dar entrevista à rede nacional tentando desfazer o gigantesco “mal entendido”.

 

 

Salto – Aduana de Artigas
SaltVel
Los viejos Irma Nereia, Luiz Alberto, Fani Concepción e María Del Carmen. Todos muito pimpões com a volta ao Salto.

 

 

Bolão da Copa – Inscrições abertas

Futebol Varzea

Viram Barcelona e Arsenal? Pois é.

Até o José Trajano incomodou-se com as frescuras do Dentucinho (olhar para a direita, como uma bailarina russa, e dar a bola para o companheiro à esquerda, o óbvio recebedor, a dois passos dele; preocupar-se com certa plástica no matar, no mover-se em campo e rir, rir-jogar assim juntinho, como bem disse o Luciano Baiano, coisas de peladeiro que agradam as empresas com interesses no negócio futebol; desaparecer do jogo enquanto os "operários" Eto’o e Larsson resolviam, com a ajuda, vejam só, da ferida, o Belllletttti!!!, campo encharcado, coisa bem copeira mesmo; e, 2X1 no placar, morta a cobra, vir ao meio-campo, como "maestro", tentando roubar para si as honras de grande organizador do time, honras merecidas pelo Deco, e não só neste jogo, mas na temporada inteira). Até o Trajano.

Claro que o Dentucinho deu o passe que levaria à expulsão do goleiro adversário. Bom passe, ainda que a defesa estivesse em linha e o recebedor fosse o camaronês, este, sim, o recordista mundial de velocidade, não aquele americano, nas facilidades da pista especial.

O passe, porém, foi aos 18 do primeiro tempo e, com mais espaço em campo, onze contra dez, o "melhor do mundo" nada mais fez, marcado de perto pelo Gilberto Silva.

Pensem nisso. Ou melhor, não pensem. Se pensarem vão estragar minha estratégia para o Bolão da Copa. Conhecem?

Bueno.

Desde 1966, eu com oito anos (como no poema do Casimiro sempre citado), fazemos um Bolão da Copa.

Idéia do meu pai, abarcando todos os jogos de cada fase e com pontuação para tudo, de modo a estimular mesmo os que nada sabem do esporte (os outros), que, de ponto em ponto, sempre estarão na briga pelo "grande prêmio".

Meu pai desenhava as tabelas em papel almaço, tudo muito organizado e bonito – obra de arte sua caligrafia.

Participávamos os familiares e os amigos.

Só participávamos, porque quem ganhava, sempre, eram as mulheres, essas ignorantes – na de 66, na Inglaterra, imaginem que uma cravou três a um para a Hungria e três a um para Portugal contra a canarinho!!! E tínhamos o Pelé e outros remanescentes do bi no Chile, sem contar os que ganhariam o tri no México (o que ainda não sabíamos, claro, embora a mãe já tivesse sonhado com o título e a vó Beba visto tudo na "bola").

Então que resolvemos trazer de volta o Bolão, mais uma chance para os verdadeiros entendedores (nós).

Abaixo, o regulamento.

Quem interessar-se em participar, entre em contato. Aí, mandamos por e-mail a tabela que, uma vez completada, deve ser re-remetida para nosotros (o palpiteiro, lógico, guardando sua cópia).

O responsável pela coisa é o Arli Rubim, do Mariano Pinto, funcionário do Ministério Público, que, aliás, está torcendo para o Uruguai. Eu disse a ele, com palavras medidas, coitado, que a Celeste Olímpíca não estaria na Copa. E ele, brabo: "Isto é um mero detalhe!"

Regulamento do bolão da Copa 2006 — fase inicial

O bolão terá como fundamento a catega do apostador, ou seja, cada dado do jogo assegurará ao palpiteiro algum ponto, a menos que do esporte bretaão nada entenda.

Assim, ficam estipulados a seguinte pontuação por qualidade de acerto:

a) resultado exato (placar correto quanto a vencedor e perdedor, como também no que toca a escores): 10 pontos;

  1. indicação do escore do vencedor: 5 pontos;
  2. indicação do escore do perdedor: 4 pontos;
  3. indicação do vencedor (e, logicamente, do perdedor): 3 pontos;
  4. indicação do empate mas com resultado diferente do acontecido em campo: 3 pontos;
  5. as hipóteses "b", "c" e "d" não serão cumulartivas, considerando-se o número de pontos mais alto dentre elas. Assim, por exemplo, quem indicar corretamente o escore do vencedor, soma, ao seu total, 5 pontos e não 8 pontos (soma de "b" e "d") ou simplesmente 3 pontos (referente à hipótese "d").

Cada aposta significará um investimento de R$10,00 (dez reais), valendo para todos os 48 jogos da primeira fase. O prêmio será dividido entre os que lograrem maior pontuação ao final desta etapa do torneio, ficando 5% do valor arrecadado com a banca (ARLI RUBIM), pare custos com papel e cartucho de tinta.

Cada apostador terá sua folha de controle dos pontos que for somando. Uma cópia de todas as apostas ficará com a banca, que, assim, poderá fazer as atualizações necessárias (documentos, logicamente abertos a todos os participantes).

As apostas se encerrarão dia 07 de junho impreterivelmente.

Para as demais fases da Copa, faremos outros bolões. Finda a fase inicial, os interessados devem procurar-nos logo, visto que o tempo entre uma e outra fase será exíguo.

 

 

 

alegrete Hera
Alegrete, envolto em heras, dizem que já era. Mentira!

Alegrete: berço esparramado da humanidade

Não somos xenófobos. E nem calha: tudo um dia foi Alegrete. Tudo, das metropolitanas Livramento e Uruguaiana (argh!) a Manoel Viana, São Chico e Maçambará. Tudo, entorno do gaúcho, necessária pampa, quibiahuhu!
O que vai fora – e vai, vício de origem, Deus tem errado muito, o que é preocupante, esses dias mesmo, errou de velho e levou o Seu Arnaldo Paz (ex-prefeito); antes, o Seu Djedah Lisboa, imagina!?... Logo o querido Seu Djedah!?... Enquanto que aquele outro com o pé na cova! Só os cabinhos, o estrupício, e Deus, nem-te-ligo! O pulha cada vez mais corado, mais sem-respeito, ver gringo caçador, espalhando chumbinho a torto, e as perdizes (mês com erre, então não vêem?!) chocas, chocas!... Comedores de alface sem fundamento! Alface, radicci e alfafa!...
Pampa. O que vai fora: abismo, finisterrae, goelão do inferno.
Tendo sido uma vez tudo, não há que perscrutar o além – embuçado que à franqueza enoja, a franqueza, gáudio gaudério como tantos outros que nem mencionamos (centro irradiador!). Esses coquimbos (viscosos, cosméticos), finórios da mixórdia abissal, “globo”, como dizem, “o globo”, a boca, assim, “trololo”, e o rotundo gesto de bolinador, de descuidista, pança inteira, indecência, o piercing reluzindo nas voçorocas do umbigão, “o globo”...
Coitados. Alegrete, que tudo foi, é para sempre. O Sul: nosso norte!

O Manequinho
Botemos os pingos nos “is”: Alegrete – tá na cara! – é o “ó” do mundo.
Bastaria (fosse o caso) mostrar o mapa que interessa: Rio Grande do Sul, Fronteira Oeste. Ei-lo ao centro, maioral, donde propaga-se até os limites extremos do horizonte plausível. Como, digamos, do sol, os raios.
Solar radiante, o centro de nossa praça central. O bronze em tamanho natural do Manequinho (“Natural, ao menos quanto ao tronco, membros e a mão cerzida no bolso”, dizem os antigos, “O artista errou no cabeção” – talvez por gosto, para as idéias terem cabimento). Doutor Manoel de Freitas Valle, intendente por duas vezes, e recio, inspiração de estadista (Alegrete é maior do que horrores de países!). Alvejasse, radial, a face norte, batata!: casa onde nasceu Oswaldo Aranha (o da ONU), hoje museu histórico, prédio tombado pelo IPHAN.
No entorno do Manequinho (rito local), o enterro dos ossos, salão da saideira. Sarongue-índia-melindroso, “eu sou aquele pierrô...”, “Mamamamamamãeu-quero! Mamá-eu-quero...”. Entrudo estropigaitando-se, quarta alta, foliona, atacando a marchinha, “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí!”, ou a outra aquela, “Tira a mão do bolso, tira a mão do bolso”. Mas nunca adiantou, a mão colada com araldite (isso era antes da moda das estátuas-vivas movidas a moeda, graças a Deus!). Chorávamos. Homenagem comovente ao admirável mão-de-vaca, qualidade, bem o sabemos, dos melhores administradores (evanescida no éter, anos-luz).

O Bolão
Deste ojo, se nos dirigimos à face sul da praça Getúlio Vargas, a dos casarões, se nos fixamos no de talhe mais esbelto, da esquina do arco-do-triunfo (onde lê-se, cheio de erros de português (o gaúcho é, antes de tudo, espanhol!), “Dulce et decorun est pro patria mori”, a Dulce, uma fera, arrancando os cílios. Também, nunca foi desfrutável e agora na boca do povo: “Patriamori...”, chorava, entre os lanços, “Amori, quem não sabe que é amor?...”). Olhando do arco, um tilt (de ficha caindo) avisa: “o tempo é o senhor da razão” não pode mais ser considerada uma ridícula frase feita, pois neste específico casarão só caberia mesmo um troço como o que é, museu de arte, eis que ali morava o Bolão.
Houve época em que vir a Alegrete e não conhecer o Bolão era perder o trem (Minuano). Bolão de Ouro, Doutor José Pinto Bicca de Medeiros, benemérito cultural, do clássico ao popular (só não foi Rei Momo porque não quis, tinha sobrantes peso e majestade), doador da casa, da biblioteca e do piano (sem cauda, não era um homem exibido). Casa e livros para uma instituição de ensino, instrumento para o Centro Cultural Adão Ortiz Houayek (o Piola, ex-prefeito, pescador com acampamento fixo no mato do Ibicuí, a logística e a natural picardia deste agregador de gentes toda no areal, e tirava peixes, dourados, traíras, piavas a trena medidos... Hehehei, Piola velho de guerra! Plantador de verdes nas frinchas frias do asfalto).

Murais
O piano, reformado e afinado, foi entregue aos bemóis e sustenidos de Miguel Proença para um inesquecível recital “de overture” (como diria Dona Felícia, amiga do André, notando o chiquê: todas “elas” de bolsa e “eles” de/sem – recinto fechado – chapéu). Ah, o salão do Centro Cultural! Ah, o salão do...
“Mas, criatura, o que que tem o salão?! Só se for ar!... E nem condicionado, como o meu, de mil BTUs!”
Ah, mas que tem, tem. No hall de entrada, um mural de Paulo Houayek, filho do Piola e celebérrimo artista plástico pelas europas Rio/São Paulo e as do além mar. Se há coisa que orgulha alegretense é pendurar um Paulo na sala. O melhor de todos, no entanto, nem enforcando dá, porque são muitos num só painel: os belíssimos murais (modo de dizer, que não são esses muros chinaicos de sujar de spray, mas paredes internas, mão-de-obra especializada) do aeroporto novo, logo ali à direita de quem vai pra Uruguaiana (argh!), uns 12 km de faixa. Luiz Christello, outro pintor que espalha nossa excelência por ambas as europas (publicitário premiado em Cannes), apaixonou-se tanto pelas cores e formas do filho do Piola, que fotografou centímetro a centímetro os mais de 100 m² de pura arte.
Se pousa avião no aeroporto?... Teco-teco é avião?... Mas nem queremos mesmo, vá que um barbeiro peche no que importa. No Quiosque da praça (que foi biblioteca, sede da União dos Estudantes de Alegrete e, bar, transformou-se no point de todas as idades), a turma do cafezinho não se cansa de afirmar: “Nem Guernica! Nem Picasso!” E – é notório – não somos de fazer farol.
Não nos percamos, todavia: verdes, ainda agorinha falávamos de verdes. Além da praça do Centro Cultural, o Piola inventou dois parques que causam inveja em muito coquimbo desasado, um de frente pro outro, bem na entrada principal da cidade, quem vem da ponte Borges de Medeiros (a “do combate”). À direita, o Nehyta Ramos, à esquerda, o Rui Ramos. Um namorando o outro, se figuramos, e bem a calhar, marido e mulher que foram o tribuno famoso e a professora, mortos no início dos 60 em crudelíssimo acidente aéreo que vitimou também o Doutor Emílio Zuñeda, médico querido como poucos (hoje nome de colégio, sem nenhum favor, the best!).

O Poeta
Enterro igual, nem o do Doutor Romário. O rabecão no cemitério e o cortejo ainda tinha auto preso no engarrafamento frente à capela. Quilômetros! Lá nas cansadas, os últimos foram chegando, na marcha lenta própria, e os primeiros, já saindo, lenços empapados, mangas da camisa, bá!... No Pai-Nosso, o rumor tinha tantas vozes que, fosse montanha o pampa, era certa a avalanche (de neve!). Parecia um terremoto. Nas redondezas (pros lados de Uruguaiana, argh!), houve quem, de susto, perdeu a fala. “Melhor assim”, garante Don Bagayo y Balurdo, mais velho que as pedras. Quanto aos enterros, diz ele que este, “Bem contados, tinha mais veículos, mas em duração, perdia pro dos apetrechos de instalação da Termoelétrica, anos mais tarde, aquele monte de ferro pesadão (ferro decerto sulfúreo, bem como o diabo gosta) em carros abertos, todos de macacão e capacete branco, de operário, acenando, parecia coisa eleitoral, e da grossa!”
Então que não somos só fazendeiros ou bois, como querem alguns, botando sua insídia na boca de Mário Quintana, poeta que emprestamos ao Brasil, e passarinhado, coisa rara no tipo, cada vez mais funcionário público. Botaram placa na casa onde nasceu, esquina da Gaspar com a Andradas, sobrado que servia o melhor arroz-de-leite, no Seu Garça. Anos mais tarde, os degas (mas degas, degas, de nesga, piteira, iô-iô no bolso, mentex e Mug chaveirinho) freqüentavam a porta ao lado, pelo sorvete de ameixa do Seu Romeu (assim de ameixa! Diferente, mas parecido, só o beijo-frio do Seu Zeno), antes da sessão da uma no Glória, dupla!, reservando uns pilas pro Caruncho, o cego que fazia ponto na bilheteria.
Pois, da casa do poeta, era só atravessar a rua (nos bons tempos, quando fomos capital) e, tá, dava até pra olhar as reuniões da Constituinte Farroupilha – dar uma garibada nela, quem sabe, arreganhá-la num ancho que alcançasse nosso tino democrático, para um abraço aos tapas, por que não? Pegando arrabaleros e teatinos, mesmo mulheres, pinguanchas como... Tantas, tantas, que nenhuma citamos, de modo a não injustiçar as muitas mais escanteadas (não por putas, machorras, sonsas ou secas, mas porque sim, ora! Hay espacio, por acaso?!...). Abraço ancho tipo amplexo, corpulento no sentir.

Hombres
Abraço como o de Flores em seu irmão, 23, morto na ponte do Ibirapuitã (dispensando a raiva revoltosa e degolante contra 100 dos da “zona neutra”, o desfile dos corpos em carroções pela cidade, então “a mais maragata do Rio Grande”, como diziam todos, para que aprendesse a lição... “Sim, mas qual?”, pergunta o Xiruzinho Ubaldo. “Qual lição? Se a guerra é só pra matar e nunca pra morrer, vão escassear defuntos!” E Don Bagayo, mesoclítico: “Acabar-se-iam as guerras. Aí está, ninguém morreria no atacado”).
João Saldanha, pequerrucho, foi levado do Alegrete à força para o exílio na Banda Oriental. Por ele, três ou quatro anos, ficava peleando. Mais taludo, sempre voluntarioso, um repórter perguntou-lhe que tal o gramado (do campo de futebol, que inspecionava). E o taura, “Não sei, não pastei ainda”. Só não foi TRI em 70 porque o general queria escalar o time – mas, que tal?!, não deixava que o João escolhesse seus muito menos importantes ministros! Uma vez, no estádio do Botafogo, botou a correr o Manguita “fenômeno” (maior goleiro da história do esporte bretão e também do futebol, e grande, e bota feio!, um perigo, enfim), que teve que pular o muro de bem uns seis metros de General Severiano – ou morria! Comentarista, técnico, homem, agia como mandavam as idéias (ou o coração); se não gostavam, azar!, não dava pelota. Alegretense, tá visto.
Este combate de 23 começou mesmo em 22, quando das eleições de brinquedo, e, claro, na Intendência de Alegrete, face leste da praça (então XV de Novembro), quando Vasco Alves denunciou a fraude chimanga e foi assassinado. A gente toda em polvorosa, e com razão, pois Vasco Alves, “Ainda mais agora, que bateu as botas, vai ser nome de rua, che!”, comentavam (suspicazes e adivinhões, rua das mais importantes, embica na mesma praça – “o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim...”, ó saudade! – juntinho da Matriz).
Pois na revolução esta (ou na de 30, do obelisco?), deram um tiro de canhão, parece que do Masgrau, e fizeram um baita buraco na torre da Metodista. Lacy Osório poetou. Sérgio Faraco, não, que este é homem de prosa, e da boa, sabem? Contou, por exemplo, do “chafariz dos turcos”, que fica em um recanto da praça, perto da Prefeitura, onde os namorados iam ver as águas dançantes, meio que odaliscas, e turbavam os olhos, como que hipnotizados, nariz com nariz (anotar: sempre é melhor fechá-los, o estrabismo, definitivamente, não é chique). E contou do bugio amarelo, do urutau mugidor, da bruta guapeada com frangos, de Alice e de muito mais, do Ibirapuitã, por supuesto, mas não do rio em si, suas águas de sortilégio (“Quem dela bebeu, sempre volta”, anuncia um desses motoristas de reclame, esses de “auto-falante”, umas pragas, sempre com o som lá em cima, arrodeando tudo quanto é ouvido. “Mas... bebendo muito, se afoga”, sussurra outro e, por-aqui-que-não-tem-espinho, tocou em tema proibido: como ficam as famílias dos que somem todos os anos, por tristes – ou de faceiros, morte igual –, enredados n’água, lá?).

O Ibirapuitã
Lacy canta o rio, canta o rio e não se cansa (o Porto dos Aguateiros, as lavadeiras, a roupa “qüarando” nas pedras... Um dia, disse pra Virgínia (ou foi o Demétrio Ribeiro?), vejam que lindo, “Sabe o que mais me impressionou quando vi a cidade pela primeira vez? As luzes. Aquelas luzes amareladas dentro de bojos redondos que havia nas esquinas. Os postes de ferro trabalhado pareciam castiçais de três bocas...” E a Virgínia, que também veio do oco do município, goeluda do Durasnal, emocionou-se, talvez chorou – educadamente, ainda bem, se se frouxa, capaz que a ambulância da SAMDU saísse voando, à cata da tragédia –, porque, vocês entendem?, ela sentiu a mesma coisa... As luzes da cidade, e não era cinema mudo.
 Faraco não fala propriamente do rio e sim de um filho que foi banhar-se escondido, de bicicleta, nessas tardes quentes que só mesmo aqui (que, sob a fina camada de pampa, vige uma carapaça de pedra sem igual, e, em suas fímbrias – te mete! –, o maior aqüífero do mundo!). De um filho e de um pai que o repreendeu severamente, um pai que chorou no ter sido o que era (como nós todos, haja Yes), pai, num dado instante da eternidade (como nós todos, não vocês, pimpões da capital!, provedores, mas desses de óculos que fazem que ouvem o desafogo cheio do vazio do desespero – na multidão!, na sofisticada e multitudinária capital, gentes nenhumas! –, enquanto contam mentalmente a féria do dia. Dá até nojo, tudo mental: do cabeçudo ao débil, mesmo rol da desidrose, da psoríase e do berne sem-vergonha).
O quatro-olho enrolando os polegares, circunspecto de dar medo, todo atenção... Sonhando, o fdp! Sonhando, protegido pelo bunker da mesa futurista, com a pilha acumulada, dinheirama maior do que o Caruncho viu na vida (coitado, era cego) somando todas as matinês; maior do que o Manoel ganhou (“Quantas hoje, Manoel?”, “Quinhentas!”, “É pouco!”, “Mil!”, “Então tá, abaralha!”, e lá se ia a moedinha, girando em meio às risadas, petelecada como bolita, como quem joga de arrimo, um jeito de mão, efeito contrário, medido, e o zarolho bem vermelho, mais ainda que o habitual. Vergonha, seria? Alguém, alguma vez, perguntou?), com as calças de varar banhado, na odisséia diária pela sobrevivência sofrida; maior do que “percebeu” (porque operária – mas, com carteira?) em anos de faxina bem feita a Odete, que a gurizada medonha xingava, “Tadeu-Coruja!”, e ela saía atrás pela rua, ameaçando uma pisa daquelas, nunca dada, gritando os nomes feios mais horríveis, as filhas-de-Maria benzendo-se, assustadiças (um fremir coceguento)... Ah, tempos!... Os pais, contemporizando, Dona Odete pra cá, Dona Odete pra lá. Mas isto de entregar os filhos, isto, não, nunca pegou em Alegrete.

O jornal
Nem só fazendeiros ou bois somos, dizíamos. Não é daqui o Quintana?
Até, uma vez (um número!), negou-se a vir para a inauguração de uma placa em sua homenagem (na praça! – tudo gira, gira e dá na praça!), justificando num bilhete: “Um engano em bronze é um engano eterno”. Pois não é que o Adão Faraco (então prefeito, e dos bambas! – primo do Sérgio!) não teve dúvidas: mandou imprimir a frase lapidar na tal placa, que foi solenemente descerrada e ainda hoje engalana um outro aprazível recanto entre o Manequinho e a face norte (dos estadistas, da casa de Oswaldo Aranha, que Faraco achou de restaurar, contratando o arquiteto Carlos Moojen, pupilo do Demétrio – das luzes –, catedrático da UFRGS, neto do político de antanho, homem do Boqueirão, aqui mesmo no Rincão do Inferno, recentemente falecido, inteligência rara, vazio impreenchível).
Conversa vai e isto lembra a Gazeta de Alegrete, jornal mais antigo do Rio Grande, onde o avô do Moojen, o Seu João Peres, trabalhou muitos anos. E não fechou, aqui não tem só aquilo que já teve, como maldizem os sotretas. Aliás, há décadas vem sendo tocado – “inclusive!” – por um poeta: Hélio Ricciardi dos Santos, sempre nostálgico “da Rua Nina” (e quem não?), que teve olho pro talento despontante do homem do Hombre, seu braço-direito em muitos sucessos (como os Cadernos do Extremo Sul, conhecem?...) Uma certa época, Quintana também publicou textos na Gazeta. E vejam que foi-se, mas não de todo. Levava consigo a embaixada, a missão secreta de instalar um ponto avançado do Alegrete no Majestic Hotel, o que, como se sabe, deu-se (o Majestic onde mãe e filho vão passar algumas páginas de um livro de mesmo nome – terríveis, sublimes – do Faraco). Alegrete, não adianta, tudo Alegrete.
A Gazeta fica no calçadão, obra que matou a principal quadra da cidade, dos cafés, do footing, do passeio obrigatório dos automóveis à noite, mal girando os rodados, fila indiana de satisfeitos encapsulados em seus cascudos (depois banheirões, fuquinhas, os simcas feminis). Familiares, bonachões (no painel, “Não corra, papai!”, no espelho, um bonequinho da Bardhal, nos vidros, alguns preocupantes “Ame-o ou deixe-o”), sorrisos, abanicos, paraíso – saía-se sem medo à noite, nem televisão pegava! “Éramos felizes e não sabíamos”, sabuja o Esponja, cambaleante. Uns tontos, eis o que éramos.
Hoje, os carros barulhentos ficam contornando interminavelmente a praça. Em duas, três linhas, quase raspando-se, inticando uns com os outros, olhando-se feio, desafiando-se – nos mesmos cinco por hora, muitos deles armados (o horror introjetado, o insidioso horror). Fosse 93, no Inhanduí, a batalha incerta, na certa, estava ganha. Só os peidos que escapam dos panzers já a definiriam a nosso favor. “Nós, quem?”, quer saber o ignorante do Simone Obispo. Nem gaúcho é, o gringo, e só porque ficou rico com o arroz pensa que pode se meter na conversa dos outros. E o respeito?

O Negrinho
Fazendeiros e bois, sim, os há. Mas não só. Cavalos, porcos não contam? Tem um lá no parque Neytha Ramos, em ferro (“Negrinho Triunfante”, chama-se), que é bem um porco, de tão gordo que é o cavalo, o negrito em cima com os braços mãos-ao-alto, a barriga ocada, coitadinho, só não saem porta afora do Alegrete porque colaram a estátua numa pedra. Mas estão apavorados, com a cabeça virada pra ponte (do “combate”). Facilita, vão dar em Porto Alegre, e aí, nesta barafunda, adeus-tia-chica!
Pois este negrinho é companheiro, como se diz, de outro, que fica na Praça Nova (porque é mais nova, a principal já escondendo namorados nos escuros recortados e esta, 30, 40, ainda um banhadal, assim de cururu!), o “Piá de Estância”, moreno dos retintos, cabeça de porongo, pilchado, cria também deste Vasco Prado, que, aliás, não ficou só nisso, fez um baita dum painel em relevo na pracinha da ABA (urbanizada pelo Demétrio aquele, que falava umas 20 línguas conhecidas fora os dialetos e, desconfiamos, também as muito mais difíceis, que, todo mundo sabe, são as desconhecidas).
Desconhecidas, mas só pra quem não as conhece, claro. Entre tantos títulos honrosos, somos uma das referências para os ETs desta e doutras galáxias. Sorte, destino, escolha do patrão velho lá de cima? Quem sabe? O caso é que vários OVNIs foram vistos zunindo por este céu que nos alumia, de um lado pro outro, sem uma sistemática captável pelo olho humano, mas, incrível, nenhum acidente. Formatos variáveis, mas, no geral, semelhantes a pratos colorex emborcados um no outro. Breve teremos feito contato, se já não o fizemos. Esses assuntos devem ser mantidos em sigilo, sempre! O Agostinho, uma época, andou dizendo coisas, mas foi antes de vestir-se de Batman e tentar jogar-se da sacada da ZYE 9, bota tempo nisso!
Como vêem, não somos xenófobos.

O busílis
Na retina, temos, retilíneo, o mundo em sucessivas ondas, e, gaúchos, na retidão da pampa – viver! –, cavalgamos. Se há um eixo no planeta e roda, nunca aqui. Bombeando, por diversão, vez que outra saímos, disfarçados. Não vê o Tio Mingo e a Tia Beba? Passavam a lua-de-mel em Buenos Aires. Aí viram uma mulher gordota falsear o pé no estribo e se ir ao chão, rolante. “Só pode ser de Alegrete!”, chisteou o Tio. “Umas pivicas!”, a Tia, defendendo o gênero. Mas era!
Coincidência? Deus?... Ora, Argentina é pampa, Uruguai é pampa. Extensão mesma de Alegrete – quem o ignora?
Florentino Ameghino, o grande filósofo de Mercedes (e isto é velho, mas só publicaram em 1907), anunciou ao mundo que a pampa é a terra natal da espécie humana. Terra natal e domicílio esparramado, podemos acrescentar, Éden.
“Grande África!”, alguém deve estar pensando, “Quem é que não sabe?!” Pois é. “Tá visto, tá visto”, mas não custa repetir, as novas gerações passam tanto tempo no computador, com esses games do osso, da paleteada e da doma, que acabam ceguetas. A descoberta do Homo pampeanus, o primeiro de nós todos, o alegretense reprodutor original, o Adão e seu costilhar darwiniano, se retroavançamos, reveste-se de primacial importância – principalmente porque Florentino teve o eureka a partir de um toco de fêmur de bugio ou gato-do-mato.
Por isso, argentinos, uruguaios e nosotros, gauchos com “ú”, dizemos “la pampa”, feminina, maternal, habitat do bicho-macho. Sarmiento e Ingenieros endossaram o insight de Florentino, Luiz de Araújo Filho, para nosso dissabor, não. Neste mesmo ano, pela Livraria O Coqueiro, LAF lançava O Município de Alegrete (hoje, depois do Canto Alegretense, do Bagre e do Nico, provavelmente do Alegrete), compêndio possível sobre tema tão vasto, em cujas páginas descreve a aprazível cidade, seus prédios singulares, as estâncias fundadoras, rol de gentis-homens do campo e números, estatísticas impressionantes. Mas, do pampeanus, nada. Em se tratando de um precursor (Simões bebeu da fonte cristalina de Recordações Gaúchas para criar o seu Contos Gauchescos), poderia ter tido a premonição da coisa, porque bugio e gato-do-mato, desde sempre por aqui cochila.

Beiço
Esses tempos, começou a juntar gente numa das esquinas da praça, a do Bolão. Terra vaqueana em revoluções, pensou-se: “Oba!” E, de oba em oba, formou-se uma multidão. Mais de 200 pessoas tentavam entrar no Museu de Arqueologia e Artes de Alegrete para presenciar o lançamento do nosso novo santo-antoninho-onde-te-porei, o Instituto Cultural José Gervasio Artigas (“Não foi Andresito, seu filho, que incendiou a Capela queimada, foi?”, “Bueno, se já era queimada...”). Mas, do empurra-empurra, todos se salvaram, graças a Deus! (E o ataque fundador, do Guaicuru, nos trouxe do litoral do Inhanduí para o do Ibirapuitã, sem comparação!)
E aqui fincamos pé e aqui estamos, cada vez mais bêbados da cacimba hermosa do rio, gente nitidamente original, no contraste com esses de matéria-plástica da capital. Só para darmos uma idéia, em contraponto aos satisfeitos que vivemos esta continuada festança, boas centenas de invejosos, talvez milhares, mordem-se escondidos nos cantos escuros da sordidez. Pensamos até em encomendar antiofídicos, mas o Totoca, cartesiano, disse: “Não”. E, como está com quase 150 quilos, todos os demais assentiram.

Alegrete tem de tudo, até coisa ruim (que nos recusamos a apontar, temendo magoar-nos a nós mesmos, auto-mágoa que, todo mundo sabe, é a maior das feridas). Nem tudo pode ser brastemp, mas nosso esforço diuturno salta aos olhos. Se vocês querem ver, é só dar um pulinho por aqui em tempo de exposição – de gado ou quadro, tudo campesino. Um metido (criador de árabe!), inventou de pintar umas egípcias (porque alguns gaúchos vieram dos beduínos, e o deserto do São João avança), egípcias verdes com os olhos saindo das órbitas, além de desproporcionais. Se alguém nos olhasse assim, saíamos disparando, isto é certo. Mas, pronde, se tudo é pampa?

(Os invejosos supra vão acabar ficando sem beiço. Bem feito!... “Assombroso! Isto é verdade? Isto e aquilo incluso?”, quer saber um estapafúrdio, gente de queixo caidor, caidor e quebradiço. Mas já estamos longe, à toda brida, agarrados às crinas, o corpo pendido para o lado oposto dos enxeridos. Novamente charruas, centáuricos sempre.)

 

 

Viagem a Salto, Uruguay  – Bosquejos

Nada direi, tão rica a experiência. Guardo-a para mim e, quiçá, páginas futuras.
Só que o ramo brasileiro da família Fernández Crespo fretou um ônibus e foi-se. Esther fazia 46 anos.

Comitiva
Los viejos: tias Irma e Marieta, tio Luiz, mãe Fani.
Tronco Irma Nereia: la hija Irma Nélida, sus nietas Adriana e Luciana, su bisneta Gabriela.
Tronco Maria del Carmen (Marieta): el hijo Santiago, as noras Rose e Tê, la nieta Beatriz.
Tronco Luiz Alberto: o próprio.
Tronco Fani Concepción: los hijos Iris Nélida, José Carlos e Blanca Maria, a nora Ayda, o bisneto Eduardo.
Agregados do Instituto Cultural José Gervasio Artigas: Amália, Maria José, Janaína e seu namorado, Marcelo, Marianne, o casal Balestra, Lara, Elene e Fernanda.
Motorista: Sandro.
Ausências sentidas: Iolanda, Daniela, Mateus, Ana Teresa, Cristiane, Pedro, Clarice, Eninho, Ascânio, Rita, Gilmar, Virgínia, Taís.
Ausências comemoradas: Arli e Liliane.

Hematoma
Na foto abaixo percebe-se algo em alguém. Pergunta-se: o quê? Quem?
Os que acertarem, receberão, grátis, um espanto gratuito.

Hematoma

 

 

Redota Preta

Salto - Uruguay

O Instituto Cultural José Gervasio Artigas, neste final de semana, estará despachando diretamente de Salto, Uruguay.
No instantâneo acima, nossa última estada na aprazível terra do velho Crespo. Vejam o rio hermoso, que ele atravessava de barco sempre que ia a Concórdia comer la mujer del capitán, de onde, em certa jornada inesquecível, perdeu sua querida bola esquerda, fugindo do tiroteio imposto pelo irascível militar.
A presidente do Instituto, Amália Cardona Leites, e o gestor da conta publicitária, Sílvio Hector Balestra, estarão discutindo intercâmbios com o Secretário de Cultura do Departamento.
A família Fernández Crespo, nobre tronco da estirpe castelhana, andaluz e basca (talvez moura e, por que não?, mameluca), experimentada em épicas batalhas, também se fará presente. O motivo oficial é a comemoração do aniversário de Esther, mas há outras motivações paralelas, como a visita ao putedo preferido do Tio Ovídeo, onde vamos (como a Roma, Salvador ou Meca) em peregrinação assaz espiritual.
Chefiando a delegação, o Tio Luiz, com a ajuda, sempre expedita (embora lenta, todas com noventa e picos), da Fani, da Irma e da Marieta. As "Cajazeiras", como bem diz o Pelé, estão impossíveis, "oreando" as peles e as demais peças de festa. O último pega centrou-se no pormenor "cabelos", quando arrancaram-se umas das outras boa parte deles, o que encaminhou a resolução do dito.
Não nos enganemos, porém, esses três dias prometem: há mais de cinqüenta anos as três não dividem o mesmo ônibus. Por exemplo: todas querem janela e, indiferentes às outras 15 ofertadas, exigem a janela número 11, que, ninguém o ignora, é o número da sorte no ocultismo sincrético de Bilbao e arredores (o 22 é corredor).
As pequeninas Gabriela e Beatriz são as mascotes da turma, Irma Nélida, a Rainha, e Arlênio Rubi, a Miss Simpatia (Troféu Limão, claro, para a Fernanda Cardozo, imbatível nesta seara).
E não podemos deixar de citar Ayda, Eduardo, Iris e Blanca, por motivos óbvios.
O Pepito já está tendo trabalho há pelo menos um mês. "Nunca me estressei tanto em preparativos", disse ele, Presidente Honorário da Patria Gaucha e dono do Hostal del Jardin. "Essa gente só pode ser do Alegrete". E não é que é!
Hasta la vista beibis!

 

Padre

A Páscoa é um troço tri emocional. Fico troncho.
Que eu lembre, Os Maias foi a melhor série televisiva dos últimos anos. Pelo menos a partir de Grande Sertão: Veredas e de O Tempo e o Vento – esta porque ligada intimamente a nós, gaúchos, meio que “hors-concours”. (Aquele negócio com a Montenegro, meio por demais, Hoje é dia de Maria, parece, é filme, não série.)
Tenho ouvido muito o CD que traz a trilha-sonora da mini-série. Gosto do Madredeus há muito tempo, desde que o Pirata (Leães) me mostrou uma música inclassificável dentro dos padrões da época e que me tomou inteiramente. Escuto seus CDs como um ato religioso, espiritualmente genuflexo. Esses dias, transido pela beleza de uma certa música de Os Maias, gritei, “Ayda! Traz o milho, rápido!” Ela acorreu, preocupada, “O que é isso?”, vendo-me de joelhos e, talvez imaginando que, na posição de quem ora, eu estava era preparando-me para bater asas como uma galinha e pedia o milho para... comê-lo! Não quis preocupá-la, como uma vez, a meus pais, tentando saltar do segundo piso com o singelo pára-quedas da fronha do meu “trabicero”. Eu não tenho mais cinco anos – às vezes – e resolvi desistir do milho, já poupando meu joelho esquerdo que doía da ardósia sem grânulos. Ergui-me e atirei-me, como um boneco de pano, ao sofá, enquanto a música do Madredeus ciciava-me: “Haja o que houver, eu estou aqui... Há quanto tempo já esqueci, porque fiquei longe de ti...”
Não sou dado a negociações com os espíritos, embora tenha querido ser padre quando, nos anos 60, conheci os Capuchinhos que, não sei a propósito de que festa religiosa, passaram um tempo em Alegrete. Na família do meu pai há várias freiras e todos são muito católicos (ele estudou em colégio de padres em São João D’El-Rei). Quero ser padre ainda outras vezes – quando revejo O nome da Rosa, por exemplo, ou ouço música sacra, a grande música para mim. Quero ser padre agora, ouvindo “Haja o que houver, eu estou aqui...” porque sinto, melancolicamente, que é um anjo que canta só para meus tímpanos, talvez um feminino Ieiazel brincando com minha carapaça cética. Melancolicamente porque, como disse, não sou dado a negociações espirituais, embora envolvendo saúde, sou capaz até de fumar charuto e tomar cachaça da braba – ao menos em tese. Melancolicamente porque, com a minha idade – mais de cinco neste momento – sinto que só um anjo diria com propriedade “Haja o que houver, eu estou aqui”, e os anjos, como os elfos, os gnomos e as fadas, só conversam com os espíritos puros das crianças – não comigo, que, além dos pecados mundanos, tenho imensa simpatia pelo companheiro Fidel Castro.
A música do Madredeus fala de amor, e de um amor “no sentido bíblico”. Mas vale para qualquer forma de amor e, já dizia o Milton, qualquer delas vale a pena. Minha melancolia por já não sentir-me apto a crer em anjos é compensada por jamais ter ficado tanto tempo “longe de ti”, deste “ti” plural dos anjos que me acompanham no dia-a-dia terreno, chamando-me de pai, vô, filho, mano, amor. E então lembro porque, apesar de minha imensa vocação, jamais ter sido padre – quiçá Santo (que os há também do “pau-oco”).

 

 

Lançamento de Estilhaços

Abaixo, algumas fotos:
A matéria e outras fotos, na pasta Livros.


O autor autografando o exemplar da La Pandorga

 


O autor e Tatata Pimentel


Ayda Judith, Virgínia do Rosário, José Carlos Queiroga e Sergio Faraco

 


Eduardo Lanius e JCQ

Sacro-Lúdicas no Venezianos

A espetacular Mostra de Pinturas Sacro-Lúdicas, que embelezou o Museu de Arte de Alegrete e o Entreato (em algum lugar da República), agora foi transferida para o Bar-Pub Venezianos, na travessa de mesmo nome, resquício da colonização açoriana em Porto Alegre.
Fomos até lá para conferir. Abaixo, as fotos comprobatórias.


Ayda e Fernanda Cardozo


Queiroga, Ayda e Isabel


Casa da travessa (tombada pelo Patrimônio Histórico)


Crianças na travessa

Visita ao Pedrini

Bar-restaurante preferido do meu pai (nos anos em que moramos todos juntos ali pertinho, na Lima e Silva, 912), foi o local escolhido para a confraternização de alegretenses de diversas idades (e igual pegada!).
Como nossa vida é uma bíblia aberta, contamos: na hora de pagar a conta, MMGonçalves, gerente mundial da Caixa, atirou sobre a mesa algumas notas altas, sendo que a de dois dólares caiu sobre o resto da língua com ervilhas (único prato ainda por ele intocado – e o fazia desta forma pouco cortês, buxo cheio). Seguiu-se pequena altercação e o próprio, não atingindo seu intento (de que ninguém comesse a língua, uma vez que NELE não cabia mais, pois Luciano Potter, antes de escapar em sua lambreta, assim o fez), rasgou a nota ao meio (vide flagrante), mostrando, cada vez mais gordo, que fica cada vez mais exibido.
Mas houve descontração também, a Fernanda arrotou... (claro, mestranda e em POA, passa arrotando), etc.
Às fotos, sem mais delongas.


Fernanda, Potter e MM com o dólar rasgado


A fuga na lambreta

 


Blanca Maria, dando uma palhinha de “Romaria”


Isabel, impressionada com o abuso do MM

 


Mateus, cagando trinta pra discussão

 


Uma geral da mesa, Turu-Turu Zurita (baterista da ABRIU-18), o primeiro à direita

Novos Borrões

Duas recentes telas (sob encomenda). Detalhes abaixo - elas inteiras na pasta Borrões.


 

ORKUT

A Viscondessa me contou e eu, “Ué!”
Sim, porque essas de sangue azul... E se for azul de metileno?
(E a Viscondessa, não conforme, ainda batizou-se Regina, que é outra maneira de intitular-se rainha.)
Disse que andavam falando em mim no tal Orkut, até citou nomes, a Zulmira, a Pimpa, a Irisnel...
Bueno, dessas, a que me deve uma pedra é a Irisnel – dos meus cuidados com ela quando teve caxumba junto comigo.
Bá! Não parava quieta, e eu, correndo atrás da guria com a pomada preta e a folha de parreira. Que nada! Dava umas gambetas de pescoço (que, mais tarde, ensinou para a Bancamaria, as duas a me atazanar, bem na época da primeira comunhão, quando eu queria ser padre descalço – era muito melhor brincar descalço).
Só não foram de circo, essas duas, pelas rezas da mãe. As rezas, o batuque e as constantes visitas às encruzilhadas. Nossa casa era uma beleza: nunca faltou milho, galo, charuto, cachaça, vela e papel vermelho, daqueles comprados na De Ré e que também davam pra fazer pandorga.

 

mãe e pai no carnaval
Meus pais, no tempo do "Bar do Gordo"

 

A confirmação

Pois a Irisnel me confirmou: “Teu nome anda na boca do povo do Orkut!”
Fiquei como esses da novela grega, meio troncho de fala e “pasmo”. Imagina! A Zulmira e a Pimpa!
A Zulmira, casada com o Vladimir? Minha colega de Demétrio e depois, quando pulou o quinto (gasguita que só ela), colega da Mana a vida inteira? Aquele amor de pessoa, e, além de tudo, bonita, inteligente (o que nem fica bem em algumas outras mulheres)?
“A própria”, disse-me a Irisnel, e parecia contente, até emocionada.
Como é “Crespo” de carteirinha, de choro fácil, dei uma mudada de assunto antes de pedir confirmação a respeito da Pimpa:
“Esses dias, comi um biriba na praça... E, sabe da maior? Vão reabrir o bar ‘do gordo’. Ao menos fizeram uma porta no Clube, de frente pro Quiosque, só faltam as cadeirinhas de madeira no meio da rua, lembra?”
Quando percebi que estava mais calma, perguntei da Pimpa. E, para meu espanto, era a mesma Pimpa da minha infância, cabeluda, “linda de morrer”, como se dizia, “de parar o trânsito”.
Alguns anos mais mulher do que eu homem, guardo dela a imagem do maravilhoso, do intangível (eu, preso em minhas calças curtas, e ela, já com exuberantes onze ou doze).
Puxa!...

A recusa

Aí, o André Mitidieri, a Fernanda Cardozo, minhas filhas... Todo mundo deu de falar bem do Orkut, que eu deveria entrar e tal e coisa.
Não. Não posso correr o risco de reencontrar pessoas queridas, relembrar passagens comuns de um mundo que já não pode existir, desenfreado como está, desumanizado. (Nem calça boca-de-sino usam mais! Nem Renato e Seus Blue Caps escutam! Nem chiclé de Libres mascam!)
Não posso imaginar que, pelas lembranças compartilhadas, o tempo, de alguma forma, volta. Porque, cartesianamente, sei que não volta e (de minha parte, também Crespo), não quero correr o risco de precisar, em público, de Yes! Homem não usa Yes! E, melancolicamente, saibam: não se acha mais Yes nas prateleiras! Yes, só Yesterday.
Mas estarei por aqui, na La Pandorga. Abraços em todos, “beijos mil”. Obrigado pelas palavras doces.

 

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Casa do Povo

O que será que acontecia na cabeça da deputada quando dançou em regozijo no plenário da Câmara pela não cassação de um colega?
Provavelmente ouvia alguma música.
Algo que lhe entrava por um ouvido e saía pelo outro, só pode.
Mais uma vez, como diria o Brizola, "o som propagando-se no vácuo". 

 

Quixote

Sancho

No instantâneo acima, vemo-nos quixotescos, brincando de estalar bolinhas de plástico. A protuberância da barriga, notem, nada-nada de tão chupada.

Sinuca de bico

O carnaval passou, o enterro dos ossos passou e nós, que passamos sempre, a todo instante, letárgicos! Como se tivéssemos a estrada franca à nossa frente, Deus (sem uma ruga, espertalhão) em operação tartaruga!

Não tem lé nem cré, não nos perdoamos.

A partir de hoje, todas as sextas-feiras esta página terá novidades. E das sobranceiras, das anciãs, renovadas pela urgência de termos, irresponsavelmente, perdido umas e outras no afã intimorato e resfolegante de dormir no sofã.

Contou-me a Isabel que a rainha da bateria do Salgueiro, Carol Castro, evoluiu no ritmo de nossa cuíca roncadora, passo a passo. Logo a Carol! Sem a Luma, só mesmo a Carol, eu advertira (as outras têm bunda de mentira!).

Consolou-me a filha, a outra filha, a mulher, os netos, a mãe, as irmãs, deram-me colo, um upa-upa (eu, "Hã-hã!", ainda estatelado no sofã supra).

Melancólicos, porque, de tudo, uma certeza temos (eu, conosco, também): carnaval, só no ano que vem.

Futebol, rouxinol, sol (arrebol), cuidem, todo dia tem. Já a Carol, só no ano que vem.

Suas curvas de alabastro e eu, no tobogã (se da Castro caio, ainda tenho o emplastro – sabiã).

Não somos nenhum astro, eu, meus outros eus, o nós majestático (mais o problema prostático). Sinuca de bico (e não sei jogar).

Mas, como diz o outro, anfã, ao menos ainda temos o sofã (porque, um ano de espera, ou guardo o sono já, armazenado, e chego inteiro lá, ou fico na quimera, despertando – pro trabalho – manhá a manhá).

 

Tudinha

Infelizmente, a Tudinha atrasou. Dinheiro.

Tínhamos como certo um patrocínio e não é que...

E o material que temos, supimpa.

Estamos esperneando.

Que sai, sai, mas quando?

 

José Artigas internacional

O Instituto Cultural José Gervasio Artigas, já deverasmente conhecido em tudo quanto é canto, resolveu dar uma bombeada do lado de lá.
Arlênio Rubi empreendeu viagem à cidade de Artigas e Amália Leites, à cidade do Salto, ambas na República Oriental do Uruguai.
Pra começo de conversa, quedaram-se admirados porque não acharam um que fosse oriental de verdade, como o Bruce Lee. E isso que ficaram atendendo pros lados, tudo girava quando chegavam ao hotel – tomavam Dramim e, de fato, quedavam-se.
Amália resolveu utilizar-se de um expediente muito conhecido (e nem por isso menos científico): beliscar-se. Começou nos braços, foi-se aos pés (vomitou) e volveu pra cima, até as bochechas. Por isso que tá toda roxa daquele jeito (e gorda – mas não é gordura, pobrezita, é inchaço mesmo, inchaço do tipo obeso).
Nos flagrantes acima, vemos Arlênio, faceiro da vida, cercado de tudo o que não presta, e Amália (que operava a máquina digital, os tomates recusaram-se), documentando as caixetas que logo compraria para o desjejum.
Os encontros culturais, apesar de tudo, foram satisfatórios, mas isso só vamos contar na Tudinha número UM, que vem aí (lá por fim de março, início de abril).

 

 

Maracujá de gaveta

Um cara-de-pau cearense (performer, como se diz, esticando os beiços) resolveu radicalizar. Inventou um renomado artista japonês, “Souzousareta Geijutsuka”, e uma exposição para ele, no Museu de Arte Contemporânea de Fortaleza, batizando-a de “Geijitsu kakuu”.

Yuri Firmeza (sic, por via das dúvidas) teve o apoio do diretor do museu, que declarou “dar a máxima liberdade para o artista criar”. E tanto é assim que Yuri fez várias performances no MAC, muitas delas peladão.

O embuste não descuidou nem dos onipresentes assessores de imprensa que todos os famosos têm (conditio sine qua non para a fama, ao que parece). No caso, a namorada de Yuri, que ressaltou (está na Zero Hora) o reconhecimento mundial ao japonês, cuja arte foca “a harmonia entre a natureza que nasce e morre, empregando equipamentos tecnológicos para abordar a questão entre a fragilidade da vida e suas conseqüentes contradições”. Isto é: tudo muito parecido com as baboseiras com que se costuma carimbar os fazedores de arte, em especial os “vanguardistas” (como Yuri e, claro, Geijutsuka).

Toda a imprensa cearense caiu na treta. E ficou furiosa (depois, lógico, de revelado o trote por Yuri, que disse almejar isso mesmo, questionar os critérios de reconhecimento artístico nos dias que correm).

Os mais sisudos qualificaram de “molecagem” o gesto de Firmeza. Pode até ter sido (considerando o histórico do cara-de-pau, deve ter sido).

E eu me pergunto se, sem a entusiasmada colaboração dos jornais, ele conseguiria criar o fato (que, afinal, resultou em interessante discussão, diga-se)?
Pergunto-me se, com jornalistas mais atilados, de melhor base cultural, de maior experiência, tais releases teriam sido levados a sério?
Pergunto-me se não se usa mais checar informações?

Para mim, que já dobrei o Boa Esperança há séculos (e o informo para que qualquer froidido de quinta possa dizer, faceiro, “Claro, gagá desse jeito! Ele tá é defendendo a tchurma dele!” – me encanta a faceirice estúpida. A vocês, não? Afora a do Bush, que, sempre digo, é bucha!), o caso deve-se a uma doença que tem-se alastrado por muitas redações nos últimos tempos, que é a terrível e contagiosa juvenilite.

Terrível e sem a esperança da vacina, o tempo de pesquisa seria maior do que o de superação natural do problema, o amadurecimento que só o tempo mesmo... Fôssemos abacates ou maracujás, vejam só como Deus é injusto, enrolados em jornal ou na gaveta, de um dia para o outro poderíamos virar suco!!!
E a juvenilite manifesta-se enquanto “molecagem”.

Para mim, há séculos entrado no Índico e sem a estrutura do Brasil 1 que, mesmo assim, quebrou o mastro em três partes, essas coisas só acontecem por molecagem. Porque as redações estão entupidas de editores moleques (isto é, jovens demais, “mudernos” demais, já que é uma pauta nordestina).

Não seria por uma adesão imediata a tudo que possa significar o novo (sendo estrangeiro, melhor ainda, de primeiro mundo, uh!), que caem no conto do vigário? Uma adesão que é como olhar-se no espelho e gostar, mesmo que a inteligente e, no caso, bela cabeça (nordestina!) fique sempre escondida atrás?

E, finalmente, porque as pessoas da hora, temendo o “desmascaramento” (da estupidez!!!), não podem ficar pra trás da concorrência, sempre rápida no gatilho (a ânsia do furo, que promove e aquinhoa).

Se estudassem um pouco mais, procurassem (os que informam!) mais informar-se, saberiam, já pelo prenome, absurdo muito pouco provável inventado por Yuri (até pelos sons encadeados, onde se lê o nosso popular “Souza”, o caro aos performers verbo “ousar” e até a terminação “eta”, de “mutreta”, “treta” e da saudosa Marieta, que caía na valeta e costurava com linha preta – hoje é tudo pretaportê), a malícia da coisa toda.

A personalidade na qual Firmeza inspirou-se (foneticamente) nada tem a ver com artes plásticas, embora sua área de atuação guarde parentesco com o jiu-jitsu (sugerido pelo nome da exposição, “Geijitsu”, e pelo sobrenome, “Souzousareta”, com o acréscimo da terminação “uka”, que rima com “maluca”, mas nem sempre cabe para designar um descendente de samurai, ainda mais se tomarmos “Gei” como “gay”).
Refiro-me ao sumô, milenar modalidade de luta, que tem no yokozuna (sentem, de alguma forma, “Geijutsuka”?) Assasseretku (“Souzousareta”?) um dos maiores campeões de todos os tempos, redivivo, diria, mongol, Asashoriu, o atual grande campeão, tal a agressividade, tal a refinada técnica.

Se não acreditam, perguntem ao Richard Chamberlain, que foi Xogun.

 

 

Mestrandas do José Artigas dão de relho em Porto Alegre (só pra variar...)

O Instituto Cultural José Gervasio Artigas acaba de aprovar dois de seus mais insignes quadros nas seleções de mestrado da PUCRS e UFRGS. Virgínia do Rosário, na Pontifícia, em Escrita Criativa, e Fernanda Cardozo, na Federal, em História Contemporânea (vai comparar o MST com “los piqueteros” argentinos).
“Não tínhamos nenhuma dúvida de que estavam dentro”, diz Arlênio Rubi, o 2º tesoureiro (e alfaiate de mulher). “Era só pra cumprir tabela mesmo.”
Totoca Dorneles vai além: “Se eu não fosse nobre, armava um pedágio na Jerônimo (meu avô longínqüo), esquina com a Santana, que tem bom fluxo, e ficava rico! Então que... ou vai ou racha!”
Parabéns e “devagar com a viga, moçada”, como diria o do Apanhador, honorário do José Artigas (por meio-meio recluso e por bom, bom). Devagar, assim, pra não dar muito na moleira dos entrincheirados que dormem nos sacos, vida ganha.
“E sem um tirinho que seja!”, reclama o Arlênio.
“Ué, sais! Pensei que tu era che do grimpissi, só na ternura!”, espanta-se o Totoca. “Não digo tiro dado, mas tiro tomado. As flechas... Não vê que não chegam neles. E se aposentam com periculosidade!”
Um dia – anotem aí – a gente ainda vai rir de tanto chorar.

 

Santinhas


As tias Beba e Blanca (provavelmente quando da primeira comunhão). Isso lá pelos idos de vinte e poucos do século passado. Alguém, vendo a foto, acreditará que sempre foram de briga?

 

RIFA

O Instituto Cultural José Gervasio Artigas comunica que, na extração de quarta-feira, nenhum número vendido foi sorteado para receber as telas referentes ao primeiro e ao segundo prêmios de nossa espetacular rifa de Natal.

Estaremos de olho no sorteio deste sábado. Não saindo, no próximo. E assim por diante. Confiram e cobrem (pois queremos nos ver livres logo das enormes e estrambólicas telas).

 


Blanquinha (Ana Paula?) sorrindo um Feliz Ano Novo para todos nós.

Boletim Médico

Fani Concepción finalmente fez sua tão aguardada colonoscopia hoje. O médico surpreendeu-se, nós não: a paciente, de intestino mesmo, só o delgado, porque o grosso, nem pra médio serve.
Filha temporona de família grande, Fani sempre foi tratada como um bibelô. Foi dizer nome feio só depois dos quinze, e assim mesmo aquele surrado monossílabo terminado em “u”, e corretamente, sem acento.
Como esperar que não fosse ter prisão de ventre?
Demorou, mas, com quase noventa, o ânus não agüentou (e quem, fofos, agüentaria?, quem, se alguém fosse por um minuto ânus agüentaria tamanho trabalho? Vaitimbora!
Também, a dieta, à base de carne, massa, arroz e outros grudes...
A Blanca liga, a Iris vem de Agagaquaga, mas, que nada! “Não como pasto!”, diz, o barrigão parece um mogango. “Pobre, café bem doce!”, emenda.
O filho desnaturado sai batendo a porta: “A senhora nunca foi pobre!”
(Dizem que o filho pega o dinheiro dela e dá sumiço. Aposta no Jóquei e sempre perde. Por isso a irritação. Não quer ficar frente a frente com a verdade. Foge... E nem é de admirar, não entra em elevador e diz que o homem não pisou na lua coisa nenhuma! Se vê que é despeito com os americanos, povo adiantado e chique: lá, nem chicano tem medo de elevador. Pobre da Fani...)

Enquanto isso

A mostra de pinturas Sacro-Lúdicas, no Entreato, República, 163, Porto Alegre (entre Lima e Silva e João Pessoa) só fica mais duas semanas. Abre sete horas (segunda, não) e se vai noite afora (adentro). Baratilho total. Parece loja de turco!

 

 

Extra! Extra!

tela01
Blanca Racha menos rechonchuda no rego do sofá

Confirmada para a próxima teça-feira, às 19 horas, no Entreato, Rua da República (entre Lima e Silva e João Pessoa), a inauguração da Mostra Sacro-Lúdica, série de pinturas em tinta acrílica de JCQueiroga (que, aliás, está fazendo curso de doma racional – em animais racionais, claro). Todos de Alegrete lá, por favor. Sabem quanto está custando uma kombi velha?

 

Atenção:
Fani evacuou!
Fani Nova

Baixada no Hospital da Santa Casa de Alegrete desde quarta última, quando, em função de renitente bolo fecal dormido no intestino, começou a bater queixo e tremer toda (febre), deixando todos muito nervosos, pois reclamava que não iria sem banho e camisola do Amor Perfeito (mas foi), Fani Conceição Fernández de Queiroga finalmente “floxou-se”, para usar a expressão de um conhecido que passava e ouviu o cheiro. Ainda bem que sua irmã, Irma Nereia, estava lá para ajudar.
Agora, que o tubo está lubrificado, espera-se profusas evacuações nas próximas horas. Quem te viu, quem te vê. Quarta, no momento em que começou a tremer, a acompanhante e amiga Vera pensou que a coisa tava preta. De fato, o filho é testemunha e declarou nos corredores do hospital (de noite, retumba, um enfermeiro o admoestou que aquilo era uma falta de respeito, falasse mais baixo, não era arauto de nenhum apocalipse), para quem quisesse ouvir, que a senhora há bem uns vinte minutos apresentava aquela cor arroxeada matizada de branco com laivos verde-musgo. Que, sim, o tremor também era antigo, desde que ficou com a perna boba, mas daquele jeito, nunca, “e não é das treme-treme por nada, depois que calibra com as boletinhas, se vai lindo, a Ivete se diverte vendo o Leão com ela”.
Enfim, este comunicado é para tranqüilizar os familiares e os muitos amigos que vivem longe. Já vinha soltando gases desde hoje de manhã (sexta), quando o Sebastião fez uma vibração na barriga dela (inchada que nem um abobrão). Dos gases para o vaso foi num upa. Saiu um pouco de sangue, coisa esperada em quem estourou hemorróidas internas e quer porque quer ficar com diverticulite (a doença aquela do Tranquedo), bem mais chique.
Era isso. Tudo sob controle.

 

 

Pinturas sacro-lúdicas
ousam pisar Porto Alegre

Dia 13 de dezembro, a partir das 19 horas, o Entreato, espaço de convivência e arte ali na República, Porto Alegre, estará oferecendo aos apreciadores nova exposição pictórica, desta feita, a Mostra Sacro-Lúdica, de José Carlos Queiroga, metido a escritor e pintor diletante. Tendo participado de várias coletivas em Alegrete, onde reside, acaba de fazer sua primeira individual, que teve lugar nas salas vetustas do Museu de Arte daquela cidade, com expressiva visitação. No outono de 2007 deverá expor na cidade de Salto, no Uruguai.

Decorador de paredes

Serão em torno de 25 telas, em tinta acrílica, de um colorido e uma variedade temática surpreendentes. Queiroga se diz um “decorador de paredes”, pois, “diferentemente do Jatobá, que tem aquele maravilhoso labrador, guio-me apenas pela intuição”. De fato. A diversidade estilística é patente, ora lembrando (de longe) alguns impressionistas, ora enveredando pela arte vitral medieva, incunabular (se não pecamos), sem abdicar dos borrões próprios dos hiper-modernos: “Estes últimos, muito admiro, pois percebo neles algo dos pintores rupestres, nossos primeiros mestres, se vamos traçar uma linha de tempo, dos quais os grafiteiros e os tatuadores são, talvez, seus hodiernos avatares”.
O surpreendente é que o colorido dos trabalhos ora chama atenção, ora distrai, permitindo-nos afirmar que tanto cabem em quartos de UTI (ou quejandos) quanto nos mais incrementados ambientes: “Quis assim para homenagear todos os gostos, principalmente o doce. Minha intenção, ao contrário dos bienalistas, não é provocar o visitante, mas cortejá-lo com um pouco do que já conhece e seja capaz de identificar, sentindo-se inteligente, comungante com o caos domado, feliz, enfim. Só uma pessoa feliz é capaz de pagar por telas de um desconhecido, mesmo que sejam baratíssimas.”

Olhos saindo das órbitas

A mostra, não por acaso, chama-se Sacro-Lúdica. Queiroga, sem discordar dos que preferem os trabalhos da série “Faz de conta que é Jesus”, com destaque para “O Calvário” e “O Milagre dos Peixes”, faz um apelo: “Gostaria que os eventuais visitantes olhassem também para as composições obscenas, especialmente as sado-masoquistas, e para as minhas preferidas, que amontoam borrão com borrão”. Insiste que devem dar uma espiadinha, “nem que seja com a mão tapando o rosto, pela fresta dos dedos, não vão se arrepender”.
As telas “não são omo branco total e muito menos brastemps, até porque sei que abuso das cores quentes”, observa Queiroga, “mas também não são o que li em um jornal fronteiriço, que falou em ‘obsessão inexplicável do pintor com relação a Deus e a tudo o que é mais sagrado’. Acredito que a pintura, como o sexo e outras artes, é antes de tudo ludismo. Pintei, por exemplo, umas egípcias verdes com os olhos saindo das órbitas, além de desproporcionais. Se alguém me olhasse assim, eu saía disparando, e, no entanto, não mordem”.
José Carlos Queiroga é jornalista e professor, tendo publicado até o momento quatro livros, com destaque para os romances Viagem aos Mares do Sul, primeiro prêmio no Concurso Nacional Cidade de Belo Horizonte, e Tratado Ontológico Acerca das Bolas do Boi, segundo Marcelo Backes, Doutor em Romanística pela Universidade de Freiburg, “um romance grandioso, tanto física quanto metafisicamente, (...)de qualidade equiparável à melhor produção literária do Brasil contemporâneo (falo de autores como Francisco Dantas, do nordeste, Luiz Ruffato, de Minas, e Sergio Faraco, do mesmo Alegrete de Queiroga). Na obra, o autor consegue superar a si mesmo no humor, apresentando uma cosmogonia do mundo pampiano, debatida literária, filosófica, sociológica, histórica e geograficamente, pelo menos...”

Jesus nunca riu

Com uma penca de livros prontos e um lote de quadros, Queiroga ainda oscila entre uma e outra vereda, nos intervalos de sua atividade principal, que é brincar com os netos. “De qualquer forma, se há Deus e ludismo na exposição, esta briga vale a pena, embora a coisa esteja mais pra preta: Jesus, sabe-se, nunca riu”.
A mostra deve estampar as paredes do Entreato pelo menos por três semanas, lembrando aos descansados que 25 telas, e ao preço que vão à venda, rapidinho esgotam-se. Quem quer passar mais um ano no seco?!

Mostra de Pinturas Sacro-Lúdicas

         Até o fim de novembro no MAARA (Alegrete), a partir de 13/12 no ENTREATO, espaço cultural na Rua da República, em Porto Alegre.
(Obs. não de todo imprópria: as telas estão baratíssimas, pois o “decorador de paredes” quer $ para uma kombi velha.
         Veja um dos trabalhos. Vêem a luz à direita? Pois ela não faz parte do quadro.)


(Mais, em Borrões.)

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Lançamento da Revista Tudinha
e da Coleção Alfonsina (y el mar)
em Uruguaiana:
Sessão de autógrafos na Feira do Livro, 20h;
(Livraria Mundo dos Livros)
30/11


(Mais, em Livros.)

 

 

 

 

 

 

 


Greve

Don Bagayo y Balurdo soube hoje da greve de fome do bispo Dom Luiz Cappio, que registrou em cartório que só come se Lula não fizer a transposição das águas do Rio São Francisco.
Leonardo Boff, seu ex-professor, acredita que ele “irá até o fim” e acrescenta: “é um dos bispos mais santos do país”, na região, “é considerado como um Frei Damião”.
“Mas... a audácia do bofe”, comenta a professora de Educação Sexual, Religiosa e Artística, a ativista paz e amor, Doña Rasha Blanca: “E o outro?... Ele pensa que é o Gandhi?!...”
Pensa. Inclusive é o que afirma o sociólogo Adriano Martins:
“Podemos traçar, em relação a Dom Luiz, um paralelo com o jejum de Gandhi. Se o governo for até o fim e tiver que carregar o cadáver de um bispo, vai ser muito difícil. Chegou o momento do governo recuar, como sinal de avanço”.
Interessante isso de avançar recuando, hein Don ByB?!
“Pois, não é que é?!”, exclama. “Me diz uma coisa, guri. Não é pra lá que as pessoas usam cabeça chata, pedra na boca e se chamam Severino?...”
Don Bagayo, explique-se, às vezes fica esquecido, andou entupindo os tubos da cabeça, carne gorda, deve de ser...
“PVC é trigue, o resto...”, intromete-se o Predo encanador, sempre falando na língua do pê, pê de preda, “preda na boca”, de “Predinho”, o filho...
“Cala a boca, ignolante! O Don teve foi um AVC, até palou na UTI...”, este, o Cascão, faxineiro do hospital, metido a enfelmeilo.
Mas o caso é que Don ByB entende acertada a atitude do bispo, “Onde comem dez não comem vinte?... Pois é a mesma coisa ao contrário! Lembram da seca grande d’O quinze?...”
Ninguém lembra, o velho embrabece: “A seca da guria aquela da Academia, não morreu?...” O Seu Veneta, que assina Seleções, confirma, exagerando: “Morreu e faz tempo. Acho até que lá dentro todo mundo já morreu, não passa um dia que não convidem um morto novo...”
O fato é que o bispo retirou-se pra Cabrobó. “Bá, perto de Cafundó. E ninguém sabe o endereço de Cafundó”, comenta, sinceramente borracho, o gringo Simone.
Complicou mesmo, e o CEP? Alguém aí sabe o CEP? O Ministélio da Intregação não quer falar, diz que a coisa é “de foro íntimo”. Já a Comissão Pastoral está solidária com o grevista e acha que vai haver uma pressão internacional para que o governo não o deixe morrer.
“Como ‘o deixe morrer’?! Não foi o foro íntimo dele que registrou a decisão em cartório?!... Se é internacional, pode ser íntimo, Don?”, pergunta, e bem a propósito, o Everaldo.
Mas o Eudoro Taxista lê mais um pedaço da notícia
“Estamos de coração unidos ao querido irmão Dom Luiz e, com ele, ao clamor nacional e internacional que exigem que o Governo Federal reveja sua decisão, tão contestada e com argumentos tão sérios, de levar a cabo o projeto da transposição do Rio São Francisco”, afirma Dom Pedro...
“O primeiro ou o segundo. Sim, porque o primeiro aquele...”
“Deve de ser o segundo. Um caso cabeludo desses pede um mais madurão...”, afiança Romalino, “Ah bom”, faz com o gole o gringo, os ouvidos registram “Glah Bloglongulp”, mas dá no mesmo.
“E isso de ‘colação unido’ não cora”, discursa o Veneta, cuspindo-se, “Colação é que nem espílito, nem existe!...”
As discussões no Bar do Everaldo costumam ser intermináveis. E o Nadson ainda nem chegou da campana, a Hebe do Instituto (de Beleza) e a Dona Bolota, rolando de gorda, do fúti (para emagrecer, tipo um teste de cúper pé por pé).

 

Pepe não vem!

O presidente Honorário da Patria Gaucha , Pepe Fernández , ubicado em Salto, Banda Oriental, é a primeira baixa de nosso sensacional evento de lançamento oficial do Instituto Cultural José Artigas (que se dará nas salas do Museu de Arte de Alegrete, comandado por Bebeto Leães, dia 11 de outubro, quando o sol, qual galináceo, estiver se pondo). Eis, na íntegra, sua missiva:

“El fin de semana del 7 al 12 de octubre estamos con reservas completas en el
hotel debido al feriado argentino, que lo corren para el 10. Tendrán que padecer mi ausencia, tomenlo con calma y resignación, para éstas circunstancias de monstruoso dolor es muy atenuante la oración, y la peregrinación a algún santo de turno. Se que ‘hago falta, falta mi cara en la gráfica del pueblo, mi voz en la consigna, mis manos en la bandera, mis ojos en la contemplación del mañana' (Zitarrosa), mas temprano que tarde me volverán a padecer. Abrazos, Pepe.”

E o hotel de Pepe Fernández, el Hostal del Jardin , como é do conhecimento geral, tem de tudo. Reproduzo neste espaço resposta do presidente a um desavisado gringo, desses que pululam na Metade Norte, que queria saber se tinha banheiro nos quartos!!! Imagina?!... Diz-que são que nem gato, banho que é bom, necas!

“Me extraña que preguntes eso, hermano
Estamos hablando de un hotel que es la vanguardia del turismo mercosuriano
y sus aledaños, por supuesto que tiene baño privado, TV.Cable, Frigobar,
Teléfono, room service del más variado y afrodisíaco, el sólo ingreso a las
habitaciónes les produce sensaciones orgásmicas irrepetibles.
¿cómo está tía Fani y cuando vuelve a Alegrete?
Un abrazo, Pepe.”

A “tía Fani” mencionada é uma artista plástica e auxiliar da Delegacia da Mulher em Araraquara.

Para maiores informações sobre o hotel, entrem no Bolicho , aqui mesmo nesta página.

 

Arteiro

Da conversa de Ch’i Po com o imperador, Meirogo aprendeu mui proveitosa lição de anatomia: que temos cinco vísceras e seis intestinos. As primeiras, o coração, os pulmões, o fígado, os rins e o estômago; os intestinos, o grosso, e o delgado, a vesícula, o estômago, a bexiga e o San Chiao, que fica ali pela boca-do-estômago.

A confusão, como sempre, nestes casos de vida cifrada, dá-se com o que é exato.

Então, Meirogo, muito enxerido, perguntou: "Como, Ch’i Po, contar o estômago em uma e outra caterva íntima (aliás, letais in potentia)? Como, Ch’i Po, mestre, contar um se pulmões são dois, se rins são dois?... Não fecha a prova dos nove..."

O mestre permitiu-se sorrir: "Quem suprimiu-te um costilhar, que eu lembre, foi Deus, o teu! E deste costilhar, nem Merlin ousaria, obrou a fêmea inteira. Queres preencher a tua falta com as minhas sobras?..."

E mais não disse, não precisava.

Aí, Meirogo, ao melhor examiná-lo, pois que cerrara os olhos, notou, horrorizado (Ch’i Po, como eles todos, era muito magro, e usava só aqueles panos tapando o sexo), que apesar das inúmeras mulheres que por ali zanzavam... Meirogo notou que o mestre – incrível! – também possuía dois costilhares.

Dois! Inclusive com as flutuantes, intactas sob a pele, como tivesse, anaconda arteira, outro por dentro.

 

Sessões de autógrafos

O Instituto Cultural José Gervasio Artigas já tem data e horários de seus lançamentos na Feira do Livro de Porto Alegre.
Serão nove livros, que constituem a Coleção ALFONSINA (Y EL MAR), em co-edição com a Livraria Palmarinca, tradicional refúgio dos intelectuais portoalegrenses.
Será distribuída ainda a primeira edição da Revista Tudinha, veículo de divulgação da entidade.


Então, anotem aí:

DIA 07/11

— Memorial do Rio Grande do Sul, 15h30min

Tubo de Ensaio (prosa/poesia)
Antologia da Oficina de Literatura do Colégio Estadual Emílio Zuñeda


— Pavilhão Central, 16h30min

Ruídos (poesia)
Amália Cardona Leites

Nadar de costas (poesia)
Ana Christello

O não-dito (poesia) – Eliane Rubim

A velha do gato (prosa/poesia) Lucas Christello Mulazzani


— Pavilhão Central, 17h30min

Pasto (poesia) – Russel Moraes

Carpintaria (prosa/poesia)
Sila Silveira Bicca

Quando Cicciolina casou, tentei me matar (crônicas)
José Carlos Queiroga

...Serves a quem? (análise da ideologia de textos gramaticais)
Virgínia do Rosário

 

CESMA – Santa Maria

Conhecem a Fernanda Cardozo?
Pois ela é um amor.
Ligou dizendo que conhecia o filho de um filósofo de uma cooperativa ligada à cultura, a CESMA, em Santa Maria, coisa do melhor e tal, e que ele, o pai, tinha falado muito bem do Tratado em seu blog.

De fato, palavras estimulantes. Especialmente para quem mora em Nova Hereford, cravada bem aqui, olha!, no centro da fronteira-oeste, mas que os cartógrafos insistem em ignorar, assim como os críticos literários da capital (nem para desfazer de nossas bandeiras, enxovalhá-las, reutilizá-las como pano de chão... Nos últimos dias, inclusive, ando pensando em escrever um novo romance, mas dos chiques. Chamar-se-ia “Bucareste” e a trama toda aconteceria em Budapeste; entre Budapeste e Santiago de Compostela; Budapeste, Santiago e Passo Fundo, retomando o Lazarillo, aquele pícaro de Tormes, como personagem central).

Entrei em contato com o novo amigo, Ronai Rocha, e ele já colocou o Tratado outra vez no blog (ronairocha@mac.com).
E está propagandeando nosso Instituto Cultural José Gervasio Artigas (leiam mais a respeito logo abaixo).
E talvez possamos lançar (vamos poder!) os livros da Coleção Alfonsina (y el mar) e a revista Tudinha lá mesmo, na CESMA.

Achei interessante dar na rede a ótima notícia (alguns do Instituto andam cabisbaixos, tristes com a incompreensão dos endinheirados) e agradecer de público a deferência. Até fiz uns versinhos, no improviso:

Neste outubro, ou em novembro,
deapé, auto ou trem Minuano
(eu era piá, bem me lembro,
a estação num só abano,

e a emoção ou o balanço
do comboio me subia
e extravasava-se em lanço),
vamos pra Santa Maria!

 

Novidades

De novidade, novidade, nenhuma. Diante do formidável projeto do Instituto Cultural José Gervasio Artigas, tudo se anula. Então que, ao menos até sexta-feira, os eventuais leitores desta página, por favor, façam o dever do intelectual responsável e imaginem como ajudar-nos a erguer e manter rijo este monolito.

 

INSTITUTO CULTURAL JOSÉ GERVASIO ARTIGAS: RESISTÊNCIA POSSÍVEL CONTRA A REIFICAÇÃO GLOBALIZANTE

O Instituto Cultural José Gervasio Artigas nasce de um peremptório vazio que nos oca a todos, seres minimamente pensantes desta fronteira-oeste, secando sob o ozônio ditatorial da globalização. Somos uma associação civil, sem fins lucrativos, isentos de quaisquer preconceitos ou discriminações, não admitindo controvérsias de raça, credo religioso, cor, gênero ou político-partidárias em nossas atividades, dependências ou quadro social. Nossos objetivos principais são os de promover a cultura, “em todos os seus aspectos e por todos os meios viáveis operacionalmente”, como destacado no Estatuto Social. Queremos, com isso, amplitude que abarque o além fronteiras, especialmente na direção do Uruguai e da Argentina, nações irmãs no que podemos chamar de Patria Gaucha, sem excluir o latino-americanismo que, paradoxalmente, nos multifaceta e une. Pretendemos, neste outubro, publicar revista bilíngüe que nos faça ouvir tanto Brasil acima quanto América a lo largo. Nosso slogan, “Do Alegrete para o resto do mundo em volta”, é uma outra maneira de dizer quem somos e o tamanho de nossa saudável ambição. Regional, pero no poco. Funcionaremos em Núcleos temáticos e Núcleos locais (em municípios da região, estados da federação e ubicados fora do país), o que nos proporcionará a agilidade necessária para atuar em diversas frentes, estimulando diálogo, solidariedade e parcerias com entidades afins. O que são fronteiras que não convenções georeferenciais? Em época como a que corre, a tsunami ainda vai indo e nós já estamos voltando (a tempo, quiçá, de pará-la!). Não nos percamos, todavia, do páramo que é o pampa; de gerações e gerações de vagos ziguezagueando de porta em porta, sem a hospitalidade de um emprego fixo, de um afazer digno, sem a mais remota guarida na ancha palavra “cidadania”. Aqui é onde vivemos. Tudo começa aqui, e não é pouco; não é pequena a tarefa que nos cabe. Aqueles cinturões de miséria do Cyro Martins alargam-se, gradeiam o medo, estrangulam qualquer convivência civilizada. E não se trata de comer com os garfos certos ou, sequer, de possuí-los: trata-se da fome. Não é uma questão de ângulo, enfoque ou interesse, mas, sim, de sobrevivência da humanidade em nós; de preservar nos pequenos ranhentos à beira dos esgotos a céu aberto alguma expectativa de futuro. Se um dia tivemos tudo, coxilhas infinitas, a moldura do céu profundo, hoje, resta de horizonte um quase nada de mundo, e o mundo “é o nosso mundo”. Sejamos, pois, inclusivos, sem as amarras dos ranços. Nosso Estatuto é generoso o suficiente, veraz que chegue, isto é, “de um tudo”. Metodologia: a da pesquisa científica, tema a tema, Núcleo a Núcleo. Resultados: do que já sabemos, que somos os mais pobres da pobre Metade Sul, com IDH comparável aos do árido nordeste, para o que pretendemos, de alguma forma melhorá-lo pelo cavocar no conhecimento. Conclusões: a primeira, como dizia o poeta, que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”; a segunda, que não é pequena, com mais de 100 membros em um mês de existência, ô alma grandiosa!; a terceira, quarta, quinta... só a conjugação de trabalho e tempo poderá responder. E nosotros estamos prontos, podem tocar “a degüelo”.

 

Certo, exceto pelo que falta

De Noam Chomsky é o primeiro livro da Biblioteca do Instituto Cultural José Gervasio Artigas, doação de Arli Rubim: Poder e Terrorismo, Entrevistas e conferências pós-11 de setembro, Record, 2005, tradução de Vera Ribeiro.

O tom dos textos, já na introdução de John Junkerman, fica claro. Diz ele: "Com uma convicção inabalável, Chomsky deve ter repetido mil vezes sua tese de que não se pode abordar o terrorismo dos fracos contra os poderosos sem confrontar igualmente ‘o terrorismo não mencionável, porém muito mais extremo, dos poderosos contra os fracos’".

A folhas tantas, o criador da Gramática Gerativa Transformacional comenta a demonização de Saddam Hussein, que os apoderados e intelectuais de antolhos carimbaram de "o pior monstro da história", que usou gases tóxicos "contra seu próprio povo": "Tudo isso está certo, exceto pelo que falta. Ele realmente usou gás contra ‘seu próprio povo’ (na verdade, dificilmente se poderia dizer que os curdos eram seu povo), com o nosso apoio. Ele executou a operação Anfal, que talvez tenha matado cem mil curdos, com o nosso apoio." (Quando Noam diz "nosso", por favor, vocês de sempre, contenham a soberba, refere-se aos EUA, não a Alegrete.)

"Por que continuamos a participar de maneira crucial das mais graves violações contra os direitos humanos, inclusive as atrocidades?", questiona ele, e emenda, "Mas essa é uma pergunta que não se pode fazer". De qualquer forma, travesso, responde: "Na verdade, há uma forma simples de os Estados Unidos reduzirem de maneira muito significativa a quantidade de terrorismo no mundo, e que consiste, simplesmente, em pararem de apoiá-lo e de participar dele."

Há mais, muito mais deste que é, talvez, o mais lúcido dos cidadãos de nossa aldeia global. Tudo à disposição no Instituto Cultural José Gervasio Artigas. Até porque aportaram as vultuosas doações de Laerte Dorneles e Fernanda Reche. Doe você também.

Faça algo uma vez na vida do qual nada receberá em troca.

(Endereço provisório: Rua General Vitorino, 98, CEP 97542-310, Alegrete, RS, Brasil.)

 

Carta à Mãe
Minha mãe operou a catarata – e com sucesso.

Está triste, é compreensível, nunca mais será como o Jatobá.

Ainda que ele tenha sofrido um acidente de automóvel, totalmente inesperado, diga-se, cego e tal, dirige... E minha mãe, que abanava para as amigas e largava o guidón, gritando, “Estou dirigindo, estou...”, nunca conseguiu aprender, o pai trocava de banco e adeus-tia-chica.

 Passar no teste do Detran, o Jatobá deve ter passado. Não ia, sem habilitação, dar mau exemplo na novela das oito. Já chega o Rubinho domingo sim, domingo sim.

Gostei foi da humildade do Jatobá, que disse para a mulher, depois do capotamento, “É, Fulana, eu aprendi que não posso fazer tudo”.

Como não?!

Está provado: os cegos são a categoria que menos acidentes automobilísticos causam quando na direção. Enquanto vítimas, no entanto, são um desastre. Volta e meia atravessam-se na frente de um desses brutos de tala larga.

Ou seja, mãe: a carteira, agora, nem de óculos escuros e tateando, como o Woody Allen no filme... Babaus!

 

Las golondrinas
Fora de Alegrete por uns dias, exilado, portanto, baixa imunidade, down, ordenei, como Maiakovski: “Fechem, fechem os olhos dos jornais!”
E, alta madrugada, como minha vó, num dia de 69, o homem na lua, deslizei das cobertas até a geladeira e comi três bombons recheados de figo. Os triglicerídios, “Ah!...” Com razão. Não há nada como bombons de figo!
O diabo é que amanhece. E anoitece.
Da TV não escapamos, a sala fica no meio – “como a virtude”, oh, tempos!
Num soslaio, percebo: essa menina, a Sol, se vi bem, terá os joelhos colados? Será daquelas cujo vértice central dos membros inferiores son las rodillas, dois vês dali brotando, o de ponta-cabeça até a serifa dos pés, o outro até as ancas (em “forma de lira, a cintura de vespa”?, velho Menotti, velho, mas... nem isso), no meio, apertada, a mimosura?
Será, a Sol, daquelas sempre, por artes dos vês das pernas, como quem pede, “Ai, tô apertada, o das damas é ali?”, e envereda pra cozinha, a mimosura?... Num vu, pensamos em alertá-la, “Nã...” Mas, não, por quê? Deixemos, livre, mijar-se a vida.
Don Bagayo é que está certo e, nessas horas, afiando el cutillo, olha pro céu: “Sai, companheiro, quem mandou ser herbívoro?!”

10:38, escuto Cafrune, Las Golondrinas, que dizem adiós. Meu pensamento também se vai, a alma sangrando no entardecer. Vuelve, vuelve, vuelve, golondrina, vuelve del más allá.
Escarnecem de nosotros, estes, que apontam?
Aquele, o mais exaltado, não é o neto do ACM?...
No quieto, emocionado, reconheço o cantor lírico...
E os dos estúdios, o que pretendem? Botar o dedo na ferida? Qual? O furibundo fura-bolo, sempre de prontidão, verde de ranho e musgo (de porão)?... Chamem a saúde pública! Oswaldo Cruz!...
E os barbudos? Os cabeludos do sonho?...
Vuelve, vuelve... Bom que voltes, Galo Missioneiro. Temos tarefa por aqui, e osca. (Enquanto isso, La Pandorga e Instituto Cultural José Gervasio Artigas não se pronunciam oficialmente.)
Vuelve del más allá.

 

Clarobscuro
O homem arma o mundo com palavras
verbo na noite invertebrada

Ordena o caos, trabalha a pedra insólita, ergue a casa
e a luz, diamante, o anuncia

Conjuga os mais sublimes infinitos
como ungido por poder divino

Entretido com palavras caras: vida (morte), sonho, lucro
descuida das baratas

Mas são elas, obscuras, desde sempre
que carregam o que há de permanente   

 

Sucessão
Não sinto em mim
o macaco de Darwin
Não tenho filho homem
que leve-me o nome

Isto que existo
desacredito

 

PIB
A transa máquina
fuçando-fuçada
fuc-fuc acelerada
em sua busca automática
fuça-busca até que acha
e não se sabe o que acha
se dor, se o que sorri são lágrimas
não fosse máquina

Nossa falha
A escola mencionada no texto da semana passada (Atitude), aquela onde a professora passou em revista a tropa em busca de um celular, lembram? Pois é. Era municipal. Afora isso, o resto continua valendo.


Federalização
Ainda bem que ninguém entra nesta página, muito menos os bacudos de Bagé e Uruguaiana (por aqui, não temos disso). Melhor. Podemos dizer o que queremos, rápidas coisicas:
Se a dívida da Urcamp é impagável, duas opções para o governo federal: 1) fechar a maior instituição de ensino superior que temos; 2) absorvê-la. Como alegretense, prefiro a alternativa “2”, que não desemprega e não desampara os alunos, ao contrário, os contempla além de qualquer expectativa, isto é, oferecendo ensino gratuito e, certamente, de melhor nível (sem demérito para os atuais professores – muitos devem permanecer –, mas pelas condições mesmo que uma federal dá a seu corpo discente, não só de cursos, como também de estrutura). A UERGS não pretende ocupar este espaço, optando por um espraiamento de cursos pelo estado.
Quanto a Bagé (campus central) e Uruguaiana (apêndice da PUC), Alegrete vai, finalmente, ultrapassá-las, fazendo valer sua condição geográfica privilegiada. Logo os candidatos dos municípios lindeiros perceberão que é mais negócio estudar perto do que longe e, em breve, se não de direito, de fato, seremos o “campus central”. A maior procura pelos cursos, as salas mais cheias... “O que é do homem o bicho não come”, como diria o Baixinho Grillo. “Vamo que vamo”, acrescentaria o Xiruzinho Ubaldo, “deitando o cabelo, que nem um Tetanique...” Este é de morte! Viu o filme e se apaixonou pelo da Bündchen. Esperanças?...

Atitude
     “Os homens só querem ver meu traseiro”, declarou Shakira, a bela cantora colombiana, “criada por freiras em um colégio de mulheres” e que se veste de “maneira sexy” – algum problema?...
     Discutível afirmação, a do traseiro, pelo menos quanto ao verbo. “Ver”, sim, porque mais do que isso, embora pessoa pública, ela deve guardar para poucos. Mas há, sinto que há, um clamor geral para que reveja esta sua posição privatista, afinal, os ídolos são como estatais no imaginário coletivo – e do pior feitio, tipo casa-da-mãe-joana.
     Enquanto isso, Lasier Martins, em seu nobre espaço no Jornal do Almoço da RBS (03 de junho), achava liame entre a revista que uma vice-diretora solicitara fosse feita nos alunos, porque um deles tinha sido aliviado de seu telefone (aparelho, provavelmente, àquelas alturas, no bolso de outro), e a CPI dos Correios, que o governo manobra para abortar. Lasier gostaria que a revista não tivesse ocorrido e, claro, quer que a CPI saia.
     Os adjetivos usados pelo colega jornalista, os mesmos de sempre do rol da área política, no caso, do leque desabonatório, contra o governo federal, não guardei, por ocioso. Considerando a dualidade que caracteriza os embates em nosso estado, Lasier milita no campo anti-PT. Mais lógico seria condenar a atitude da professora e pedir providências ao governo do estado, uma vez que o abuso deu-se em escola pública estadual. Mas não. O inimigo, o PT está no Planalto, enquanto que o Piratini é ocupado por amigos. Na época do Fernando Henrique lá e do Olívio aqui, Lasier, via de regra, indignava-se ao contrário, fiscal com dedicação exclusiva dos atos do taura missioneiro.
     Aí me vem a pobrezinha da Shakira, que canta, canta e ninguém aguça os ouvidos, todos só olhos para seu traseiro – que não canta, ao menos em público. Que gente!... Foco totalmente equivocado.
     O Lula deveria, no mínimo, passar um telegrama para a moça, de solidariedade, talvez mobilizar o Itamarati, convidá-la para um duo sertanejo com o Gil... Afinal, a questão é o traseiro, mas não qualquer traseiro: trata-se do traseiro de uma quase-freira! Se o Lasier fosse presidente (ou alguém de um partido amigo), teria a sensibilidade que falta ao torneiro-mecânico. Como não percebeu a clara ligação dos fatos?! O celular roubado e a CPI...
     Não basta ser sexy para ser freira, a questão é de atitude.

 

Versos alegrinhos

(Para a Taís)

Gostei dela
no relance já
da janela.
A campainha, pensei,
não contou
desta visita.

Cristal rosa de chiclé-bola!
Olha só
a graça da guria!
No abrir a porta, Virgínia
(perdão),
era pra ela que abria.

(O troço, caroço do peito
osso roído, cárie
sem a carnadura do pêssego
então não dói, açougueiros?

Se se alegra,
e se alegra,
dói.)

Queria saber como eu era,
imagina!...
E eu nem sonhava que ela...

Caroço, milagre!,
brota,
e com pressa de sol,
a árvore.

(Pressa de sombra de árvore,
árvore sob cuja sombra,
árvore sobretudo sombra
onde nossa conversa triste, Gilmar,
restolhasse.)

Ah, Taís!
Translúcida como és,
reflorestamos
o planeta.

Não basta o raibã, a vista,
o olho do sol,
dardeja.

E como feitos de barro,
molengas e lacrimais,
uma gota e derretemos
(não somos santo de igreja

nem tampouco e muito menos!)...

 

Texto triste
     Afastado do jornalismo, às vezes pego-me cochilando diante da Globo e dou-me um susto daqueles. Nestes últimos dias, dois. Parte de mim que teima, esperneia...
     Maleducada!, quando um burro fala... Hein!?...
     sem nenhum respeito pela Fátima e o cônjuge.
     Quadrigêmeos, já pensou?!... Caminha pra dentro, sem respeito!...
     O chinelo cantando, fico no meu canto, acabo dormindo. Mas tem dias... Pum! Empacador e coiceiro.
     Adrenalina, ô rô rôsh!
     Andaram filmando escondido lá na selva uns que se faziam de mono – a trindade aquela, que nem é com eles, bocas, ouvidos, olhos se fazendo, mas, escondidos, escondidos, bá!... pororocas! – e pegaram todos com a mão na botija.
     Pra encurtar: recorreram ao juiz, imagem arranhada, se foi o tempo da arapongagem
     (e o da expiação, frise-se, ampla, geral e irrestritamente negociada, noves fora, nada),
     ficar espiando os outros é porno-imoral, ilegal, talvez lego-inconstitucional e, certamente, nem um pouco “republicano”
     (termo, atentem, que não deve faltar na usança discursiva da estação sob pena de desacreditá-los, discurso e discursador. Como “adrenalina” em certo estreito escaninho do zen-culturismo, monges dos músculos, radicais!, “O Himalaia ou nada!...” Como “demanda”, há uma demanda por... Como...
     “Como, como, fico cheio”, diz Rélisse, “Fico cheio e não tem jeito. Sou magro é de ruim.”
     E, vejam, Rélisse é um guri até que bom, só que a mãe tá sempre viajando e deixa o piá solto por aí. A tia aos gritos no pátio,
     “Rélisse Cuuuuuuuupereeeeeeee!”,
     coitada, as pantufas no barro, roto o roupão, e o inverno, aqui, já no outono é brabo).
     Então o juiz achou de impedir a veiculação das imagens. Pra quê?!
     Estão querendo de volta a CENSURA?! Estão querendo de volta a DITADURA?!
     110% do território nacional estarrecido. Se B & B dizem... Se na hora da janta, o tempo de comer rápido qualquer coisa porque a Sol e o Tião, na das oito, hoje não dá pra perder... Se dizem, está dito.
     Se dizem, está dito
     Como quando o Brizola perdia, perdia, meu Deus!, a cada urna o Plantão dava como certa a derrota do gaúcho que, impossível!, só ganhava nos outros canais,
     Malinformados!, antipatrióticos! (o Rio é uma infância!), subversivos!...
     Querem de volta a DITADURA!...
      E Brizola, numa peripécia sensacional, não é que o nosso de botas...
(“Como o outro, que gostava de fedor de cavalo! Decerto... Vai ver que é...”, esses, esses!),
     que o CAUDILHO, o neo, o neo-proto-GETÚLIO (querem DITADURA?!...) graças a Deus ganhou?!
     Como quando editaram daquele jeito o último debate para 110% do território, a presidência em jogo...
     (“Querem de volta os TUPINAMBÁS?! A DITADURA VERMELHA?!”),
     e, sensacionalmente, nos descontos e com a mão
     – até para insuspeitos bons entendedores de pesquisas –,
     conseguiram virar o clássico ao meio-dia perdido
     (hora sagrada pra quem tem fome, quando, panela no fogo, cabeça vazia, questão de oxigenação neuronal, coisa muito séria, foi ao ar a edição que fizeram do debate, diferente da da noite anterior, edição então DA-DA-DA, bilu-bilu, e nem eram quadrigêmeos!, DADA, tristes trópicos, totalmente Tzara, sem nenhum pé, o Saci, anotem, num só, ao menos pula e, pulando, ué, sais... escapuliu)
     para o triunfal, fenomenal, sensacional, mesmo, bota adrenalina!, desfecho, anos depois, a criançada toda rebocando a cara pintada, e o Chacrinha, tiau, as chacretes... As chacretes eram todas republicanas, abertas daquele jeito, e numa boa, talvez até socialistas.
     Republicanas, com certeza
     “Sou, de minha parte, um cidadão que sempre teve a maior admiração pelas chacretes,
     devo confessar, por mim que abiche!,
     a HISTÓRIA DESTE PAÍS muito no futuro há de dever... Quando começava ‘Abelardo Barbosa...’, a musiquinha... E olha que eu peguei a Dercy, o Cauby sem batom, o Carequinha, o Arrelia, recentemente falecido, ‘muito-bem-bem-bem’, quer dizer, não por... mas... Bá.
     As chacretes, num resgate por ventura, no futuro... aquele dito, passou, passou, mas, passou?...
     Acredito no POVO, na FORÇA DA UNIÃO, NO SONHO SONHADO SÓ, me fiz por mim mesmo, o pai e a mãe até tavam dormindo, taxiei e pumba!, mãe minha é sem sem-vergonhice, onde já se viu?”
     – como dizia o outro, entende? –
     “É que tem coisas que só se faz escondido... Então Deus não criava a moita, ora! Bato palmas pra coragem das moças...”
     O outro susto
     foi condenarem o Elias Maluco a não-sei-quantos-anos e ele ainda ficar brabo e sair dando banana pra câmera...
     Querem de volta a CENSURA?!...
     Maleducado!... Traficante, bandidão, tudo bem, mas maleducado?! Por isso é que faz tanta falta o Ibrain.
     Ainda bem que a emissora botou as coisas no lugar,
que foi um “MARCO” a condenação,
     Maluco ele, ela louca de EXEMPLAR!,
     demonstração de FORÇA da JUSTIÇA,
     vários jornalistas falaram confirmando.
     O colega estava, de certa forma, “vingado”, disse-me um, “quem sabe um entrevero no carandiru dele não acabava logo com a...”
     De um ponto de vista... Trinta anos, de fato, demoram trinta anos pra passar, não tem quem consiga aligeirar o cágado.
     “E depois”, pensou, enfático, “o Chico Pinheiro mencionou três agravantes, mas foram quatro. O principal deles,
     que a vítima era uma vítima da CASA,
     nem foi computado pelo juiz. Com mais uns dez aninhos, puxa!, o Maluco ia enlouquecer!... Bananas e bananas!... Não fosse a PROVIDÊNCIA...”
     Entendo.
     Os tríduos monescos costumam ser banguelas; cegos, surdos e banguelas
     (falam pouco, se aquilo é fala, enrolado de língua no oco imenso;
     falam como comem, quase nada, com a mão tapando as partes, alpistes, mingauzinho de farinha e água, banana, só amassada...
     Então, viva a providência!)...
     Porque, veja bem, há uma demanda maluca por...
     Agora mesmo, em Pernambuco, pegaram sete pessoas de suas casas, na calada, e saíram de arrasto, pau e pau com elas (um vizinho, incógnito, testemunhou ao repórter, “deram muito neles”, ou seja, calados, estes, não, tem gente – absurdo! – que apanha calado).
     De manhãzinha apareceram os sete corpos (uns – bandidos! – com as mãos amarradas) nuns matos, e com orifícios de bala pelo corpo todo.
     O vizinho, incógnito, revela que houvera altercação dias antes entre um dos jovens e um policial e que o mesmo policial e outro ficaram rondando por ali, para descobrir onde moravam os... as...
     Vítimas?...

 

Jatobá
Quando o computador pifa, muitos esmorecem, perdem a fome, não tomam banho, soltam gases em público – de efeito moral! –, simplesmente desistem de viver.
Conheço um que, na hora da mesa, justo na sagrada hora da mesa, declarou alto e bom som, quase gritando – não tem jeito, a Peteca está sempre com o rádio ligado, aqueles próximos discutindo futebol, carnaval, política, essas besteiras, mas embaixo das camas ela não limpa – ...rouco como estava, parecia o Pato Donald ao declarar que dali em diante não comia mais quiabo, não comia e pronto, nem adiantava discutir, “Viu mãe?!”, aquela gosma nojenta, pior que quiabo, só jaca, Deus que me perdoe, mas aquilo não é fruta, tem gosto de banana podre, de partes íntimas podres, Deus que me perdoe, podre!
Claro que a mãe ficou inconsolável. No “Viu, mãe?!” já baqueou, tiveram que chamar o Doutor Ludo, gineco e psico ex-qorposantiano, agora de linha psicográfica e peripatética – pouquíssimos hoje atendem a domicílio, e, se atendem, bá!, preparem os olhos de vidro porque os da cara já eram, vão direto pro isopor e então, Primeiro Mundo, em euro ou dólar, dá pra ficar rico se contabilizarmos os órgãos internos, este, sem dúvida o melhor nicho da informalidade, tem quem envie tudo junto, com pernas, pés, braços, como se estivessem negociando galinha diretamente no galinheiro, com pena, poeira e corócócó, descuidando de que (Ford explica nosso atraso!) o mercado exigente quer a coisa já em si, olho-olho, rim-rim, ninguém tem tempo pra olho-cabeça ou, pior, olho-qorpotodo, pra que então o enorme gasto com as células tronco?, pra bonito?, ora... se são uns micróbios de tão feias? –... o bom Doutor Ludo que, já no exame clínico não achou as trompas de falópio, o apêndice, as amídalas... menos mal que confirmando que as palpitações no peito, “em contrapartida”, eram um bom sinal, pois, doutoreou-se, “Ali fica o coração!”, agora, se palpitasse nas coxas ou nas nádegas – e imediatamente entregou-se à minuciosa pesquisa, mas não, a próstata estava “Uma nozinha, perfeita”, nem se notava e, para uma mãe, não era caso de pré-natal, sequer de UTI pediátrica (como a de 10 anos e 30 quilos que deu à luz recentemente na selva da Metade Norte).
Mães, “ninguém o ignora”, não admitem que os filhos não gostem da comida que fazem, por isso ficam meses amamentando, aquerenciar o bichinho, ora! Pior ainda neste caso, porque quiabo era que nem melancia, não entrava em casa, ela, aliás, não lembrava de uma única vez que tivesse preparado guisadinho com quiabo, o que era gravíssimo: se o filho recusava-se a comer o prato que não fizera, por certo, veladamente, criticava o tempero dos pratos que fazia – e só pra ele, ingrato!, só pra ele! –, distraindo-se no sal, na pimenta, estava mesmo com as hemorróidas todas pra fora, que nem aquela flor rosa de pétalas túmidas que dá em banhado, embora na última semana, por conta disso, tudo o que botava na mesa sabia a chuchu, e chuchu, como até o Vô Adolfo – que não tinha olfato – sabia, não fede nem cheira.
Um tranqüilizante e um supositório resolveram o caso da mãe, mas o do filho, computador pifado, necas. E queria ser astronauta, hein?!... Não teve remédio, viciado em tela que se mexe, sentou de braços cruzados diante da novela quando... Puxa! Tem um cego andando pra lá e pra cá com um pulguento, o Jatobá, que enxerga mais do que o Hubble, parece samurai medieval, um Zatoichi do Takeshi (Kurosawa é morto). Teve um estalo. Não comera a gosma da mãe, pai de matar já não havia, se é que houvera, fim de noite, anos 70, escuro estroboscópico, Lucy no céu de diamantes, flauer-pauer, uudistóqui, rer, roti-coafir... Mas os olhos, os olhos ninguém o impediria de furar. Se o computador pifou, muito bem, não ia ficar só no quiabo, agregaria um plus ao seu ato de rebeldia, estava decidido: assim que crescesse – mais um pouco, só tinha 33 como o outro aquele, de camisolão –, queria ser como o Jatobá. Não era só a Internet, com suas mensagens com mensagens animadas, a TV também. Nem tão antiga era, afinal, ainda tinha lá sua utilidade, como a algazarra do rádio na hora do almoço, e sentiu-se forte, vigoroso para atirar-se à palha, escarafunchando como um tatu taxidérmico atrás da bendita agulha, embora desconfiado de que, casa de ferreiro, espeto de pau, mas, por outro lado... sem a TV... antes, sem a algazarra do rádio, gritaria?...

 

O Neto Novo
     – Meu neto novo já diz um monte de coisas, "brum" é carro, "ma" é caminhão, "uuuu" (acompanhado da mãozinha imitando vôo) é avião, "pa" é pomba... E entende tudo. A gente pergunta, "e a lua?" e ele já olha o céu, procurando, "quantos anos tem o nenê?" e ele sorri e mostra um dedinho... Um ano e pouco...

     – Tu devia era ficar faceiro, um Rui Barbosa dentro de casa!

     – Sim, mas ele me chama de "Bobô".

     – Bobô, como aquele baiano que jogou no São Paulo?

     – É...

     – Bá. Não jogava nada.

     O avô ensimesma-se, fica redemunhando com a cuia, meio vitrificado lá com seus pensamentos. O amigo compreende:

     – Tchê. Passa o mate. Não te preocupa, esse guri tá é te gozando.


Haicaizinho
Vossa Excelência é fantástico!
É assim como uma flor de plástico
No jardim da inteligência.

 

Espírito Livre
Escreve-me do Uruguai meu primo e presidente honorário da Patria Gaucha. Traduzindo:

"Não sei como vamos poder resistir a esta sucessão de tragédias. Começamos com nossa Terri Schiavo, logo o Papa e agora se nos vai Rainiero, tudo
em meio às segundas núpcias de Carlos. Não há coração que possa agüentar tantas emoções. Um abraço a todos, Pepe."

Pepe Fernández, el nombre del hombre, sucessor de Artigas e PhD nessas coisas internacionais, especialmente vaticanas, estudioso da Opus Dei... Se Pepe está desolado, imaginem nós, que em seu ombro amigo sempre repousamos nossa cabecinha cheia de dúvidas existenciais, metafísicas e, mala suerte, camerlengas.

Aqui no Brasil, notícias desencontradas transtornam nosso raciocínio escolástico-cartesiano. Pra garantir, logo que anunciaram a coisa, disse a todos em casa: se ligarem, não estou, principalmente se for alguém com sotaque corleone. Quando menino, enquanto meus colegas sonhavam com a Apolo 11, eu queria ser Papa, mas, vocês sabem, são coisas de criança e passam, como o sarampo. Tenho medo de avião, enjôo em navio, não uso camisolão e a Praça de São Pedro é grande demais para um agorafóbico.

Aos fatos. No sábado passado, enquanto as imagens mostravam comoção geral, retrospectiva do papado do Santo Padre, cardeais sorridentes, o Bonner insistia em dizer que ele "voltara para a casa do pai". Bueno, pensei, piorou. Mal das pernas como estava, voltar à Polônia seria uma temeridade, a menos que... Claro! A menos que uma conspiração em curso o obrigasse! Como a que derrubou João Paulo I poucos dias após assumir o trono. Falou em dividir a riqueza com os pobres, a começar pela Igreja, pronto, foi o que bastou. Nada de UTI, enfermeira, sopinha de arroz... Deram com o martelo de prata na testa do coitado.

Mas este, JP II, parecia entender-se bem com a ala conservadora (em formol), pois não lhe faltaram tubos com os sagrados elixires da vida eterna milagrosamente ainda não patenteados por alguma multinacional de placebos. "Vida eterna, como? Não morreu?", altera-se Don Guinchón, visivelmente irritado por nenhum pasquim tê-lo citado como papável. (imaginem! Nem pai foi, quanto mais Santo Padre!..) Eu escondendo-me de uma, bem dizer, vocação, e ele...

Mas a questão é esta: morreu? "Retornar à casa do pai" deve ser considerado uma espécie de eufemismo cristão ou não tem nada cifrado e significa apenas o que no bom português diz. Don Guinchón, atento: "Eles não falam em português. O corleone é neo-latino, mas não exagerem, blasfemos, bruxos!" Don Guinchón está a vinho e hóstia há uma semana, o estômago já deve de ter embrulhado, agora, pra desembrulhar, cheio de fitinhas e apliques "pra presente"... bota ressaca!

O bom filho "à casa torna", está escrito, e, também, "todos os caminhos levam a Roma", vide a multidão lá acotovelada, caso, inclusive, de polícia, a Guarda Suíça, notoriamente neutra, tirou os cavalos da chuva. Ditos controversos, nem na tradição podemos confiar. O Papa, porém, faz o caminho inverso de Roma... "Inverso de Roma, amoR!", exclama Don Guinchón, visivelmente despeitado.

Perguntamo-nos, preocupados com a íngreme viagem até Cracóvia: desportista e ator antes de dedicar-se às agruras pontifícias, como beijar o chão imundo de tudo quanto é aeroporto, Karol não estaria, talvez, fingindo na bênção de Páscoa, exagerando seu Mal de Parkson à janela apenas como manobra diversionista, antevendo seu "Mercader" com o terrível martelinho de prata, pé por pé, aproximando-se da cama papal?

Perguntamo-nos, porque há precedentes. Kat Hepburn, ganhadora de várias estatuetas da Academia, deve uma delas à magnífica atuação tremelicante em Num lago dourado, contracenando com Henry Fonda em seu derradeiro filme e com Jane, a mimosa barbarella. Todos sabem que os Fonda são pessoas difíceis e Henry não parecia inclinado a perdoar a filha, ainda que não soubesse do quê. Pois Kat sofria de Parkson, mas não com aquela intensidade visivelmente fílmica que emprestou à personagem nas duas horas de sessão, nervosíssima com a teimosia do velho.

Karol era um ator medíocre se comparado a Kat, como Sumo Pontífice, no entanto, até Albert Finney teve que conceder, "O homem, no papel de Papa, esteve incrível! Ele, incrivelmente, parecia São Pedro reencarnado! Incrível!" E Finney é deveras vaidoso, como Charles e todos os ingleses bonitos.

Don Bagayo y Balurdo pede um aparte pare acrescentar que "Hepburn tinha realmente o Mal de Parkson, o que, mutatis mutandis, seria o mesmo que aventar um suposto ateísmo do Papa (Don ByB cita Umberto Eco que, em conversa com um amigo católico, ouvira dele, "Este João XXIII deve ser ateu, tanto que gosta das pessoas", algo assim), fazendo de conta que era o que era quando, na verdade, só o tremor – e apenas uma parte dele – correspondia ao patológico, portanto, a bênção deixou de ser dada por diversionismo do polonês, adredemente preparando sua fuga para a casa do pai, não esqueçamos que foram eles que inventaram o corredor, logo, era só sair correndo que lá daria..."

Se pudéssemos examinar o corpo exposto à visitação pública no Vaticano... Percebam como está rígido, parece um boneco de museu de cera. "E não fede, nove dias, quem agüenta?!...", calcula o Milanesa. E então?!... Por que diabos somos assim tão sentimentais? Por que só pensamos o pior?...

Mas não há de ser nada, querido amigo Pepe, a essas horas ele já deve ter chegado a seu destino. Deus foi beat como Kerouac, Ginsberg, Jesus... Ele não recusaria carona a nenhum espírito livre.

 

Altar íntimo
Liz era mais velha, experiente, já estava nos EUA (vide Crônicas Cinematográficas), tinha fugido do Richard (Ricardón, em idioleto quíchua) pelos telhados de Shakespeare, megera indomada, e eu, em Alegrete – a bigapple fronteiriça! –, "nou, iés, aiminotspiquinglish".

Oká. Oká. Peguei emprestado as fitas do curso que a mana Irisnéda tinha na gaveta...

(junto com o aparelho dentário que só usou no primeiro dia, moda que incomodava, e dos óculos, que nunca usara e que a mana Bancamaria botava nas bonecas, mas não adiantava, "São cega, mãe!", porque brincava de jogá-las da janela e elas nem voavam e caíam de cabeça, lentes boas, não fazem mais lentes como aquelas com que mirávamos o mundo nos anos 60, tudo binário... Roberto e Erasmo, Leno e Lílian, Renato e seus bluquepis... Onde terá ido parar o Renato com aquele monte de bluquepis?... E nesta desparceiração de hoje-em-dia...)

...e, sem tempo a perder, em negócios de amor, um segundo... A moça tinha feito promessa de desbancar o Henrique VIII, então eu:

"I am José Carlos, You are Liz, my love Liz." Aiem, aiemm...

Só que o inglês, todo mundo sabe, é uma língua boa pra música, a gente escuta, Bob Dylan, Beatles, Stones e não entende nada, mas dá uma emoção... Ah!... Deixei as aulas, pra quê? Mais um evadido neste país de analfabetos.

"Se tu não sabe inglês, vai trabalhar no quê?", picavam-me.

Superficialmente, no entanto. Eu não tinha o trabalho como um projeto de futuro, a não ser a longo prazo. Enquanto isso, viveria de amor.

Doces sonhos, cueca melada. Marilyn já me deixara na mão, e Liz, namoradeira, desiludiu-me. Até com o branquelo do Michael Jackson andou! Acabrunhado, só me resta o coelhinho:

Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mi?

A Hale, a Connoly, mais a Melanie!

Coelhinho, é pouco, meu bobo dói-dói.

A Luma, a Antonnella, o plantel da Playboy.

Coelhinho, de postre, jo quiero Nicole.

Mui bien, mas cuidado, que o Cruise te engole.

Coelhinho, então tloca, dá a Jessica Alba.

Mas essa é do buque do véio de balba.

Coelhinho, é a Selima, de um filme de mato.

Em mato, não posso, vai gritá o sindicato.

Coelhinho, o filme, "Dicionálio de Cama"...

Ah sei. Mas não posso, esta Alba me ama.

Coelhinho, coelhinho, eu tô te pedindo...

Dou cem sem tirar, que horas são?, já vou indo...

Coelhinho, coelhinho, rarai, isnifi, isnifi, isnifi.

(Dá prele um do Coelho ou do Kipling... The If.)

Coelhi.....

Mas já vai longe o lebrão, direto pro ni onde, decerto, o espera Alba, Selima, a selva toda nela, maravilhosa e sem o cosquilhoso dessas de butique.

E pensar que, no Brasil, são feitos um milhão de abortos clandestinos/ano, 25% dos quais resultando em internação da paciente por conta de complicações decorrentes da iníqüa lei terceiromundista. Dia oito último, orei por elas com a fé emprestada de minhas muitas mulheres, todas saudáveis e com meu retrato no centro dos respectivos altares íntimos.

 

A arte da crítica
O melhor dentre os melhores é o meu amigo.

Quais frechas, chovam sobre mim, envenenadas,
As farpas ásperas das mais torpes palavras.

No peito mato, escudeiro, o termo índio.
O melhor, nem que não o seja, é o meu amigo.

Inda que os versos, descartáveis, sujem fraldas,
Cambitos frouxos, a prosa fossilizada,
De meu fortim, balouço o fiel, peso o equilíbrio.

Se é meu amigo, falto, falho, é meu amigo.
E, sendo meu, falem...

                               e ver-se-ão comigo!

 

 

Bola pra frente, muchachas!
     “O homem ocupa o mais alto posto na cadeia animal; é o general do carandiru. Já a mulher, fala, fala e ninguém dá bola, pois, todos sabem, não joga nada.” Estas – traduzidas – foram as últimas palavras do ninja OBdúlio, decerto afilhado de nosso algoz uruguaio em 50, ditas no campo de batalha, a sacrossanta cama redonda de um motel qualquer onde o OB refestelara-se com uma brasileirinha gasguita e fumava seu mata-rato com modess. Pereceu soltando fumacinha em forma de ânus, que evolavam-se, pútridas, perdendo-se na nudez espelhada – obscena, esponjosa, o OB um chancho e a guriazinha como que pedindo penico pra vida, nonatinho encolhido. “Onde já se viu?!”, estranha Don Guinchón, “Dia 8 a Hebe faz aniversário, e a Hebe... Já viram as pernas da Hebe?”
     Por isso temos que guardar distância, beibis... Nós, que somos, cada um a seu modo – eu e minha barriga prematura, de sete meses –, mulheres, mães cá com nossas idéias de abraçar o mundo, niná-lo... Temos que guardar distância dessa coisa ninja fumacenta, escondida. Mas também nada de flor! Flor de cemitério, essas com data marcada. Bola pra frente, muchachas, que, como dizia Don Bagayo y Balurdo, “aquí me caigo y aquí me levanto!”

 

Bota bucha!
     A cerimônia de entrega do Oscar está cada vez mais chocha. Dos números musicais, marca de Hollywood, nada – e nem exigiríamos o Fred Astaire redivivo. Lembro, de uns anos atrás, uma apresentação do Paul Simon cantando sua world music com base percussiva africana, sapateado, vocal lembrando um gospel das savanas, “irado”, como diria meu neto de um ano e pouco, se falasse algo mais do que “Bobô” e, vá que seja, “Mãmã”.
     O rapaz que apresentou a festa, da turma dos “arregalados”, não tem nem a postura nem a experiência, nem o talento de Whoopy Goldberg ou Steve Martin ou Robin Williams ou Billy Cristal, para ficar nos últimos contumazes. As piadas continuam americanas para americanos, ainda que gabem-se de chegar em cento e não sei quantos países... Pra quê?... O pior: algo dá pra entender, pena que não pra rir.
     Jamie Foxx, que vi no papel de um motorista de táxi de Los Angeles, carregando Tom Cruise pra cima e pra baixo enquanto ia matando suas encomendas (despique pela Nicole, que nem-te-ligo pra suas desesperadas investidas?...), papel que lhe rendeu uma indicação como ator coadjuvante, certamente estava bem melhor do que Morgan Freeman em Menina de Ouro. Só não ganhou porque, como Ray Charles, bueno: se Ray fosse vivo (e não desprovido de visão), levaria um susto ao ver-se com muito mais propriedade no outro, que até piano toca, sacolejante e careteador. Deus estava reservando algo melhor para ele, como diria o Baltasar, centroavante do Próprio e do Grêmio, após ter errado dois ou três gols da marca do pênalti. E, então, Fox levou o de melhor ator.
     Hilary Swank, como a boxeadora de Menina de Ouro, ganhou o Oscar de melhor atriz; Cate Blanchett, o de coadjuvante, pela Hepburn que encarnou em O aviador, cinebiografia de Howard Hughes dirigida por Scorsese (que saiu sapateiro de novo, maledetos, estes da academia!... Em todo caso, Eastwood é sempre bom). Mas, e Annete Benning? Perdera para a mesma Hilary anos atrás, a guria em Meninas não choram (ou seria Meninos...?), Annete em Beleza Americana.
     Poderiam muito bem ter compensado a – como diz o meu neto de 13 anos, alto e bom som – “cagada” anterior. Preocupo-me pois percebi, bastante nítidas, as rugas no pescoço (de Modigliani) da Benning. Terá nova chance? Gostaria de vê-la no palco, chorando, agradecendo pelo fálico carecão... Uma pintura de mulher tão só com o brilho alvar de sua “pel” – como diria o Arlênio, bailarino e retovado –, imagina tapada de jóias e, Deus!, com o acréscimo dos diamantes lacrimais!
     Ruim foi Mar adentro ter ganho como o melhor filme estrangeiro. Agora, todo mundo vai pensar que copiei o nome!!! Não copiei: maradentro é outra coisa, assim, mais embutida. Quanto ao filme, só pelos breves segundos que nos permitiram ver, Javier Barden, calvo e tudo, grisalho, de fato, está soberbo. Ao menos naqueles segundinhos, bem parece um senhor sinceramente empenhado em morrer – detalhe importantíssimo, pois se trata de um caso real, embora o cineasta seja espanhol pós-Almodóvar.
     Bom, sob todos os aspectos, o prêmio para a canção de Jorge Drexler. Uruguaio já conhecido de nosotros, por los regalos dos primos salteños, Pepe e Esther. Depois da fama em Alegrete, só mesmo o mundo, quiçá os universos intangíveis... Ridículo, o Banderas, interpretando a música feita para embalar os sonhos do jovem Guevara como se fora una cosa caliente, dando-se sopapos frenéticos com as mãos... Quema, chico?... Quema?... Lo mejor de Banderas es Melanie, não adianta!
     O sensaborão que fica da coisa toda, enfim, para nós de meia-idade, parece-me que bem explicita-se na proibição à performance de Robin Williams, que mencionaria um personagem gay... de desenho!!! E, claro, principalmente, na intervenção do presidente da academia, que rendeu homenagem aos pracinhas, aos pracinhas americanos que estão defendendo o país não sei onde e mais onde e mais onde. O sensaborão, nem tanto por este patriotismo bem deles, às vezes estúpido, mas pelas vaias faltantes; faltaram as vaias impedindo-o de perpetrar seu discurso de bandido de bang-bang.
     Vendo Tim Robbins e toda a trupe dos nossos quieta, quieta ouvindo as bullshits do presidente, lembro-me do início dos anos 50, de um certo senador americano, da terrífica “caça às bruxas”, Dalton Trumbo, Johnny vai à guerra, tudo assim, associado, compreendem?... Isto me fez tremer o queixo. Bota bucha!


Plágio

Leio que existe um filme Maradentro, só que separado, espanhol, concorrendo ao Oscar. Vou à locadora e, de fato, tem. O pior: o filme é maravilhoso. Javier Barden e o elenco todo estão supimpas. De alguma forma, lembrou-me Os ratos, romance estupefaciente do Dyonélio Machado. Naziazeno correndo pra cima e pra baixo atrás de algum que caia do céu e eles, no bar, bebendo, trocando queixas, a mesma espera. E há um morto e sua biblioteca.
Só que é o seguinte: o nome não troco! Pensei-o antes. Eles que troquem o do filme!

 

Plágio II
Leio que existe um filme Maradentro, só que separado, espanhol, concorrendo ao Oscar. Vou à locadora e, com pressa, acho o Javier Barden e trago a fita. Assisto com meus amigos Totoca e Arlênio. Ótimo. De alguma forma, lembrou-me Os ratos, etc, etc...
Ligam-me os dois, que leram neste espaço, etc, etc... “E o filme não é o Mar Adentro coisa nenhuma, este ainda está nos cinemas. Vimos foi Segunda-feira ao sol, excelente!”
Então que o nome, agora mesmo é que não troco! Pensei-o antes. Eles que troquem o do filme!

 

Diálogo
– Esses dias vi um filme que nem te conto!
– Então, tá, me deixa ler. Não conta.
– Mas eu quero contar, antipático! Agora não conto mais, estúpido!
– Ótimo.
– Esse teu livro... grande coisa deve ser... ... ...Não vai falar comigo? Pois eu vou sair e nem sei se volto.
– Tá.
– O quê?! É assim que tu me trata, depois de anos de namoro?! Animal!
– Eu nem ouvi direito o que tu disse, o livro...
– Se fazendo de surdo?! Então, todos esses anos, eu falei foi com as paredes?!
– Agora mesmo é que eu vou... ... ...Tu não diz nada?!... Porco! Tu parece um porco sentado aí, essa tua barriga... Parece uma porca prenha, dá até nojo...

_____________

Puxa! Mal saí do marolão e agora isso... Não contei?... É que não há nada pra contar. Só que, lost lá pelo Índico – e sem a spalding com que conversar –, peguei um baita dum ondão.
Estava assim, na crista, quando alguém gritou “Terra à vista!”, nem deu tempo, “Terra aonde?”, ia-se mais aquele bonde? Então... Só ao chegar em Miami, da circunavegação, disseram-me, “O tsunami!”, e eu, “Não!”, e eles, “Yes, animal!”, e eu, “Não! Não! Nem levei a digital...”
Náufrago, sempre fui – “Quer ser Tom Hanks, pfui!...” –, e surdo, ensinou-me Don Bagayo y Balurdo, “ Não dá bola”, “Mas eu não tenho a bola!!!”... Muito bem, fala, Don: “Entre Tom e Tom, melhor o bonito! Mais vale, memorável, a Nicole do que o doirado oscarito.”
E vou-me maradentro. Engarrafado, mareado, a barlavento...

José Carlos Fernández Queiroga © 2004 - www.lapandorga.com.br
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